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sexta-feira, 12 de junho de 2020

GENTILEZA e Boa ação - Uma para cada dia ...


  • Até na vida mais caótica há espaço para a gentileza cotidiana.
É um dia comum da semana e estou equilibrando as tarefas rotineiras no meu escritório de casa: pesquisar, escrever, telefonar, lavar umas peças de roupa. Em meio às tarefas, uso minha rede de e-mails para ajudar uma mãe a encontrar um cachorro que recentemente mordeu seu filho. 

Atravesso a rua para resolver um problema no computador de uma viúva idosa. Bato a massa e ponho no forno um tabuleiro de bolinhos de chocolate a serem doados a uns vizinhos bastante reclusos.

Nenhuma dessas ações demora muito, é difícil ou cara. Não faz tanto tempo assim, eu me surpreenderia ao ver como é fácil dar uma mãozinha, alegrar o dia de alguém ou fazer a diferença. Mas não mais, porque cumpri a meta de fazer uma boa ação por dia durante 50 dias seguidos. Serei algum tipo de maria-mole sentimental? De jeito algum. Uma boa ação por dia era um conceito assustador? Pode apostar que sim.

Quase todos os meus dias são caóticos. Sou mãe em tempo integral de Emily, hoje com 10 anos. Meu marido Ian e eu trabalhamos o dia inteiro. 

Quan­do não estou à mesa ganhando a vida como redatora autônoma, estou cozinhando, limpando, pagando contas. Levo minha filha à escola, aos ensaios do coral e às aulas de natação. Dou assistência diária ao meu marido, que é tetraplégico. Como a maioria das pessoas do planeta, meu tempo é curto e preciso controlar os gastos.

É uma triste realidade que tantos de nós estejamos ocupados demais para contribuir com a comunidade ou com o mundo em geral. Durante anos, também acreditei ser preciso muito tempo, dinheiro e energia para de fato fazer a diferença.

Mas tudo isso mudou quando comecei o projeto de uma boa ação por dia.

Em meados de 2006, fui inspirada por vários desafios pessoais de alto nível, como o Projeto Julie/Julia, no qual uma blogueira escreveu sobre preparar 524 receitas de Julia Child em um único ano – e inspirou o filme Julie & Julia. Pensei num desafio parecido para mim.

A minha filha foi a principal inspiração. Ela já sabia que sustentávamos uma menina que pretendíamos adotar, no Egito, que doávamos as roupas usadas, que dávamos dinheiro a quem pedia de porta em porta para instituições de caridade. Mas eu queria lhe mostrar que podíamos ir além e resolvi fazer uma boa ação por dia durante 50 dias.

Na primeira semana, não tinha certeza de que conseguiria. Procurei ideias na Internet. Quando saía para ir a reuniões, fazer compras ou pagar contas, procurava possíveis atos de gentileza para cumprir a cota diária. 

Certo dia, retirei os carrinhos de supermercado da vaga de deficiente físico do estacionamento. Outro dia, guiei um cego na estação do metrô. Ele sorriu ao me agradecer.

Por vezes, tive de me esforçar para encontrar algo gentil a fazer, o que me obrigava a sair da minha zona de conforto. Levei flores do meu jardim para um asilo local. Catei o lixo da pracinha, com uma vergonha desconcertante das outras famílias que assistiam. Só espero ter provocado boas ideias nos outros...

Mas, alguns dias depois, descobri que era mais fácil do que pensava. Fiquei me sentindo quase culpada pela pequenez, pela simplicidade das boas ações que fazia. Eu as encaixava na nossa vida corrida da maneira que me convinha. Mas não era essa a questão? Mostrar que as boas ações não têm de ser desgastantes? E, embora quase tudo o que fazia fosse coisa pouca – não fundei um orfanato nem salvei uma vida –, no fundo eu sabia que era importante.

É claro que boas ações também têm os seus riscos. Certo dia, no trem, fui me agachar para catar jornais quando uma mulher passou correndo e bateu com uma bolsa enorme no alto da minha cabeça. Voltei para casa com a cabeça doendo, mas ainda com a sensação de missão cumprida. 

Outras boas ações não deram certo. Tentei doar sangue, mas, depois de muitas infrutíferas espetadelas em minhas veias inadequadas, me mandaram de volta para casa. Outra vez tentei dar comida a uma pedinte, mas fui rejeitada porque ela era vegetariana. (Em vez da comida, aceitou de bom grado algumas moedas.)

Mas algumas boas ações assumiram vida própria. Procurei meu professor de redação criativa do ensino médio e lhe mandei uma carta para agradecer o encorajamento que me dera havia tantos anos. Ele respondeu com um bilhete entusiasmado e reacendeu uma amizade duradoura.

Toda noite, à mesa do jantar, eu descrevia a boa ação do dia para Emily e Ian. A ideia pegou, e logo estávamos trocando histórias. Minha filha falou da catação de lixo que motivara na escola. Meu marido descreveu como ajudou uma velhinha que caiu na calçada: pediu a um passante que ligasse para a Emergência e ficou consolando a mulher enquanto não chegava ajuda. 

Até o meu pai deu um telefonema interurbano para contar a estranha boa ação que fizera naquela manhã: interrompeu seis pistas de tráfego num cruzamento da cidade para que uma pata atravessasse a rua com seus dois patinhos!

Emily começou a dividir o que eu iniciara como missão pessoal. Na volta da escola para casa, foi até o vaso de gerânios do vizinho, que caíra com o vento, e o endireitou. “Foi a minha boa ação do dia!”, exclamou. Outro dia, ela me ajudou a recolher doações dos vizinhos para a central de distribuição de alimentos. Levamos os alimentos até lá e, quando fomos embora, Emily anunciou pomposamente que algum dia queria trabalhar lá.

Na última semana, vi que eu também mudara. No início, eu não estava totalmente convencida de que conseguiria fazer uma boa ação todo dia. 

Agora era quase automático. Sentia-me mais atenta ao que acontecia à minha volta, ao que precisava ser feito. Experimentava uma responsabilidade maior para agir quando via necessidade, em vez de fingir que não era comigo. De certa forma, percebi que tinha acordado.

No 50º dia, me dei parabéns por ter vencido o desafio. Conseguira! O mais importante foi aprender que três quartos das minhas boas ações levaram menos de 15 minutos. Três quartos delas não custaram dinheiro. Ainda assim, sem dúvida esses atos causaram impacto.

No 51º dia, para minha surpresa, me senti obrigada a jogar fora o lixo deixado num banheiro público. Na verdade, os 50 dias de boas ações haviam criado em mim um hábito que não perdi desde então. Hoje, faço muito mais boas ações do que costumava fazer, e o restante da família também.

Quando falo das minhas 50 boas ações, costumo ouvir histórias de gentilezas e caridade que outras pessoas fizeram.
Parece que a maioria de nós se emociona quando é capaz de fazer algo de bom para alguém.

Por que temos essa vontade tão forte de ajudar os outros? Uma teoria diz que as pessoas mais atentas e carinhosas têm maior probabilidade de criar bem os filhos até a idade adulta do que as que só fingem ser assim. Segue-se que a evolução favorece os mais bondosos e gentis.

Gosto dessa ideia. E agora sei que todos têm em si a capacidade maravilhosa de fazer uma boa ação por dia!

 Um mês de sentimentos bons:
  • 31 boas ações
 1. Cumprimente um estranho.
2. Deixe o jornal na porta do seu vizinho.
3. Ponha uma moeda num brinquedo infantil que está prestes a expirar.
4. Visite alguém doente em casa.
5. Doe roupas usadas.
6. Ajude uma mãe ocupada a levar as compras até o carro.
7. Seja um bom ouvinte para quem precisa falar.
8. Limpe as pichações de algum lugar público.
9. Leve um café fresco a um policial.
10. Disponibilize-se a ajudar um casal que acabou de ter filho.
11. Segure a porta para quem vem atrás.
12. Ceda o lugar a quem tem mais pressa que você num estacionamento lotado.
13. Pague a conta de quem está atrás de você na lanchonete.
14. Doe sangue.
15. Doe material de artesanato para uma creche.
16. Cate o lixo de um lugar público.
17. Seja voluntário numa casa de repouso para idosos.
18. Deixe uma gorjeta generosa para o garçom.
19. Tome conta do filho de alguém.
20. Mande um bilhete de apoio a quem passa por dificuldades.
21. Doe livros a uma escola.
22. Recolha dinheiro com os amigos para uma instituição de caridade.
23. Seja mentor de alguém no seu campo profissional.
24. Ceda o seu lugar a alguém no transporte público.
25. Ajude a distribuir sopa aos pobres.
26. Telefone para (ou visite) um idoso que more sozinho.
27. Faça uma doação on-line a alguma organização não governamental.
28. Leve para o escritório uma caixa de biscoitos ou chocolates.
29. Escreva uma carta ao supervisor elogiando um funcionário público que trabalha direito.
30. Dê comida a um sem-teto.
31. Dê carona a quem não tem carro.
  • Revista Seleções

domingo, 30 de junho de 2019

Vida é algo que começa quando descobrimos que estamos vivos.

Não basta apenas existir neste mundo, também é necessário viver. 

O homem que vive está no presente, este descobre a verdade da vida e passa a existir e viver. O homem do passado está morto em um tempo que passou, apenas existe no tempo presente. O homem do futuro não vive, ele existe como um fantasma a espera de viver o tempo futuro. Há muitas pessoas que existem e nunca vivem, elas morrem sem viver e descobrir a vida. É fundamental para o homem descobrir a verdade da vida, assim, ele existirá e viverá o presente, tendo uma existência muito melhor após compreender e aprender a viver. Como sabemos, de coração, todos nós devemos morrer um dia, mas a morte sempre virá cedo demais para o homem ou a mulher que tem uma intensa sede de viver. É bem melhor ser rico de espírito do que em bens materiais.
  • Será que precisamos de uma filosofia de vida?
Imagine-se chegando a nossa galáxia, a Via Láctea. Durante milhares de anos você voa sem rumo entre as estrelas e os sistemas solares. De vez em quando, gira em torno de um planeta — sem enxergar o menor sinal de vida. Você já está prestes a ir embora da Via Láctea quando, de repente, avista um planeta transbordando de vida no meio de uma das múltiplas espirais da galáxia. Nesse exato momento você acorda. A viagem foi um sonho! Mas você percebe que o planeta que descobriu em seu sonho é o planeta onde você vive. 

Você talvez seja jovem. É bem possível que tenha uma longa vida pela frente. Mas você também sabe que a vida não dura para sempre. De que maneira decidirá viver sua primeira e única viagem ao planeta Terra? Que perguntas fará e que respostas dará? Durante o café da manhã, o estranho sonho não lhe sai da cabeça. 

Você se dá conta de que viver na Terra é uma oportunidade fantástica. Então você abre o jornal. Talvez, em meio a seu maravilhamento e a sua alegria pela vida, lhe ocorram pensamentos sombrios. Você começa a pensar no que está lendo: florestas derrubadas, poluição, buracos na camada de ozônio, armas nucleares, radiação no meio ambiente, AIDS. 

Até que ponto você considera o futuro deste raro planeta responsabilidade sua. Muitas perguntas, mesmo as mais rotineiras, que lhe passam pela cabeça quando você vai para a escola ou para o trabalho nascem em seu íntimo. O amor e o sexo, as relações com os amigos e a família, as notas nas provas e os estudos: tudo está conectado com sua perspectiva, sua visão da vida. A caminho de casa, você pode ir conversando sobre um jogo de futebol, sobre sua próxima viagem nas férias de verão, sobre a chegada do final do ano letivo. Mas até mesmo esses fatos estão relacionados com sua perspectiva de vida. 

De que forma você decide passar seu tempo livre? Entrará numa organização não-governamental? Ou vai trabalhar nos momentos de folga para conseguir algum dinheiro extra? Mas, antes de tudo, há uma montanha de lição de casa para fazer. No entanto, para que serve tudo isso? O que você vai ser quando terminar a escola? A noite, você se encontra com os amigos. Um deles conta que mandou fazer seu mapa astral; acredita firmemente na astrologia. O que será que lhe dá tanta certeza? Outro diz que tinha acabado de pensar numa velha amiga quando ela lhe telefonou. Seria telepatia? Afinal, a chamada percepção extrassensorial é fato ou ficção? A conversa avança para questões sobre a vida e a morte. Existe vida após a morte? 

E nesse ponto que você conta o sonho para eles. Você estava fazendo uma longa viagem pelo espaço sideral. Cansado de tanto gelo, das rochas e do calor escaldante, já ia se afastando da Via Láctea quando, de repente, vislumbrou à distância um planeta azul e branco. E foi nesse planeta que você acordou. Você pergunta: "O que esse sonho significa?". Será que nossos sonhos podem nos dizer algo sobre nós mesmos? Quem sou? De onde venho? Para onde vou? As crianças logo se tornam curiosas. Uma criança de três anos pode fazer perguntas que os adultos não conseguem responder. Uma de cinco anos pode refletir sobre os mesmos enigmas que um idoso. 

A necessidade de se orientar na vida é fundamental para os seres humanos. Não precisamos apenas de comida e bebida, de calor, compreensão e contatos físicos; precisamos também descobrir por que estamos vivos. Nós perguntamos: Quem sou eu? Como foi que o mundo passou a existir? Que forças governam a história? O que acontece conosco quando morremos? 

Essas são as chamadas questões existenciais, pois dizem respeito a nossa própria existência. Muitas questões existenciais são bastante gerais e surgem em todas as culturas. Embora nem sempre sejam expressas de maneira tão sucinta, elas formam a base de todas as religiões. Não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo de religião. Em certos períodos da história, houve gente que colocou questões existenciais numa base puramente humana, não religiosa. Mas foi só há pouco tempo que grandes grupos de pessoas pararam de pertencer a qualquer religião reconhecida. Isso não implica necessariamente que tenham perdido o interesse pelas relevantes questões existenciais. 

Alguém já disse que viver é escolher. Muitas pessoas fazem escolhas sem pensar com seriedade se estas são congruentes, ou se existe alguma coerência em sua atitude com relação à vida. Outras sentem necessidade de moldar a atitude delas de maneira mais abrangente e estável. Cada um de nós tem uma visão da vida. A questão é: até que ponto fomos nós mesmos que a escolhemos, até que ponto ela é nossa própria visão? Até que ponto estamos conscientes de nossa visão?
  • Face a face com a morte
Duas histórias reais demonstram como a vida cotidiana pode estar interligada a profundas questões existenciais. A primeira se passou durante a Segunda Guerra Mundial; a outra, na América Central de nossos dias. Quando Kim Malthe Bruun tinha dezessete anos, a guerra estourou e ele testemunhou a profanação de importantes valores humanos por parte de uma potência estrangeira invasora. Após um ano, em 1941, Kim foi ser marinheiro, mas no outono de 1944 desembarcou na Dinamarca e entrou no movimento ilegal de resistência. Alguns meses depois acabou preso pelos alemães, e em abril de 1945 foi condenado à morte e fuzilado. Não era raro os jovens assumirem a luta contra a ditadura nazista. Se ela acontecesse hoje, talvez você e seus amigos também se envolvessem nessa luta. 

Como você acha que reagiria se fosse condenado a morte? O que escreveria quando os guardas da prisão lhe dessem lápis e papel para que você deixasse uma última carta a seus parentes mais próximos? O que Kim escreveu, nós sabemos. A última carta para sua mãe contém a seguinte passagem: Hoje Jörgen, Niels, Ludvig e eu nos apresentamos diante de um tribunal militar. 

Fomos condenados à morte. Sei que você é uma mulher forte e conseguirá suportar tudo isso, mas quero que compreenda. Eu sou apenas uma coisa insignificante, e como pessoa logo serei esquecido; mas a ideia, a vida, a inspiração de que estou imbuído continuarão a viver. Você as verá em todo lugar — nas árvores na primavera, nas pessoas que encontrar, num sorriso carinhoso. 

Em março de 1983, Marianella Garcia Villas foi assassinada pelos militares na república centro-americana de El Salvador. Fazia vários anos que as forças do governo e os guerrilheiros rebeldes travavam uma feroz guerra civil. Durante essa guerra, uma facção do Exército, juntamente com extremistas, havia raptado e assassinado milhares de pessoas. A jovem advogada Marianella formou um comitê de direitos humanos para investigar casos de desaparecimento e tortura. Em decorrência, acabou indo para a "lista negra" dos terroristas. Ela sabia que sua vida corria perigo. Como você teria reagido a uma ameaça desse tipo? A reação de Marianella foi continuar a luta. No início de 1983, ela visitou uma das zonas de guerra, numa missão do Comitê de Direitos Humanos. Ela nunca mais voltou. 

Porém, uma carta que escreveu em 1980 nos conta qual era o impulso que a movia: Eu luto pela vida: um trabalho real, que vale a pena. Não tenho nenhum desejo de morrer, mas já vivi tão perto da morte e de suas consequências que a vejo agora como algo natural. Todos nós devemos morrer um dia, mas a morte sempre virá cedo demais para o homem ou a mulher que tem uma intensa sede de viver. Cada minuto que passa tem um significado, uma profundidade maior do que qualquer outra coisa, mesmo que pareça comum e rotineiro. Cada rajada de vento, cada canto da cigarra, cada revoada de pombos é como um poema. Sei que os que trabalham pela justiça sempre terão o direito a seu lado e receberão ajuda; estes irão prevalecer, e a verdade resplandecerá. É melhor ser rico de espírito do que em bens materiais. 

Alegria de viver Marianella e Kim lutaram por ideias e valores em que acreditavam. Chegaram até a sacrificar a vida pelo que consideravam certo. Contudo, uma filosofia de vida não se manifesta somente em guerras e situações de tensão. Não se associa apenas a feitos heróicos e a grandes ideias. Nossa visão da vida também trata de coisas íntimas — como nossa atitude para com a família e os amigos, para com o trabalho e o lazer. Nossa perspectiva está ligada ao próprio modo como desfrutamos a vida. "Cada revoada de pombos é como um poema", escreveu Marianella em sua carta. E Kim, sentado em sua cela à espera da morte, escreveu sobre as árvores na primavera e um sorriso carinhoso. Se esses dois defensores da liberdade tinham alguma coisa em comum, era a experiência de que a vida é algo infinitamente precioso. As cartas de Kim e Marianella irradiam a experiência de valores fundamentais que para nós, na nossa vida diária, podem por vezes passar despercebidos. 

Será que precisamos enfrentar a morte cara a cara antes de podermos experimentar a vida? Será que precisamos ver nossas ideias e nossos ideais ameaçados e pisoteados para que possamos compreendê-los? 

"Os que nunca vivem o momento presente são os que não vivem nunca — e o que dizer de você?", escreve o poeta dinamarquês Piet Hein, num de seus poemas. O pintor e escritor finlandês Henrik Tikkanen expressa uma ideia semelhante na seguinte máxima, ou aforismo, que nos dá o que pensar: "A vida começa quando descobrimos que estamos vivos".

quinta-feira, 12 de julho de 2018

PAZ - Promessa de futuro - PPP - Para a Paz Perpétua - Immanuel Kant

  • PAZ, Algo que nos vem como uma promessa de futuro, legível em certos traços presentes.
De fato, na Crítica da Razão, Kant chega a expor enfatizando sua função ético-histórica, que “a guerra em si mesma, se se leva a cabo de forma sacramente ordenada e respeituosa com os direitos dos cidadãos, tem algo de sublime.“a guerra não é uma empresa premeditada por parte dos homens, mas um projeto intencionado por parte de suprema sabedoria. E apesar das terríveis penalidades que a guerra impõe ao gênero humano, assim como das atribulações, acaso ainda maiores, que sua contínua preparação origina durante a paz, supõe um impulso para desenvolver até as suas mais altas cotas todos os talentos que servem à cultura”. Isto porque Kant aceita que o risco e sacrifício de uma guerra entre grupos tende a aumentar o valor da liberdade dentro de cada um, dinamizando-os (formal e estruturalmente) e acrescentando a cooperação e igualdade em suas bases. A resposta neutralizadora da conflagração, pelo contrário, “tende a produzir sociedades mais amplas e pacíficas, com estruturas de governo mais estáveis e, por isso, mais inclinadas à atuação despótica” (Villacañas, 1996:223). Concebe, assim, um processo, mais linear que cíclico, que vai “desde a liberdade comunitária dos povos em situação endêmica da guerra ao despotismo imperial dos povos pacificados”, sendo Pax “uma exigência imperial e, ao mesmo tempo, fonte de um agudo despotismo” (Id., ibid.). Por este motivo não podemos entender Pax como Friede, já que não faz referência a um fim justo em função do Direito, apenas o cesse da violência.

Talvez uma dose do inusitado sarcasmo kantiano de Zum ewigen Frieden, que determina a paz do cemitério como a única ‘paz eterna’ acessível àqueles políticos incapazes de excluir a guerra das suas andanças seja o ingrediente necessário para alcançar caminhos novos e imaginativos, como o seu que, mesmo que não solucione os problemas de hoje, sem dúvida que nos ajuda a encaminhar-nos à trajetória mais correta e apropriada.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Amor de pai. Os pais exercem total influência na boa ou má educação.

  • Os pais exercem influência em nossa personalidade?
Até que momento da vida se verifica a influência ? Somos herdeiros do que é ruim ou o comportamento pode ser desvio do nosso caráter?
  • PSICÓLOGO: Nossa personalidade é o resultado da influencia de: Genética, ambiente, e você mesmo.
Genética: Há evidências bastante fortes de que boa parte de nosso comportamento é determinado geneticamente. Gêmeos idênticos criados separados, por exemplo, quando um sofre de depressão há grande probabilidade do outro também sofrer. Filhos de pais depressivos tem mais chance de ser depressivo, etc.
Ambiente: Aí entra com muita força a influência dos pais. Tudo o que eles ensinaram de forma intencional ou não, falando ou demonstrando, vai formando a sua personalidade. Mas não só os pais, tudo o que você vive na primeira infância, principalmente, é muito importante para a formação da sua personalidade, então professores, tios, colegas, todos tem importância.
E por fim você mesmo: Ou seja, por mais que tenha vivido desta ou daquela forma, a sua cabeça tem uma boa independência. Ou seja, as sua conclusões, interpretações, percepções são individuais e você tem boa dose de responsabilidade pelo que se tornou.
OUTRAS PERGUNTAS REFERENTES AO TEMA: ORIGENS DOS PROBLEMAS EMOCIONAIS

Porque tantos problemas psicológicos atualmente?
  • É o mundo caótico?
Esses problemas já existiam mas ninguém prestava atenção?
  • PSICÓLOGO: Ansiedade , depressão e cia... sempre existiram.
Antigamente não havia diagnóstico pra isso, ou a pessoa era louca ou sã. Hoje sabe-se que o sofrimento humano foi abafado por muito tempo pois as pessoas tinham medo de serem vitimas de preconceitos.
  • Por que na época dos nossos antepassados, não se ouvia falar em " Síndrome do Pânico " "Depressão" " Transtorno obsessivo compulsivo "
Parece que virou moda depois do século XX? Ou somente alteraram os nomes dos diagnósticos?
  • PSICÓLOGO: O que não existia era o nome da coisa. O sofrimento humano existe desde que o homem existe. Graças aos cientistas que o entendimento vem se aprimorando cada vez mais, assim como os tratamentos medicamentosos e psicoterapêuticos.
Por que uma Pessoa Fica Doida?
  • PSICÓLOGO: Muitas vezes porque a natureza quis.
Sei que é uma resposta até sem graça, mas veja bem, quem tiver resposta pra essa vai ter a mesma resposta para  as perguntas a;b;c:
a  - Porque uns tem olhos azuis e outros castanhos?
b - Porque as pessoas nascem carecas, ficam cabeludas de depois      perdem novamente os cabelos (se for um homem)?
c - Porque tem gente que nasce com uma habilidade danada pra tocar piano?

  • Mas a gente só se questiona quando o resultado da aleatoriedade da natureza não é o que gostaríamos.
A razão de nossas neuroses pode estar no passado?
  • PSICÓLOGO: Você se refere a origem de nossas dificuldades, inseguranças e ansiedades de hoje.
Sim, muitas vezes sim. Principalmente na infância, este é o momento onde estamos mais vulneráveis e somos verdadeiras "esponjas", absorvemos tudo com muita intensidade. Se fomos negligenciados, isolados ou qualquer situações assim, isto pode ficar marcado de forma a nos influenciar por toda uma vida.... se não fizermos nada para eliminarmos essa "carga".
  • Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu para Jornal da APCD - Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas
  • Amor de pai
De acordo com uma pesquisa norte-americana (http://hypescience.com/amor-de-pai-e-uma-das-principais-influencias-na-personalidade-humana/) o amor do pai tem grande influência na personalidade dos filhos. Qual a opinião da senhora sobre o assunto?
  • Psicóloga: A personalidade de cada pessoa é composta tanto por herança genética, como as informações recebidas das pessoas próximas mas também tem uma boa dose da própria pessoa, ou seja, independente da forma como a família seja ou ds informações que recebeu cada pessoa tem sua própria expressão.
O pai é uma das figuras mais importantes, junto com a mãe correspondem a um grande “centro de informações” sobre como lidar com as diversas situações da vida. Isso não quer dizer que quem não foi criado com seu pai tenha uma lacuna em sua formação, pois o papel do pai ou as informações que um pai passaria para criança pode, e será, transmitidas por outras pessoas de seu convívio.

Qual a importância da figura masculina (paterna) no desenvolvimento dos filhos?

  • Psicóloga: O pai costuma ser aquele que mostra aos filhos como ser proativo, como ir atrás de suas metas. O homem costuma ser o provedor e esta posição dá exemplos de comportamento aos filhos quanto a responsabilidade e comprometimento com a família. Uma criança que tenha recebido estas informações, mesmo ninguém tenha dito a ela que ele deve ser responsável, apenas ver a postura do pai e preocupação em estar empenhado no bem estar da família já transforma esta criança.
De que forma as crianças podem ser afetadas quando não têm o amor paterno e o materno?
  • Psicóloga: A falta de amor pode fazer com que a criança se sinta menos merecedora de atenção. Se esta falha não for superada, a psicoterapia pode ajudar neste processo, esta pessoa poderá crescer e se tornar uma pessoa depressiva e sem motivação, entusiasmo e empenho para conquistar coisas boas em sua vida como por exemplo um bom emprego e uma família estruturada.
Em sua experiência como psicóloga clínica a senhora recebe pacientes com problemas relacionados à falta de amor dos pais? Quais são os principais problemas? De que forma são tratados?
  • Psicóloga: A falta de amor pode provocar muitas consequências. Para algumas pessoas pode até ser produtivo, pois nada impede que uma pessoa que não teve amor de seus pais decida compensar em sua vida adulta e promover o máximo de amor entre as pessoas com quem formar novas famílias.
Mas as consequências negativas podem ser bem desastrosas pois algumas pessoas podem concluir (erroneamente) que o fato de não receberem amor de seus pais seria uma prova de que eles são de alguma forma “defeituosos” e culpados pela rejeição. Esta pessoa podem tornar-se um fóbico social (timidez exagerada) pois haverá muito medo em se relacionar com outras pessoas – pois o fantasma da rejeição estará presente.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Autoconhecimento - Sabedoria e liberdade para todos

  • Vamos e convenhamos, a vida não está nada fácil. Parece que a cada dia temos novos desafios para serem enfrentados e resolvidos.
A falta de emprego causa dificuldades financeiras, a violência causa insegurança e o caos das grandes cidades causa estresse. Como podemos continuar vivendo tranquilos, levando aquela vidinha que todos almejamos? Em minha opinião, o que devemos fazer é investir em autoconhecimento, pois somente ele pode nos ajudar em nossa caminhada, ao mesmo tempo que nos ajuda a evoluir humanamente. Se levarmos a vida de forma instintiva, como fazem os animais, não teremos escolhas, não evoluiremos a não ser para sobreviver.

E quando ocorrem grandes tragédias naturais como terremotos, tsunamis, desmoronamentos e incêndios, ou ainda tragédias como aquelas causadas pelos homens, como os atentados ou as catástrofes políticas e econômicas causadas pela corrupção e pelo tráfico, como aquela que estamos vivendo no Brasil, como faremos para ir adiante, superar os obstáculos e recomeçar esperando num futuro melhor?


As mídias nos inundam de imagens de pessoas desesperadas e em prantos por terem perdido um ente querido ou todos os seus pertences, e essas imagens são tantas que acabamos assistindo a tudo como que anestesiados. Eu me pergunto: Como farão essas pessoas para encontrar a força de recomeçar? Onde encontrarão o ânimo para poder dar 'a volta por cima', deixando para trás tudo aquilo que conquistaram? Neste caso, e em muitos outros, quando as desgraças improvisadas se abatem sobre inteiras populações, ou sobre famílias inteiras, vimos surgirem pessoas de coragem que conseguem, não somente dar a volta por cima, mas também ajudar os outros a se levantar, e fazem isso com um sentimento incrível de generosidade. De onde vem essa força?


Eu acredito que essas seja pessoas 'escolhidas'! A meu ver, os escolhidos não são aqueles que parecem bem-sucedidos, que estão sempre por cima, que têm poder e riqueza e que são tão valorizados em nossa sociedade materialista. Não. Eu acho que os escolhidos são aqueles que conseguem demonstrar calor humano, oferecer um ombro amigo, estender a mão e arregaçar as mangas para ajudar alguém a se levantar num momento de crise! Sim, esses são os escolhidos. Na realidade, trata-se de pessoas que possuem certamente um 'coração de ouro', são pessoas que  adquiriram uma consciência humana tão desenvolvida que conseguem pensar no 'outro' antes de pensar em si próprio e seguem sua vida sem questionar, seguindo a sua voz interior. Esses são seres bem educados que tiveram bons exemplos familiar e se tornaram, então, evoluídos em suas mentes.


A humanidade está atravessando um período crucial onde a modificação dos bons paradigmas educacionais familiares herdados no passado estão ruindo e a cada momento somos impelidos a por em cheque nossas convicções para mudar e 'recomeçar de novo'. A palavra "crucial" vem de "Educação" . Sem isto não evoluiremos nem como indivíduos e nem como coletividade. Precisamos resgatar a sabedoria dos  bons educadores que foi abandonada pela humanidade, pois sem à luz desses conhecimentos antigos, que nos abrirão a consciência, não poderemos reformular nossos conceitos, rever e modificar as nossas atitudes para ajudar a humanidade a evoluir, sem abandonar os bons princípios morais dos tempos áureos de nossos avós.


Nesse momento, em que um sentimento de pânico invade nosso coração, e diante dos noticiários mais pessimistas (ou talvez simplesmente realistas) não devemos esquecer que cada um de nós possui a possibilidade de efetuar a volta por cima!  


Todos aqueles que passaram ou estão passando por momentos difíceis, cruciais, ou até dramáticos, podem fazer essa mutação. Todos nós temos em nosso interior uma força vital que poderá nos guiar em nossas escolhas, de forma a agir com mais solidariedade, fraternidade, generosidade e compaixão. Essas podem ser qualidades muitas vezes desprezadas em nossa sociedade atual, mas quem quer evoluir humanamente não pode ignorá-las!


Invista no autoconhecimento que a vida e a tecnologia podem lhe oferecer e aproveite  com responsabilidade e trabalho. Esteja preparado!


Pesquise muito sobre  assuntos que te façam evoluir como ser humano, afaste-se dos ilusionistas, seja o mal político ou religioso pois, na sua maioria, só buscam os efêmeros bens materiais.



terça-feira, 12 de setembro de 2017

Deus e Natureza são Sinônimos ...


Deus e Natureza são Sinônimos, para minha própria convicção e interpretação desta palavra em si, uma vez que, como detetor de vasto conhecimentos científicos, ao ponto de considerar-me um homem de ciências, não poderia eu jamais admiti-lo como tradicionalmente o fazem os seguidores de doutrinas diversas, que o consideram como um mágico, uma divindade espiritual empírica virtualizada, com poderes de ação tal qual um super homem ou coisa que o valha, podendo, inclusive, em desacordo com a própria Natureza e já contrariando suas Leis, estas sim Sagradas, agir em desacordo com as Leis físicas Desta, desobedecendo, inclusive, a de maior ação de força, a Gravidade, que ninguém jamais ousou desrespeitar sem ter sérias frustrações pessoais. Isto para meu entendimento pessoal e próprio, torna-se impreterivelmente inadmissível. 

Agora sim, já sem os devidos constrangimentos, poderei, em paz, interpretar os chavões populares que, tal qual o fazem os papagaios, repetem tudo que lhes é em suas mentes incutido, dizer, como o povo: graças a Deus, interpretando como: graças a Natureza, e assim por diante, para não ser tido, pela maioria bitolada em ensinamentos, para mim desnecessários, como alguém desumano e descrente. Creio sim, na Natureza e em tudo que dela possa vir, pois sem as Leis Naturais da Física e da Química, nada e ninguém poderá criar-se ou jamais existir, a não ser num mundo paralelo virtual, fantasmagórico, Televisivo, "Midiúnico Lucrativo". A criação dar-se-á sempre num meio físico corporal, como fomos todos feitos, os animais. O resto, para mim, é coisa bem infundada, desnecessária e incoerente com as devidas necessidades da humanidade, feita de carne e osso, a maioria com bem mais ossos e pobre do que carne. 

A minoria que segue e preserva os Altos Conhecimentos da já tão evoluída Ciência, este mundo sim, o Científico, presta infindáveis favores a humanidade sem, ao meu ver, ter um vasto reconhecimento e veneração populares, como costumam fazer com suas honoráveis divindades, jogadores e políticos abastados, mantendo-os em sacrossanto altar, como se eles pudessem, de fato, influenciar, benéfica e positivamente,  em suas miseráveis vidas, seja aqui ou no Taiti.

    Milagres e Azar vencem sempre que a sorte obtêm mau resultado.

    • SORTE OU ACASO, QUANDO NÃO ATUAM, SEMPRE PREMIAM O AZAR
    A pressa conquista sempre duas inimigas costumazes, em virtude do mau desempenho de seus estressados executores: a perfeição e a sorte, que deixam de existir, apesar de terem grandes probabilidades de acontecerem. 

    Uma pelo bom desempenho e trabalho bem feito, outra pelo preponderante papel exercido pelas leis infalíveis da natureza, onde imperam a química e a física. Daí surge como vencedor o famigerado azar, que, como muitos preguiçosos, sempre vence pela falta de resultados positivos de seus oponentes, e não por méritos próprios.
    • Correlatos:
    • Obra do acaso

    quinta-feira, 3 de agosto de 2017

    Egoismo fora! - Perdido o amor-próprio, fica sempre o amor da comunidade.

    • A Cidade do Sol - Tommaso Campanella (RESUMO)
    Tommaso Campanella nasceu em Stilo, no dia 5 de Setembro de 1568. Ainda muito jovem, já se revelava em seu espírito o pendor para a filosofia. Seu pai, contrariando-lhe a vocação, quis fazer dele um jurista, ao que Campanella se opôs tenazmente. Sua primeira obra foi a Philosophia Sensibus Demonstrata, que lhe valeu a acusação de heresia. Tendo deixado o convento em que iniciara os estudos, empreendeu uma viagem pela Itália, através da qual ficou conhecendo os homens mais ilustres do seu tempo.

    Voltando a Stilo e sempre preocupado em operar uma reforma que servisse para enfraquecer o domínio da autoridade, Campanella iniciou sua atividade política tentando organizar uma conspiração contra o despotismo espanhol. Isso o levou ao cárcere, onde permaneceu vinte e sete anos. Libertado em 1626, seguiu para Roma, onde foi bem recebido pelo papa Urbano VIII. Logo, porém, tornou-se alvo de novos ataques e, perseguido, foi obrigado a fugir para a França. Morreu em Paris, em 1639.


    Mártir do livre pensamento, Campanella ocupa, também como filósofo, um lugar importante entre os grandes homens de sua época. Suas obras, quer o Prodromus Philosophiae Instaurandae, quer os Dogmata Universalis Philosophiae, quer a Realis Philosophiae Partes Quatuor, oferecem aspectos doutrinários que, embora discutíveis, não deixam de ser extremamente interessantes.
     

    A Cidade do Sol é a mais popular das obras de Campanella. Essencialmente idealista, está no mesmo plano da Utopia, de Thomas More, e da República, de Platão. Sem entrar na apreciação do sistema proposto por Campanella, é forçoso reconhecer em A Cidade do Sol uma das obras-primas da literatura universal.
     
    "A Cidade do Sol, no pensamento de seu autor, Tommaso Campanella, é uma comunidade ideal a ser governada por homens iluminados pela razão; todo o trabalho de cada um era destinado ao patrimônio comum. Propriedade privada, riqueza indevida e também a pobreza não existiriam, porque a nenhum homem seria permitido ter mais que o necessário. O autor imagina uma cidade ideal, sem hierarquias, na qual todos trabalham e as várias funções são adequadamente repartidas. É abolida toda habitação separada, a família e tudo que alimenta o egoísmo; o bem individual é subordinado ao bem da comunidade. Escritor, nasceu em 5 de setembro de 1568, em Stilo, província da Calábria (Itália); morreu em Paris, no dia 21 de maio de 1639. A Cidade do Sol, é a mais celebrada de suas obras."
     

    O terceiro triúnviro é o Amor, que tem o primeiro papel no que diz respeito à geração. Sua principal função é que a união amorosa se realize entre indivíduos de tal modo organizados, que possam produzir uma excelente prole. Escarnecem de nós por nos esforçarmos pelo melhoramento das raças dos cães e dos cavalos, e nos descuidarmos totalmente da dos homens. Ao seu governo está submetida a educação das crianças, a arte da farmácia, como também a semeadura e a colheita dos cereais e das frutas, a agricultura, a pecuária e a preparação das mesas e dos alimentos.  
    Em suma, o Amor regula tudo quanto se refere à alimentação, ao vestuário e à geração, como também os numerosos mestres e mestras incumbidos desses misteres. Esses três tratam de todas essas coisas em colaboração com o Metafísico, sem o qual nada se faz. E assim a república é governada por quatro, mas, em geral, onde propende a vontade do Metafísico. Mas, diga-me, amigo: os magistrados, as repartições, os cargos, a educação, todo o modo de viver é mesmo o de uma verdadeira república, ou o de uma monarquia ou de uma aristocracia?   
      
    ALM. - Aquele povo ali se encontra vindo da Índia, por ele abandonada para livrar-se da desumanidade dos magos, dos ladrões e dos tiranos, que atormentavam aquele país. Todos determinaram, então, começar uma vida filosófica, pondo todas as coisas em comum. E, se bem que em seu país natal não esteja em voga a comunidade das mulheres, eles a adotaram unicamente pelo princípio estabelecido de que tudo devia ser comum e que só a decisão do magistrado devia regular a igual distribuição. As ciências e, em seguida, as dignidades e os prazeres são comuns, de forma que ninguém pode apropriar-se da parte que cabe aos outros. Dizem eles que toda espécie de propriedade tem sua origem e força na posse separada e individual das casas, dos filhos, das mulheres. Isso produz o amor-próprio, e cada um trata de enriquecer e aumentar os herdeiros, de maneira que, se é poderoso e temido, defrauda o interesse público, e, se é fraco, se torna avarento, intrigante e hipócrita. Ao contrário, perdido o amor-próprio, fica sempre o amor da comunidade.   

      
    G.-M. - Então, ninguém terá vontade de trabalhar, esperando que os outros trabalhem para o seu sustento, de acordo com a objeção de Aristóteles a Platão.
    • A Cidade do Sol – Tommaso Campanella (Epub)
    • A Cidade do Sol – Tommaso Campanella  (Pdf)


    sexta-feira, 16 de junho de 2017

    Vida e prazer - Nos pequenos prazeres reside o melhor da vida

    • Por onde anda o seu olhar?
    Muitas vezes, o exercício de perceber o mundo com mais cuidado pode nos levar por um caminho de leveza e simplicidade.
     

    Sempre fui fascinada pela rua, desde muito pequena. O cheiro, o movimento, as diferenças, as cores me atraem o olhar e fazem com que eu caminhe com mais leveza. Por isso, sempre que posso, deixo o transporte público e faço meus trajetos a pé, sem nenhuma pressa. Nessas andanças, descubro pequenezas que aliviam qualquer tensão ou ansiedade. Aprendi, por exemplo, a perceber a chegada da chuva ou os primeiros sinais da mudança das estações só pela força do vento. E descobri que, embora tenham um aroma parecido, dama-da-noite e quaresmeira são flores completamente diferentes. Parece pouco, eu sei. Mas a soma desses pequenos prazeres permite que eu me apaixone todos os dias pela vida, principalmente quando me deparo com alguma dificuldade ou algum descontentamento. Entender que nossa forma de olhar pode modificar como vivemos é um jeito de prestar mais atenção aos detalhes pequenos que estão ao nosso redor, alterando nossa rotina, sem precisarmos sair completamente dela. 

    Em seu poema A Arte de Ser Feliz, Cecília Meireles nos lembra desse exercício de observar as  pequenezas. Linha por linha, ela descreve a vista de sua janela, com jardim, jasmineiro em flor, às vezes nuvens espessas ou crianças indo para a escola. E como essas miudezas, que estão também diante das nossas janelas, constroem suas felicidades certas de forma extremamente simples. Mas declara a poeta: “É preciso aprender a olhar para poder vê-las assim”. “Quando mudamos o olhar, com compreensão, nós conseguimos perceber os sinais e vivenciar a felicidade em nossa vida”, observa a terapeuta holística Katia Castro. Há mais de dez anos, Katia trabalha com reiki, uma prática de troca de energia por meio das mãos que busca reestabelecer o equilíbrio espiritual, emocional e físico. Nesse tempo, ela percebeu a própria necessidade de se comunicar e entender mais o outro, dentro da igualdade que somos. Segundo ela, nossos pensamentos são energias que vêm das nossas emoções e, quanto mais nos envolvemos em preocupações, medos, culpas e autocobranças, mais nos distanciamos daquilo que é realmente importante. “Entrando no automatismo, deixando-nos engolir por essa busca de querer, de sempre realizar coisas grandes e extraordinárias, a gente esquece de sentir a vida na sua simplicidade cotidiana”, exemplifica ela. E esse esquecimento pode se manifestar de outras formas. Muitas vezes, ele também chega disfarçado em uma briga sem sentido, em uma irritação ao derramar o café pela manhã ou em um atraso pelo despertador que não tocou na hora certa. Assim, vamos transformando nossa rotina em um círculo vicioso, dominado pelo mau humor, pelo cansaço e pelo desânimo. Quando nos damos conta, estamos tomados por uma visão torta e angustiante, que nos impede de reconhecer quem realmente somos.
    • Reaprendendo a ver em cada olhar
    Para o escritor e psicanalista Carlos de Brito e Mello, uma das coisas que mantêm o mundo em atividade, nesse sentido da percepção e do olhar, é a possibilidade de reinaugurá-lo a cada experiência. “É claro que ele não é inaugurado 100%. A gente não tem essa possibilidade de zerar a vida. Mas podemos fazer alguma coisa do que já foi feito, desconstruir, reconstruir, jogar no chão, fazer de novo”, observa. E essa possibilidade está ligada ao quanto nos abrimos e nos colocamos à disposição para viver essa ou aquela experiência. Nós podemos até saber de cor onde vai dar o caminho que fazemos, e ele pode ser igual todos os dias, mas, quando nos colocamos à disposição de vivê-lo como se fosse algo inédito, a mágica acontece e os pequenos prazeres fazem realmente sentido. “Embora você já tenha experimentado muitas coisas relacionadas à sua experiência, é importante não abrir mão de estar presente quando ela acontece”, completa Mello. Ele diz que, mesmo que a memória exerça seu papel de nos vincular ao passado e o desejo nos aponte para o futuro, precisamos ter a consciência de que tudo está enraizado no presente. Quando entendemos isso, deixamos de lamentar nossas ausências e aproveitamos o tempo para enxergar em volta com mais gratidão e menos cobranças. “Se a gente tem a capacidade de estar lá naquele momento, naquele espaço, as coisas se expandem, se ampliam, se tornam deliciosas”, avalia. Ele sugere, ainda, que abandonemos o desnecessário que muitas vezes carregamos como se fosse nosso dever ou responsabilidade. “Abandonar é uma das coisas mais deliciosas que a gente pode fazer. Abandonar algumas coisas que a gente carrega e que são muito pesadas. É bom quando você deixa isso para trás. Você segue mais leve”, lembra.
    • Fazendo as pazes com a rotina
    Mas, para que toda essa forma de olhar e perceber o mundo com leveza se manifeste, é preciso afastar a ideia da rotina como algo ruim e encará-la como um lado positivo diante do nosso aprendizado de percepção e mudança. Quando estendemos a mão para ela, compreendendo que ela também é essencial para que as coisas fluam, selamos uma espécie de contrato de paz e passamos a conviver melhor com o que nos aflige. “É legal reconhecer aquilo que é rotineiro como algo que é gostoso. Que é divertido. Que não precisa que nada muito grandioso aconteça para que seja rico e para que valha a pena”, considera Carlos de Brito e Mello. Claro que nem tudo são flores e, em algum momento, vamos cair em tentação e desejar que nossa rotina seja extraordinária, esquecendo que ela não depende disso para ser interessante. Nessas horas, é importante que a gente tire da gaveta da lembrança a ideia de que não dá para nos separarmos do que chateia, do que frustra, do que trava. No entanto, a diferença está na forma com que lidamos com tudo isso. Para não ser engolida pelas tarefas do dia a dia, a professora Wânia de Araújo descobriu a sua fórmula mágica de lidar com a rotina. Mesmo dividida entre aulas em duas escolas, orientações de TCC, iniciação científica e mestrado, ela cuida de separar alguns minutinhos ao longo do dia para ficar sozinha e em silêncio, como uma espécie de filtro diante do movimento excessivo e dos sons cotidianos. “Também me esforço para não ficar ansiosa diante de um problema, fazendo literalmente o exercício de não adiantar preocupações antes de elas existirem concretamente”, explica. Wânia se dá, ainda, um dia inteiro do fim de semana para se dedicar aos seus pequenos prazeres, como tomar um drinque e sair com o namorado ou com os amigos. “Ver formas diferentes de experimentar o cotidiano me ajuda a fazer do meu dia algo menos pesado”, reflete.
    • A descoberta dos pequenos prazeres
    Para mim, é difícil pensar nesses pequenos prazeres sem associá-los ao filme francês O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Nas cenas, Amélie, personagem principal, encontra satisfação em acontecimentos e atitudes muito simples e corriqueiros, como quebrar a calda de caramelo do crème brûlée – sobremesa típica francesa – com uma colher ou afundar os dedos em sacos cheios de sementes ou grãos. É meu filme preferido, e recorro a ele sempre que preciso recobrar a fé e a delicadeza. O interessante desses prazeres é que eles não precisam de grandes planejamentos ou muita preparação para nos tirar sorrisos. Porque eles estão associados sempre a algo simples, como receber e retribuir um abraço, descobrir um novo hobby e aprender mais sobre ele, comer brigadeiro de colher assistindo sua série preferida, ouvir sua música favorita no meio do dia, abrir a caixa de correio e encontrar uma carta de um amigo distante. Aos poucos, essa descoberta vai remontando também aquilo que somos e nos aproximando cada vez mais dos nossos ideais, crenças e da nossa essência. O consultor financeiro Luiz Fabiano, por exemplo, foi um pouco além no encontro de um dos seus pequenos prazeres. Motivado por desafios desde a juventude, ele descobriu na superação de seus medos e limites um caminho para driblar a rotina e deixá-la mais divertida. “Dizem que a vida começa quando você sai da sua zona de conforto. Eu concordo. Me sinto melhor. E acredito que sempre posso ir além”, diz. Toda essa paixão por aventura e adrenalina, que já o fizeram pular de bungee jump, saltar de tirolesa e praticar arvorismo, nasceu de sua identificação com os conceitos de liberdade e velocidade, presentes no primeiro filme da série Velozes e Furiosos. E é ancorado neles que, agora, Luiz Fabiano se prepara para um novo desafio: a corrida Bravus Race, na qual o participante tem que passar por vários obstáculos. A modalidade é inspirada nos treinamentos militares, e leva cada participante a acreditar na superação dos próprios limites. “Exige disciplina, dedicação, não é fácil, mas sempre será possível. Melhorar 1% todos os dias é melhor do que tentar melhorar 365% no último dia do ano”, completa.
    • Qual o seu canto?
    Essa arte de olhar e de encontrar pequenas motivações no que nos cerca está relacionada, ainda, ao nosso propósito maior. Perceber que temos objetivos mais significativos do que nascer, crescer, comer e trabalhar nos aproxima mais do nosso caminho e direciona a experiência de percepção e leveza. “O grande propósito da vida é nos conhecermos, nos aceitarmos e aprendermos a nos amar para também aprendermos a amar o outro”, explica Katia Castro. Em seu livro Propósito – A Coragem de Ser Quem Somos, o mestre espiritual Sri Prem Baba também nos desperta para essa reflexão sobre o nosso verdadeiro objetivo. Para ele, esse propósito está dentro de nós, vinculado às nossas habilidades e, quando experimentado, temos a sensação de estar em harmonia com aquilo que nos cerca e com as verdades do nosso coração. Quanto mais próximos estamos do que nos faz felizes, do que nos completa, mais claro é o caminho ao encontro da simplicidade. E vice-versa. Para esse trajeto, Mello nos sugere a reflexão: “Qual o seu canto? Qual a sua música? Qual a sua bandeira? Você está levantando o quê?”. Ele acredita que essas questões podem transformar a forma de existir e nos levar a perceber algo mais interessante do que o que estamos habituados. Então que essa seja a tarefa para os próximos dias. Pensar: estamos aproveitando o caminho, seguindo por onde ele quer nos levar? O que estamos colhendo e observando nessa trajetória? Dá para ser mais leve? Esse é o meu canto? Que a gente se dê uma trégua em meio ao caos e perceba que, diante da nossa janela, o mundo pode ser aquilo que a gente quiser. É só uma questão de aprender a ver. 
    • DÉBORA GOMES é jornalista e encontrou nas palavras, nas cores, na fotografia e em tomar chá quentinho alguns de seus pequenos prazeres.
    Vida - Voe na direção certa, cuidado com os prazeres da vida

    http://sementeducacional.blogspot.com.br/2017/06/vida-voe-na-direcao-certa-cuidado-com.html



    quinta-feira, 17 de novembro de 2016

    Vida - A importância do conhecimento total

    • Tenho tanta saudade de livros antigos como tenho da máquina de escrever antiga. 
    Jovens, não leiam só notícias curtas, leiam, principalmente, conteúdos relevantes, aprendendo, sobretudo a filtrar e entender se o conteúdo vale a pena ser lido ou ignorado. Declinem de ensinamentos políticos e religiosos que só tenham por objetivo te encantar para então te explorar, te fazendo perder teu precioso tempo com coisas realmente inúteis. Ame e respeite o outro, pois, em sua origem celular, ele é igual a você. Respeite a ordem, as leis, o direito alheio e os bons costumes. Isto é necessário para que a vida flua favoravelmente para todos, para assim podermos gozar de melhor bem estar coletivo social, e estarmos todos em perfeita harmonia e paz.
    • Teoria do Conhecimento
    A teoria do conhecimento tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites do conhecimento, da faculdade de conhecer. Às vezes o termo é usado ainda como sinônimo  de epistemologia, o que não é exato, pois a mesma é mais ampla, abrangendo todo tipo de conhecimento, enquanto que a epistemologia limita-se ao estudo sistemático do conhecimento científico, sendo por isso mesmo chamada de filosofia da ciência.

    A necessidade de procurar explicar o mundo dando-lhe um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas é tão antiga como o próprio Homem, que tem recorrido para isso quer ao auxílio da magia, do mito e da religião, quer, mais recentemente, à contribuição da ciência e da tecnologia.

    Mas é sobretudo nos últimos séculos da nossa História, que se tem dado a importância crescente aos domínios do conhecimento e da ciência. E se é certo que a preocupação com este tipo de questões remonta já à Grécia antiga, é porém a partir do séc. XVIII que a palavra ciência adquire um sentido mais preciso e mais próximo daquele que hoje lhe damos.

    É também sobretudo a partir desta época que as implicações da atividade científica na nossa vida quotidiana se têm tornado tão evidentes, que não lhe podemos ficar indiferentes. O que é o conhecimento científico, como se adquire, o que temos implícito quando dizemos que conhecemos determinado assunto, em que consiste a prática científica, que relação existe entre o conhecimento científico e o mundo real, quais as consequências práticas e éticas das descobertas científicas, são alguns dos problemas com que nos deparamos frequentemente.

    Diante desses questionamentos, este trabalho pretende fazer um apanhado geral acerca da Teoria do Conhecimento, suas correntes e representantes, de modo que se torne mais fácil a sua compreensão.
    • Conceito
    A teoria do conhecimento, se interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético?

    Essas questões são, implicitamente, tão velhas quanto a filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do século XVII em diante – como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Jonh Locke (1632-1704) em associação com a emergência da ciência moderna – é que ela tem ocupado um plano central na filosofia.

    Basicamente é conceituada como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explica-las: I – O conhecimento como problema, II – Origem do Conhecimento e III – Essência do Conhecimento e IV – Possibilidade do Conhecimento.
    • Veja abaixo as principais correntes e seus representantes:
    A) O Conhecimento Quanto à Origem

    A polêmica racionalismo-empirismo tem sido uma das mais persistentes ao longo da história da filosofia, e encontra eco ainda hoje em diversas posições de epistemólogos ou filósofos da ciência. Abundam, ao longo da linha constituída nos seus extremos pelo racionalismo e pelo empirismo radicais, as posições intermédias, as tentativas de conciliação e de superação, como veremos a seguir.

    • Empirismo

    “O empirismo pode ser definido como a asserção de que todo conhecimento sintético é baseado na experiência.” (Bertrand Russell).
    Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento que sustenta que a experiência sensorial é a origem única ou fundamental do conhecimento.

    Originário da Grécia Antiga, o empirismo foi reformulado através do tempo na Idade Média e Moderna, assumindo várias manifestações e atitudes, tornando-se notável as distinções e divergências existentes. Porém, é notório que existem características fundamentais, sem as quais se perde a essência do empirismo e a qual, todos os autores conservam, que é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica possa transcender o plano dos fatos observados.

    Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo divergência de pensamentos, e é exatamente esse aspecto que abordaremos a seguir. São três, as linhas empíricas, sendo elas: a integral, a moderada e a científica.

    O empirismo integral reduz todos os conhecimentos – inclusive os matemáticos – à fonte empírica, àquilo que é produto de contato direto e imediato com a experiência. Quando a redução é feita à mera experiência sensível, temos o sensismo (ou sensualismo). É o caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz que todos os conhecimentos científicos resultam de processos indutivos, não constituindo exceção as verdades matemáticas, que seriam resultado de generalizações a partir de dados da experiência. Ele apresenta a indução como único método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silogismo quanto os axiomas matemáticos.

    O empirismo moderado, também denominado genético-psicológico, explica que a origem temporal dos conhecimentos parte da experiência, mas não reduz a ela a validez do conhecimento, o qual pode ser não-empiricamente valido (como nos casos dos juízos analíticos). Uma das obras baseadas nessa linha é a de John Locke (Ensaios sobre o Entendimento Humano), na qual ele explica que as sensações são ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as idéias são elaborações de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade.

    Como já foi dito, para os moderados há verdades universalmente validas, como as matemáticas, cuja validez não assenta na experiência, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos.

    Por fim, há o empirismo científico, que admite como válido, o conhecimento oriundo da experiência ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juízos analíticos significações de ordem formal enquadradas no domínio das fórmulas lógicas. Esta tendência está longe de alcançar a almejada “unanimidade cientifica”.

    • Racionalismo

    É a corrente que assevera o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, pois, os fatos não são fontes de todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”.

    Um dos grandes representantes do racionalismo, Gottfried Leibniz, afirma em sua obra Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, que nem todas as verdades são verdades de fato; ao lado delas, existem as verdades de razão, que são aquelas inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza (como por exemplo, os princípios de identidade e de razão suficiente), enquanto as verdades de fato são contingentes e particulares, implicando sempre a possibilidade de correção, sendo válidas dentro de limites determinados.

    Ainda retratando o pensamento racionalista, encontramos Reneé Descartes, adepto do inatismo, que afirma que somos todos possuidores, enquanto seres pensantes, de uma série de princípios evidentes, ideias natas, que servem de fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a representação, ou seja, para ele, o racionalismo se preocupa com a idéia fundante que a razão por si mesma logra atingir.

    Esses dois pensadores podem ser classificados como representantes do racionalismo ontológico, que consiste em entender a realidade como racional, ou em racionalizar o real, de maneira que a explicação conceitual mais simples, se tenha em conta da mais simples e segura explicação da realidade.

    Existe também uma outra linha racionalista, originada de Aristóteles, denominada intelectualismo, que reconhece a existência de “verdades de razão” e, além disso, atribui à inteligência função positiva no ato de conhecer, ou seja, a razão não contém em si mesma, verdades universais como idéias natas, mas as atinge à vista dos fatos particulares que o intelecto coordena. Concluindo: o intelecto extrai os conceitos ínsitos no real, operando sobre as imagens que o real oferece.

    Hessen, um dos adeptos do intelectualismo, lembra que há nele uma concepção metafísica da realidade como condição de sua gnoseologia, que é conceber a realidade como algo de racional, contendo no particularismo contingente de seus elementos, as verdades universais que o intelecto “lê” e “extrai”, realizando-se uma adequação plena entre o entendimento e a realidade, no que esta tem de essencial.

    Por fim, devemos citar uma ramificação do racionalismo que alguns autores consideram autônoma, que é o Criticismo.

    O criticismo é o estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente o problema do conhecimento em função da relação “sujeito-objeto”, indagando as suas condições e pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e racionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. Entretanto, devemos entender tal posição como uma análise crítica e profunda dos pressupostos do conhecimento.

    Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como marca a determinação a priori das condições lógicas das ciências. Ele declara que o conhecimento não pode prescindir da experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse ponto coincide com o empirismo. Porém, sustenta também que o conhecimento de base empírica não pode prescindir de elementos racionais, tanto que só adquire validade universal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão. Segundo palavras do próprio autor, “os conceitos sem as intuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”.

    Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real à medida do humano.

    Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhecimento implica sempre numa contribuição positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente em razão de algo que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto de vista gnosiológico.

    B) O Conhecimento Quanto à Essência

    Nessa parte do estudo, analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em que há mais divergências, sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do assunto, que é o realismo e o idealismo.

    • Realismo

    Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos conceituar essa corrente como a orientação ou atitude espiritual que implica uma preeminência do objeto, dada a sua afirmação fundamental de que nós conhecemos coisas. Em outras palavras, é a independência ontológica da realidade, ou seja, o sujeito em função do objeto.

    O realismo é subdividido em três espécies. O realismo ingênuo, o tradicional e o crítico.

    O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem.

    Já o realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica.

    Por último, podemos citar o realismo cientifico, que é a linha do realismo que acentua a verificação de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito-objeto e distinguindo as camadas conhecíveis do real como a participação – não apenas criadora –  do espírito no processo gnosiológico. Para os seguidores desse pensamento, conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto – que nossa subjetividade compreende – corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo.

    Há portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe uma correlação ou uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do conhecimento, de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligência se conformam a algo de exterior a nós. De acordo com o modo de compreender-se essa “referibilidade a algo”, bifurca-se o realismo em tradicional e o crítico, que são as duas linhas pertinentes à filosofia.
    • Idealismo

    Surgiu na Grécia Antiga com Platão, denominado de idealismo transcendente, onde as idéias ou arquétipos ideais representam a realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensíveis, meras copias imperfeitas, sem validade em si mesmas, mas sim enquanto participam do ser essencial. O idealismo de Platão reduz o real ao ideal, resolvendo o ser em idéia, pois como ele já dizia, as idéias são o sol que ilumina e torna visíveis as coisas.

    Alguns autores entendem que a doutrina platônica poderia ser vista como uma forma de realismo, pois para eles, o idealismo “verdadeiro” é aquele desenvolvido a partir de Descartes.

    O que interessa à Teoria do Conhecimento, é o idealismo imanentista, que afirma que as coisas não existem por si mesmas, mas na medida e enquanto são representadas ou pensadas, de maneira que só se conhece aquilo que se insere no domínio de nosso espírito e não as coisas como tais, ou seja, há uma tendência a subordinar tudo à formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que é a compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico).

    Sintetizando, o idealismo é a doutrina ou corrente de pensamento que subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, em nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou “pensadas”.

    Dentro dessa concepção existem duas orientações idealistas. Uma é a do idealismo psicológico ou conscienciológico, onde o que se conhece não são as coisas e sim a imagem delas. Podemos conceituá-lo como aquele em que a realidade é cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, revelando-se como momento ou conteúdo de nossa vida interior. Também chamado de idealismo subjetivo, este diz que o homem não conhece as coisas, e sim a representação que a nossa consciência forma em razão delas. Seus representantes são Hume, Locke e Berkeley.

    A outra é a orientação idealista de natureza lógica, que parte da afirmação de que só conhecemos o que se converte em pensamento, ou é conteúdo de pensamento. Ou seja, o ser não é outra coisa senão ideia.

    Seu maior representante, Hegel, diz em uma de suas obras que nós só conhecemos aquilo que elevamos ao plano do pensamento, de maneira que só há realidade como realidade espiritual.
    • Resumindo: na atitude psicológica, ser é ser percebido e na atitude lógica, ser é ser pensado.
    C) Possibilidade do Conhecimento

    Essa parte da teoria do conhecimento é responsável por solucionar a seguinte questão: qual a possibilidade do conhecimento?

    Para que seja possível respondê-la, muitos autores recorrem a duas importantes posições: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo.

    • Dogmatismo

    É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de conhecer verdades universais quanto ao ser, à existência e à conduta, transcendendo o campo das puras relações fenomenais e sem limites impostos a priori à razão.
    • Existem duas espécies de dogmatismo: o total e o parcial.
    O primeiro é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou da Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devido à rigorosidade de adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a expressão máxima desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificação absoluta entre pensamento e realidade. 

    Como o próprio autor diz “o pensamento, na medida em que é, é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que é, é o pensamento puro”.

    Já o parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na intenção de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas circunstâncias e modos quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si.

    Alguns dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da ação. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Daí origina-se a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético.

    O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da possibilidade de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante (homo theoreticus) e afirmavam as razões primordiais de agir, estabelecendo as bases de sua Ética ou de sua Moral.

    Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, que não duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências enquanto ciências, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana.

    • Ceticismo

    Consiste numa atitude dubitativa ou uma provisoriedade constante, mesmo a respeito de opiniões emitidas no âmbito das relações empíricas. 

    Essa atitude nunca é abandonada pelo ceticismo, mesmo quando são enunciados juízos sobre algo de maneira provisória, sujeitos a refutação à luz de sucessivos testes.

    Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posição de reserva e de desconfiança em relação às coisas.
    Há no ceticismo – assim como no dogmatismo – uma distinção entre absoluto e parcial, ressaltando que este último não será discutido nesse trabalho.

    O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. Prega a necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenômenos. Segundo essa corrente, o homem não pode pretender nenhum conhecimento por não haver adequação possível entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os céticos absolutos, não há outra solução para o homem senão a atitude de não formular problemas, dada a equivalência fatal de todas as respostas.

    Um dos representantes do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna é Augusto Comte.
    • Resumo dos principais problemas da Teoria do Conhecimento
    A questão do conhecimento: Para compreender a si mesmo e o mundo os homens querem entender a sua própria capacidade de entender.
        
    Sujeito e objeto: Os dois elementos do processo de conhecimento – Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente. Para que exista conhecimento, sempre será necessária a relação entre dois elementos básicos: Um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos).
        
    As possibilidades do conhecimento: O ceticismo prega a impossibilidade de conhecermos a verdade. O dogmatismo defende a possibilidade de conhecermos a verdade.
        
    Ceticismo absoluto: Tudo é ilusório e passageiro. Consiste em negar de forma total nossa possibilidade de conhecer a verdade. Assim, o homem nada pode afirmar, pois nada pode conhecer. Ao dizer que nada é verdadeiro, o ceticismo absoluto anula a si próprio, pois diz que nada é verdadeiro, mas acaba afirmando que pelo menos existe algo de verdadeiro.
        
    O ceticismo relativo: Nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade.
        
    Dogmatismo: É uma doutrina que defende a possibilidade de conhecermos a verdade. Dogmatismo ingênuo: Consiste em acreditar plenamente nas possibilidades do nosso conhecimento.
        
    Dogmatismo crítico: Acredita em nossa capacidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e nossa inteligência.
        
    Empirismo: Defende que todas  as nossas  ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar).
        
    Racionalismo crítico e materialismo dialético: A experiência e o trabalho da razão depositam total e exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade.

    Se há conhecimento humano, existe a verdade, porque esta nada mais é do que a adequação da inteligência com a coisa.  Com a experiência da verdade, há consequentemente  a existência da certeza, que é passar a inteligência à verdade conhecida. A inteligência humana tende a fixar-se na verdade conhecida. Metodologicamente, há primeiro o conhecimento, depois a verdade, e finalmente a certeza. Tal tomada de posição perante o primeiro problema da critica é chamado dogmatismo. Sendo defendida por filósofos realistas, como por exemplo: Aristóteles e Tomás de Aquino.

    Se, ao contrário, se sustentar que a inteligência permanece, em tudo e sempre, sem nada afirmar e sem nada negar, sem admitir nenhuma verdade e nenhuma certeza, sendo a dúvida universal e permanente o resultado normal da inteligência humana, está se defendendo o ceticismo.

    O problema crítico representa um passo além do dogmatismo e do ceticismo. Uma vez que admite-se a existência da verdade (valor do conhecimento), e da certeza, pergunta-se então: Onde estão as coisas: Só na inteligência? Só na matéria? No intelecto humano e na matéria? Ou só na razão? (como dizem os grandes filósofos – idealistas, racionalistas e realistas).
    Para o idealismo o ente transcendental compõe-se somente de ideias. Para o materialismo, somente matéria. Para o realismo, idéias e matéria. Para o racionalismo, é razão. A crítica é a base necessária de todo o saber cientifico e filosófico, inclusive da própria ontologia.
    • Conclusão
    Esse trabalho buscou de forma concisa reunir informações gerais acerca da Teoria do Conhecimento, baseando-se na visão de Miguel Reale, reunindo conceitos e origem de algumas correntes, seus objetivos e representantes. (coladaweb.com)

    - Bibliografia
    Reale, Miguel, Introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 65-76;85-89; 119-123.
    • Veja também:
         https://leiturasredigidas.blogspot.com.br/