- Simples, porém difícil arte de conviver
Por que é tão difícil? Creio que sejam por causa de nossas convicções. Quanto mais uma pessoa é presa às suas opiniões, mais ela tem dificuldade para relaxar e e ouvir as outras meias verdades dos outros. Então, torna-se intolerante, brotam os preconceitos e os desrespeitos. Não que muitas pessoas não convivam bem, mas a grande maioria passa o tempo todo dentro do seu mundinho particular acreditando que outras pessoas maquinam contra ela e contra outros e arranjando maneiras para se livrar das armadilhas, que na maioria das vezes só existem dentro da cabeça delas.
Caetano Veloso já bem denunciava - “narciso acha feio o que não é espelho” Isso quer dizer que enxergamos nossas qualidades e os defeitos dos outros. E o que conseguimos com isso? Diariamente pessoas são maltratadas e até mortas porque possuem outras crenças, etnia, opção sexual, religião, time, e partido político diferentes. Países entram em confronto e jovens são sacrificados para lutar em guerras, que quase sempre não tem o menor sentido.
É, conviver nunca foi uma tarefa fácil. Ainda somos seres humanos fragilizados por convicções, prisioneiros da nossa própria mente; do que consideramos certo. E mais difícil ainda é ser capaz de quebrar essa barreira e ter capacidade de adquirir um pensamento crítico, capaz de duvidar de tudo, inclusive de si mesmo. E aceitar os outros com suas diferenças, pois afinal, não é por isso que lutamos? Pelo direito à diversidade?
- Arte de conviver por amor ao outro
Cada novo inverno os encontrava mais unidos, mais protegidos e resistentes. De repente, porém, passaram a se esquecer da proteção e do calor que recebiam dos outros. Começaram a reclamar dos espinhos dos companheiros e das feridas que nasciam pelo fato de viverem tão próximos. Esqueceram-se do rigor do inverno e se separaram.
De início, sentiram uma agradável sensação de liberdade e de alívio: não precisavam mais ter de suportar os dolorosos espinhos dos companheiros. Estavam livres do sofrimentos! Mas a sensação de liberdade não durou muito: isolados, passaram a morrer congelados. Seu número diminuía continuamente. Alguns sobreviventes perceberam que também morreriam, se não voltassem a se proteger mutuamente. Então, quando começou um novo inverno, dirigiram-se à antiga caverna. Procuraram, novamente, ficar perto dos demais, mas só o suficiente para se esquentar. Lembrados dos espinhos que cada um tinha, evitavam aproximações que pudessem causar novos sofrimentos. Descobriram que a convivência impunha-lhes limitações e dificuldades, mas somente dessa maneira tinham condições de sobreviver. Puderam, dessa maneira, atravessar a terrível Era Glacial, enquanto que outras espécies de animais desapareceram por causa do frio. Viver é conviver.
Temos o dom de nos acostumar com nossos próprios defeitos e manias. Julgamos até que eles são verdadeiras virtudes - daí nossa reação, interna ou externa, quando alguém ousa nos criticar.
Achamos que os outros, sim, é que têm comportamentos insuportáveis; são chatos, desagradáveis e não percebem os aborrecimentos que nos causam. Por que não mudam de comportamento? Por que não se esforçam para serem melhores? Por que temos de suportá-los? Se tivéssemos a coragem de promover uma grande reunião com todas as pessoas que convivem conosco, e lhes pedíssemos que apontassem nossos defeitos, talvez a reunião terminasse de maneira trágica: riscaríamos esses amigos e conhecidos de nossa vida.
Afinal, onde já se viu dizer aquilo tudo de mim? E eu que pensava que fossem meus amigos!..." Quem somos? O que pensamos de nos? Somos o que pensamos ser; somos o que os outros pensam de nós; mas somos, acima de tudo, o que pensamos de nós. Só nós temos a visão global a nosso respeito. Somos os únicos que nunca se decepcionam conosco.
É que uma decepção tem como origem determinada expectativa não realizada. Ora, se sabemos que seremos, futuramente, pó, frágeis e fracos. Por que razão nos julgamos muito sábios e santos? Os outros talvez reajam contra nós porque sentem nossos "espinhos". "Na verdade, para um porco-espinho, os próprios espinhos não incomodam; desagradáveis são os espinhos dos companheiros"...Viver é conviver. É mais do que isso: é crescer nos relacionamentos. E cresceremos se nossos relacionamentos forem marcados pelo amor. Amar é olhar cada pessoa com o olhar marcado pela misericórdia, pelo perdão, pelo carinho e pela capacidade de fazer nosso o sofrimento e a alegria do outro.
- Aprendizado colaborativo em pauta
- Fatores que atrapalham a convivência em grupo.
Aparência não é tudo em uma pessoa. E, antes de qualquer julgamento pessoal, devemos conhecer o que a pessoa tem de melhor. Todos nós temos defeitos e qualidades. Em grupo dividimos funções na qual um supera o defeito do outro e qualifica o trabalho geral, cooperando mutuamente.
- Defeitos comuns
Egoísmo é o hábito ou a atitude de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, ignorando o ambiente e as demais pessoas com que se relaciona. Prepotência, a falta de humildade e a crença de que somos superiores, nos impedem de dar valor ao que os outros tem a nos comunicar.
A Paz é uma cultura baseada na tolerância e no respeito aos demais. Discriminar é negar uma sociedade justa, onde todos temos direitos e deveres! Devemos olhar para o nosso próximo com um novo olhar, sem condenação, compreendendo e respeitando as diferenças. É preciso colocar-se sempre no lugar do outro.
O mundo seria tão favorável a todos se vivêssemos como um grande grupo de mútua cooperação.
A arte de viver é simplesmente a arte de conviver...
Simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil!
- Mario Quintana