A endocardite bacteriana mata e
pode surgir de uma simples dor de dente. Seguindo dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde), a doença é responsável por uma alta morbidade e por
significativas taxas de mortalidade. Em torno de 20% dos doentes não
sobrevivem. Porém, quando a endocardite bacteriana tem foco dentário ela chega
a ser responsável por cerca de 10% dos casos de morte, de vítimas de doenças no
coração, em todo o mundo.
Para quem ainda não conhece, a
endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio,
camada interna do coração da qual fazem parte as válvulas cardíacas. O
comprometimento da saúde bucal está diretamente associado à endocardite
infecciosa. A doença afeta o coração com rapidez e pode comprometer as funções
vitais, exigindo uma internação prolongada. Em 6 de novembro deste ano o atleta
norte-americano Laurence Young, Ala-armador da Internacional/Santos, aos 30
anos, morreu em um hospital do Litoral Norte Paulista vítima de uma endocardite
bacteriana de origem em uma infecção bucal. O Incor, que é um centro de
referência na doença, registra a cada mês dez a doze pacientes com endocardite.
Cerca de 40% destes casos têm origem bucal e são descobertos tanto por
infecções espontâneas, resultantes de dentes ou gengivas em mau estado, quanto
pela manipulação de área infectada para tratamento odontológico. Nestes casos,
o que provoca a doença é a bactéria Streptococcus viridans, que habita
normalmente a boca, sem provocar qualquer dano. Mas, ao entrar na circulação,
esta bactéria vai parar no coração e pode provocar a endocardite.
Fique atento: A boca é a maior
cavidade do corpo em contato com o mundo exterior. Porta de entrada do tubo
digestivo e auxiliar da respiração. Por suas características e funções, a boca
é um ninho de bactérias. Em apenas um mililitro de saliva pululam 150 milhões
de bactérias. Quando o equilíbrio entre essas bactérias se quebra podem surgir
o que dentistas e médicos chamam de doenças periodontais (gengivite e
periodontite), inflamações na gengiva ou no tecido que une os dentes ao osso.
Em suas formas mais graves, elas contribuem para o desenvolvimento de
distúrbios cardíacos. De cada dez brasileiros, nove sofrem em algum grau desse
tipo de afecção. Na maioria dos casos, ela decorre de uma higiene bucal
inadequada e da falta de visitas periódicas ao dentista.
As implicações da gengivite e da
periodontite seguem basicamente o seguinte caminho: inflamados, os tecidos se
tornam irritáveis e sangram durante a mastigação, pela ação da escova de dentes
ou do fio dental. Essa hemorragia, por sua vez, possibilita que os micróbios
que desencadearam o processo entrem na corrente sanguínea e cheguem a outras
partes do organismo. É relativamente fácil que isso aconteça porque a gengiva e
o periodonto têm irrigação sanguínea abundante. Por este motivo, a endocardite
bacteriana está mais presentes em vítimas de doença periodontal. Para evitar
esse mal as sociedades americanas de cardiologia e odontologia estabelecem que,
antes de se submeter a uma cirurgia na boca, todo paciente propenso a ter uma
endocardite bacteriana deve tomar, uma hora antes, uma dose de antibióticos. O
objetivo é evitar os riscos de infecção durante a operação.
- 90% dos brasileiros sofrem de
algum grau de doença periodontal, inflamações na gengiva ou no tecido que une o
dente ao osso
- 1 mililitro de saliva contém
150 milhões de bactérias
- 1 grama de placa bacteriana
abriga 100 bilhões de micróbios
- O risco de problemas cardíacos
é 25% maior entre pacientes com doença periodontal
Causa
A causa da endocardite
bacteriana é a presença de agentes infecciosos no sangue, que pode decorrer de
uma atividade normal, como espremer uma espinha ou escovar os dentes, o
diagnóstico se faz por métodos de ecocardiografia, e pela demonstração de
infecção sanguínea, através de hemocultura, a demonstração de bactérias livres
no sangue.
Tratamento:
O tratamento visa controlar a
infecção e a correção do fator que predispôs a endocardite. São longos
tratamentos, com muitas semanas de internação hospitalar, com uso de um grande
número de medicamentos, inclusive antibióticos, e muitas vezes necessitando de
cirurgia cardíaca.
Sintomas
Febre de longa duração, suores
noturnos persistentes, baço aumentado de volume, alterações cardíacas ou agravamento
súbito de uma doença cardíaca previamente existente.