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domingo, 29 de janeiro de 2017

Infância - Estou com saudades de ti


  • De vez em quando bate uma saudade da infância. 
Aquela saudade que a gente viaja nas lembranças com um sorriso melancólico nos lábios. Sinto saudades das brincadeiras no meio da rua. 

De correr, cair e ficar com os joelhos ralados na brincadeira conhecida como “pega-pega”.
 
Sinto saudade daquela felicidade simples. Às vezes a infância tem disso, possuímos tudo que precisamos para ser feliz, mas ainda não temos maturidade suficiente para perceber e aproveitar tudo.
 

Sinto saudade de esperar o Papai Noel chegar e de como descobri com alegria, não com tristeza, que eram meus pais que colocavam os presentes embaixo da cama.  Crianças são tão cheias de sonhos e isso é tão bom...
 

Sinto saudade de tudo. Mas lamento ter compreendido alguns sentimentos tão tarde. Tarde para aproveitar melhor experiências, momentos e oportunidades, mas ainda cedo, muito cedo para aproveitar tudo o mais que a vida tem para me dar. E eu quero aproveitar o que eu puder, antes que a vida resolva me deletar. Brilhamos forte como uma lâmpada, mas de repente apagaremos. Espero que alguns tenham aproveitado o meu brilho e, nesta claridade, tenham lido e aprendido bastante coisas úteis para sua vida.
 

- Mas o que temos para hoje é saudade...
  • Sinta o porque lendo o texto que segue:
  • "Triste geração que tudo idealiza e nada realiza" - Futuro comprometido?
Demorei sete anos (desde que saí da casa dos meus pais) para ler o saquinho do arroz que diz quanto tempo ele deve ficar na panela. Comi muito arroz duro fingindo estar “al dente”, muito arroz empapado dizendo que “foi de propósito”. Na minha panela esteve por todos esses anos a prova de que somos uma geração que compartilha sem ler, defende sem conhecer, idolatra sem saber porquê. Sou da geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler o manual de instruções ou simplesmente não faz. Sabemos como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, as mulheres mais representativas, o corpo mais saudável. Fazemos cada vez menos política na vida (e mais no Facebook), lotamos a internet de selfies em academias e esquecemos de comentar que na última festa todos os nossos amigos tomaram bala para curtir mais a noite. Ao contrário do que defendemos compartilhando o post da cerveja artesanal do momento, bebemos mais e bebemos pior.
 

Entendemos que as BICICLETAS podem salvar o mundo da poluição e a nossa rotina do estresse. Mas vamos de carro ao trabalho porque sua, porque chove, porque sim. Vemos todos os vídeos que mostram que os fast-foods acabam com a nossa saúde – dizem até que têm minhoca na receita de uns. E mesmo assim lotamos as filas do drive-thru porque temos preguiça de ir até a esquina comprar pão. Somos a geração que tem preguiça até de tirar a margarina da geladeira.
 

Preferimos escrever no computador, mesmo com a letra que lembra a velha Olivetti, porque aqui é fácil de apagar. Somos uma geração que erra sem medo porque conta com a tecla apagar, com o botão excluir. Postar é tão fácil (e apagar também) que opinamos sobre tudo sem o peso de gastar papel, borracha, tinta ou credibilidade.
 

Somos aqueles que acham que empreender é simples, que todo mundo pode viver do que ama fazer. Acreditamos que o sucesso é fruto das ideias, não do suor. Somos craques em planejamento Canvas e medíocres em perder uma noite de sono trabalhando para realizar.
 

Acreditamos piamente na co-criação, no crowdfunding e no CouchSurfing. Sabemos que existe gente bem intencionada querendo nos ajudar a crescer no mundo todo, mas ignoramos os conselhos dos nossos pais, fechamos a janela do carro na cara do mendigo e nunca oferecemos o nosso sofá que compramos pela internet para os filhos dos nossos amigos pularem.
 

Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos vemos mais, não nos abraçamos mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de chorar.
 

Somos a geração que se mostra feliz no istagram e soma pageviews em sites sobre as frustrações e expectativas de não saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada. Somos aqueles que escondem os aplicativos de meditação numa pasta do celular porque o chefe quer mesmo é saber de produtividade.
 

Sou de uma geração cheia de ideais e de ideias que vai deixar para o mundo o plano perfeito de como ele deve funcionar. Mas não vai ter feito muita coisa porque estava com fome e não sabia como fazer arroz.
  • Texto de (Marina Melz, revista Pazes)