quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Vida breve - Somos um breve pulsar


  • "Sou a gota d'água Sou um grão de areia"  - Legião Urbana.
A flor da pele, alma em conflito, coração em lágrimas.
 
Inútil mesmo tentar entender? É só apenas uma luz que se apaga? Que se perde na imensidão de um mundo? É de fato uma alma que caminha em busca de um caminho de paz?
 
De todas as religiões que o homem criou, e de todas as formas que elas buscam justificar a ida de alguém desse mundo, seja ela de forma precoce, de maneira demorada, ou de qualquer outro jeito. Seja por justiça, por fatalidade, por destino ou por uma bobeira logo ali na esquina, o meu coração não consegue entender. Talvez o de ninguém possa realmente compreender.
 
Um momento de sorriso, um último momento de olhar, um último suspiro...talvez de alivio, talvez de dor. Quem sabe?
 
A chama foi apagada, a alma deixou seu “recipiente”, foi viajar...pra qualquer lugar que nós daqui vamos imaginar da nossa forma, mas nunca da verdadeira forma até que a nossa vez chegue. Estou sendo dura com as palavras? Me desculpe, mas é que até no mundo das fantasias os heróis perdem, perdem seu brilho, apagam-se a sua chama.
 
Resta aqui agora, a todos, que independente de estar perto ou não, de estar logo ali do outro lado da sala ou a vários quilômetros, a reflexão...uma nova meditação que se abre toda vez que uma chama de vida se apaga por perto de nós. E tolos, seres humanos frágeis e tolos, esquecemos ou deixamos o tempo trazer de volta toda essa massa rotineira que nos engole diariamente.
 
Que nos trai, nos modifica, nos mata sonhos, nos desconstrói. Massa essa que não fará a menor diferença quando você se for daqui e deixar a sua massa corpórea, e ainda alguns reais no seu bolso do jeans rasgado parcelado em várias vezes para alimentar a indústria que te consome a alma dizendo que você tem que estar da forma como ela deseja, porque senão você não será desejado.
 
Quantas chamas ao seu redor serão necessárias se apagar para que você acorde agradecendo por mais um dia? Para que você seja o melhor que possa ser, mesmo que o outro não esteja sendo? Para que você dê um “bom dia” e deseje um “bom trabalho” para uma pessoa que não conhece? Para que você possa olhar nos olhos de alguém que ama e dizer que sente isso e que ela é importante?
 
Somos um breve sopro, e em nossa mente doentia, ainda somos super-heróis, chefões, muralha, superiores. Somos um pulsar, mas a sociedade continua dizendo que você não deve aceitar a velhice, que não deve aceitar as transformações do seu corpo, que você deve se adequar.
 
Somos uma chama, de um calor de alma, calor esse que nos foi dado para manter a do próximo acesa, não para apagá-la na primeira oportunidade.
  • publicado em recortes por Daniela Santos - obviousmag.org