- Com a colaboração de muitos economistas, o PMDB trabalha em uma ampliação do projeto chamado ‘Uma Ponte para o Futuro’.
Lançado pela Fundação Ulysses Guimarães, em novembro do ano passado. O documento lista uma série de medidas que seriam tomadas para tirar o Brasil da chamada “estagnação econômica” e que seriam “quase um consenso no país”.
No dia do seu lançamento, o vice-presidente Michel Temer foi seu porta-voz, em Brasília. Agora, os peemedebistas já tratam o documento como um programa de governo.
No documento original, que teve o aval de Temer, em 19 páginas são feitos apontamentos para equilíbrio das contas públicas. Entre os temas principais que o partido pretende debater estão a inflação, a idade mínima para aposentadoria, a redução de juros e uma maior parceria com o setor privado. Nos programas estatais, o partido quer criar um comitê que pretende revisá-los anualmente, podendo suspendê-los ou não.
“Hoje os programas tendem a se eternizar, mesmo quando há uma mudança completa das condições. De qualquer modo, o Congresso será sempre soberano e dará a palavra final sobre a continuação ou fim de cada programa ou projeto”, diz o texto.
Só esse ponto motivou a presidente Dilma Rousseff (PT) a citar em discurso na internet, no sábado, que o principal objetivo do impeachment é acabar com os programas sociais. “Querem revogar direitos e cortar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida”, disse a presidente na gravação. Temer reagiu e, em seu perfil pessoal do Twitter, negou que os programas seriam cortados. “Mentira rasteira”, escreveu.
Para o cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Valter Duarte, o programa é “extremamente neo-liberal”. “O programa diz, de forma ampla, que vai mensurar o custo-benefício de programas estatais. Não cita quais, ou seja, pode ser qualquer um, até o Bolsa-Família, sim. Mas como mensurar os benefícios que promovem o bem-estar social? É uma desculpa para deixar em aberto possíveis mudanças ao entendimento dos banqueiros”, afirma.
Já o economista Raul Velloso não fez críticas ao programa. Para ele, as medidas seriam as melhores para a economia. “Em geral, achei muito bom.
É aquilo para que esperávamos que o PT iria evoluir. Nós estamos precisando de um choque liberal no Brasil nesse momento. Vivemos uma guinada populista que controla preços e tarifas públicas básicas, fazendo a inflação disparar. Medidas liberais são o oposto disso.”
Para Velloso, a questão do corte do Bolsa Família e ‘Minha Casa e Minha Vida’ seria quase nula. “Dificilmente esses programas seriam cortados, pois são bem avaliados”, opinou.
- UMA PONTE PARA O FUTURO
- APOSENTADORIA
- JUROS
- CONTAS DO GOVERNO
- BANCO CENTRAL
- PROGRAMAS ESTATAIS
- ÁREA TRABALHISTA
- SETOR PRIVADO
- COMÉRCIO EXTERIOR
- PROGRAMA REVISTO
Segundo Moreira, há um consenso na revisão de subsídios, entre eles, o uso do FGTS, a fundo perdido, para financiar o ‘Minha Casa Minha Vida’.
“Isso precisa ser enfrentado antes que vire um grande problema: estão levando o FGTS ao limite”, disse Moreira.
Na área da educação, o Pró-Uni, programa para universidades privadas, seria estendido ao Ensino Médio. Já o Pronatec se tornaria mais seletivo. O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) teria regras mais rígidas. O SUS também sofreria uma reforma.
Segundo o jornal ‘Estado de S. Paulo’, o combate à desigualdade social será mantido, mas vai se concentrar nos 10% mais pobres, que vivem com menos de US$ 1 dólar por dia.
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