domingo, 24 de abril de 2016

VIVER E SABER - Aspirina - Bene e malefícios



  • Amor a primeira vista
É muito comum, no meu cotidiano, você me ver proferir a frase que intitula este post, pois qualquer dorzinha de cabeça ou moleza no corpo me levam a procurar por aspirina. Desde que me entendo por gente (com 5 ou 6 anos de idade), minha mãe me levava à Farmácia do seu Luiz Enfermeiro ou do seu Gonzaga Biluca, onde adquiríamos este comprimido que me conquistou. Além da eficácia, que eu não ligava muito, pois nem gostava do gosto, o design do comprimido com o nome Bayer cruzado, a cor verde e branca da embalagem, Ah!, era a menina dos meus olhos. Conheça um pouco, sobre o que é, e do que é capaz a aspirina:
  • A aspirina
É o nome comercial do ácido acetilsalicílico (experimente falar isso rápido), um derivado do ácido salicílico. A substância existe em uma flor muito usada em buquê de noivas, as do gênero Spiraea, e é comum em toda a Europa. Hipócrates, em 4 a.C., já tinha notado que ela diminuía a dor. Mas foi só em 1899 que o químico alemão Felix Hoffmann conseguiu uma fórmula estável do ácido.

Hoffmann estava tentando achar algo que aliviasse o reumatismo de seu pai quando trombou com o ácido. Ele trabalhava com materiais de despejo em uma fábrica de corantes chamada Bayer. Sim, a Bayer só virou farmacêutica depois de registrar a patente da aspirina em 1900. Depois disso, resolveu investir em remédios (e lançou até a heroína, tirada do mercado em 1913).

A aspirina inibe a ação das prostaglandinas, uma substância que age como um hormônio, que ajuda na coagulação sanguínea (Por isso, a aspirina é proibida em caso de dengue hemorrágica: ela inibe a coagulação.). As prostaglandinas também são responsáveis por irritar os nervos e por enviar o sinal de dor ao cérebro.
  • A cura...
Um estudo de 2010, da Universidade de Oxford, descobriu que 1 dose diária de 75 mg (é pouco: 1 comprimido tem 500 mg) diminui o risco de morrer de câncer - qualquer um - em 20%! Outro uso clássico da aspirina é para proteger o coração de doenças, já que ela também impede a formação de coágulos. Mas...
  • ...E a morte
...Antes de começar a tomar, é bom saber que há estudos mais recentes que contestam o uso diário, já que a aspirina pode causar sangramentos. Estima-se que o uso indiscriminado de aspirina - e de outros anti-inflamatórios não esteroides - mate quase 8 mil pessoas por ano só nos EUA e no Canadá.

Ainda assim, a aspirina não é necessariamente o analgésico mais usado. Em 2007, analgésicos como Advil, Tylenol e Aleve estavam entre os cinco principais analgésicos vendidos; a aspirina não. Segundo médicos, quando a pessoa está sofrendo muito, precisa de um analgésico mais forte. Na maioria dos casos, uma aspirina infantil por dia não faz ninguém se sentir melhor ou pior.

E, além de seus benefícios, é bom manter as desvantagens da aspirina em mente. Como analgésico, os efeitos da aspirina são potentes, mas de curta duração. A forma com que ela inibe as enzimas no estômago pode causar úlceras, que podem ser especialmente prejudiciais em combinação com a diminuição da coagulação.

Nenhum paciente deve apenas tomá-la, sem consultar um médico. Alguns suplementos, tais como óleo de peixe e alho, podem causar problemas de sangramento em combinação com aspirina. A aspirina não é aprovada para crianças menores de 2 anos, e deve ser usada com precaução em pessoas muito jovens por causa de uma possível ligação com a síndrome de Reye.
  • Em que casos deve ser tomada?
Tenho ouvido muitas vezes dizer que a aspirina é um medicamento que não serve apenas para combater uma dor de cabeça mas que deve ser tomada regularmente pois faz bem ao organismo e pode até prevenir doenças de coração. Gostaria de saber se esta informação é verdadeira e se a aspirina pode ser benéfica ou traz riscos para a saúde. Em que casos deve ser tomada? E quando deve ser evitada? Que doses são consideradas aceitáveis?

A aspirina é um medicamento que é utilizado com grande sucesso na prevenção secundária, ou seja, nos indivíduos que sofreram um evento cardiovascular, por exemplo um infarte do miocárdio ou um acidente cerebrovascular, nos quais se pretende evitar a repetição de um novo evento. Nestes doentes, o emprego da aspirina é de grande benefício.

Na prevenção primária, ou seja, nos indivíduos saudáveis em que o objetivo é evitar que ocorra pela primeira vez um evento cardiovascular, a utilização da aspirina deve ser reservada apenas para os casos de maior risco, após avaliação pelo médico do risco cardiovascular global. Logo o emprego da aspirina nestes indivíduos saudáveis não deve ser generalizado, mas apenas por prescrição do clínico.

Embora a aspirina seja um excelente medicamento não é isenta de riscos, como a eventual, embora rara ocorrência de hemorragias digestivas, pelo que só deve ser administrada nos indivíduos em que possa reduzir significativamente o risco de problemas cardiovasculares.

Noutro tipo de doentes, como os diabéticos, dado que o seu risco cardiovascular é muito elevado a aspirina faz parte dos medicamentos que devem ser empregados para reduzir o risco de sofrerem uma complicação cardiovascular. As doses são em geral baixas, da ordem dos 80 a 100 mg por dia ou até mesmo em dias alternados.

Deste modo consegue-se uma ótima eficácia preventiva e reduz-se a potencial agressividade ao tubo digestivo.

Em conclusão, a aspirina mesmo em pequenas doses não deixa de ser um medicamento, pelo que é mais prudente utilizá-la apenas mediante recomendação médica, em geral associada a outros fármacos e a um estilo de vida saudável. - http://saberviver_cardiologia.blogs.sapo.pt/
  • O CORAÇÃO E A ASPIRINA - Dados históricos sobre a aspirina
A aspirina, usada desde 1875, é a substância salicilato de sódio derivada da planta Salix alba, usada como antitérmico desde a Antigüidade. O chá de Sabugueiro (Sambucus nigra), no Brasil, é usado como antitérmico e analgésico. A aspirina obtida de fontes naturais é mais cara do que a produzida industrialmente.

Desde a sua descoberta e a produção industrial da aspirina, ela sempre foi usada como analgésico e antitérmico. Ela tem ainda outras propriedades terapêuticas, como anti-inflamatório, uricosúrico e estimulante. Se admite que a aspirina seja o estimulante mais usado em todo o mundo. Muitas pessoas tomam a aspirina como profilático, "para não terem dor de cabeça". Pode-se reconhecer pessoas viciadas em aspirina por terem um modo particular de falar.

Em 1920, o laboratório Bayer, da Alemanha que lançou a aspirina industrial no mercado, acrescentou ao seu produto o slogan " "A Aspirina não faz mal ao coração". Se dizia na época ser ela prejudicial ao coração. Por ironia da história, os anos revelaram o contrário.

Por dia, se consomem, só nos Estado Unidos, 80 milhões de comprimidos de aspirina. A produção de aspirina no Brasil cobre 80% do seu consumo, o restante é importado. Durante muitos anos a aspirina era oferecida no mercado associada à cafeína visando diminuir os efeitos depressivos dela ao coração. Ainda hoje existem no mercado muitos produtos onde a aspirina é oferecida junto com outros medicamentos visando diminuir os seus efeitos indesejáveis sobre o sistema digestivo. Esses produtos geralmente são bem mais caros e não oferecem vantagens para a grande maioria dos pacientes. A aspirina desde a sua descoberta está cercada de opiniões divergentes quanto ao seu uso, indicações, riscos e benefícios. Não poderia ser diferente quando se trata de sua indicação mais recente, qual seja a de prevenir as doenças cardiovasculares: angina, infarto, derrame, etc.
  • Argumentos a favor do uso da aspirina
1. Aspirina ajuda a prevenir ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais isquêmicos.
2. A aspirina é um medicamento eficaz e barato.
3. A aspirina interfere na produção de plaquetas e assim altera o propensão para a formação de trombos (coágulos) reduzindo os riscos de acidentes cardiovasculares.
4. Por ano morrem nos Estados Unidos cerca de 900.000 pessoas em decorrência de acidentes vasculares cerebrais ou cardíacos. Calcula-se que de 5.000 até 10.000 dessas mortes poderiam ser evitadas com o uso da aspirina. - https://www.abcdasaude.com.br
  • Continuar ou Parar Aspirina antes de Cirurgia Coronária
Pacientes sabidamente coronarianos, principalmente após uma síndrome coronariana aguda, recebem recomendação de utilizar aspirina na prevenção primária e secundária de infarto agudo do miocárdio (com efeito, também sobre acidente vascular cerebral e morte). Muitas vezes tais pacientes acabam se tornando candidatos a cirurgias de revascularização coronária, e então surge um impasse, pois a aspirina aumenta o risco de sangramentos. A prática mostra que há muita variabilidade quanto à suspensão ou não da aspirina no pré-operatório, mas ao mesmo tempo não está claro na literatura qual conduta deve ser tomada.
  • O Estudo
Esse é um ensaio clínico randomizado, que teve um delineamento 2x2 em termos de aleatorização dos pacientes que entraram em programação de cirurgia da artéria coronária e em risco de complicações perioperatórias. Os pacientes foram randomizados a receber aspirina ou placebo e ácido tranexâmico ou placebo.

Foi utilizado um delineamento experimental fatorial 2X2 para atribuir aleatoriamente pacientes que foram programados a se submeter à cirurgia da artéria coronária e estavam em risco de complicações perioperatórias para receber aspirina ou placebo e ácido tranexâmico ou placebo. Os resultados do estudo com aspirina são relatados aqui. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente para receber 100 mg de aspirina ou placebo no pré-operatório. O desfecho primário foi um composto de morte e complicações trombóticas (infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, insuficiência renal, ou infarto do intestino) dentro de 30 dias após a cirurgia.

Entre 5.784 pacientes elegíveis, 2.100 foram inscritos; 1.047 foram randomizados para receber aspirina e 1.053 para receber placebo. Um evento de efeito primário ocorreu em 202 pacientes no grupo tratado com aspirina (19,3%) e em 215 doentes no grupo placebo (20,4%) (risco relativo, 0,94; intervalo de confiança de 95%, 0,80-1,12; P = 0,55). Hemorragia maior levando à reoperação ocorreu em 1,8% dos pacientes no grupo tratado com aspirina e em 2,1% dos pacientes no grupo de placebo (P = 0,75) e tamponamento ocorreu com uma frequência de 1,1% e 0,4%, respectivamente (P = 0,08).
  • Aplicações Práticas
Esse é um excelente estudo randomizado que traz luz a uma grande questão prática que é a suspensão ou não de aspirina no pré-operatório de pacientes coronarianos que farão cirurgia coronária. Os resultados mostraram que a administração de aspirina pré-operatória não resultou em maiores riscos de hemorragia do que o placebo, nem em maiores riscos de morte ou complicações trombóticas (apesar de uma tendência protetora nesse sentido). Pelo menos com base nesse estudo, não seria necessário recomendar a suspensão da aspirina nesses casos. Por outro lado, como os resultados foram comparáveis no grupo placebo, ainda fica a dúvida do que é mais custo-benefício. Pelo menos fica claro que “esperar” o efeito da aspirina passar para operar não faz sentido.
Autor: Lucas Santos Zambon - Doutorado em Ciências Médicas pela Faculdade e Medicina da USP. - Supervisor do Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. - Diretor do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente. 
  • Evitar a aterosclerose
O meu pai tem 63 anos, está aposentado e tem uma vida sedentária.  Não é obeso, mas tem hipertensão e sempre teve tendência para abusar de alimentos pouco saudáveis, como as carnes e enchidos. Recentemente, foi-lhe diagnosticada aterosclerose. Que tipo de alimentação deve ter para evitar possíveis consequências deste problema?

Ter saúde e sentir-se jovem e com energia depende mais do estilo de vida do que dos cuidados médicos, por melhores e mais especializados que estes sejam. Neste contexto, a alimentação é o fator mais importante. Se  o seu pai ingerir, de preferência, peixe, vegetais e frutas em quantidade, proteínas em doses adequadas, gorduras saudáveis (azeite e leite vegetais) em quantidades moderadas, alimentos ricos em fibra vegetal e beber moderadamente suco natural tinto de uvas , conseguirá evitar muitas doenças e provavelmente atrasar o processo de aterosclerose. 

Preferir alimentos saudáveis, controlar as quantidades e comer devagar fará a diferença, proporcionando-lhe mais saúde e energia. As alterações dos hábitos não precisam de ser drásticas. Por outro lado, os benefícios para a saúde e bem-estar resultantes da atividade física são tão importantes que ninguém deve permitir-se não ter uma vida ativa. Nunca é tarde demais para iniciar um programa de atividade física. Se o seu pai quer ter uma ótima saúde e aumentar a energia, deve dedicar, na maior parte dos dias, cerca de 20 a 30 minutos a atividades aeróbias, como a caminhada, nem que seja dar várias voltas em seu próprio quintal, melhor que nada. Tomar Sol nas horas permitidas, sem proteção, é imprescindível, para absorção de vitamina E.
  • Aspirinas e Urubus
Filme brasileiro de 2005, e o longa-metragem de estréia do diretor Marcelo Gomes. Foi rodado nas cidades de Patos, Picote, Pocinhos e Cabaceiras, no sertão da Paraíba. Cinema, Aspirinas e Urubus foi indicado pelo MinC para concorrer a uma indicação de Melhor Filme em Língua Estrangeira na edição de 2007 do Oscar. A História se passa no sertão nordestino de 1942 e fala de um alemão, que para fugir da Segunda Guerra Mundial, vem trabalhar como vendedor de aspirinas para cidades no interior do Nordeste. Ele conhece Ranulpho, um paraibano que quer ir para outra cidade tentar trabalho.  
  •  Aspirinas e urubus é o relato de Ranulpho sobre essa sua viagem.