CRÔNICAS - MIGUEL FALABELLA – Nunca disse o quanto amei
- A coisa começou por causa de uma mariposa que estava se debatendo na pia, provavelmente queimada depois do choque com a lâmpada – o inevitável encontro entre mariposas e luzes. Uma das asas desaparecera - nunca mais o voo ao encontro da chama – sempre na direção da luz, como se ali, engolida por ela, pudesse voltar a ser lagarta, como se ali encontrasse outra vez a segurança do casulo. Achei que deveria abreviar-lhe o sofrimento e atirei um jato de inseticida sobre seu corpo. A agonia demorou mais do que supunha e acabei sendo espectador de seus últimos espasmos.