O futuro ainda não existe e, quando chegar, deixará de ser futuro, para ser presente.
O passado já deixou de existir e, quando existiu ainda não era passado, mas sim, presente. O presente é o único momento que realmente existe para nós.
O que realmente conta é o momento presente.
É no presente que devemos colocar nossa energia, nossa atenção, nossa concentração.
É no presente que devemos investir nossa ação, pois é no presente que podemos modificar as consequências do passado e mudar as perspectivas e possibilidades para o futuro.
- O futuro já aconteceu e o tempo é uma ilusão
O que é futuro para você já está registrado na memória de outro alguém nesse lugar. Para você, seu filho não nasceu? mas para seu irmão, ele já tem dez anos. Ou seja, talvez você nem tenha resolvido se terá filhos ou não, mas você não tem escolha. Daqui a alguns anos, seu filho terá 20. Você já deve ter percebido que a liberdade de poder decidir é uma mera ilusão nesse universo. Podemos tanto decidir o que faremos amanhã quanto uma pedra.
Isso foi descoberto por um alemão em 1905 e inspirou várias teorias surpreendentes, de por no chinelo qualquer obra de ficção. O nome do tal descobridor era Albert Einstein e o lugar a quem nos referimos desde o início é o nosso próprio universo.
- A distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente? - disse Einstein uma vez numa carta em 1955.
Mas não existe algo mais concreto que a passagem do tempo! Nascemos com a consciência de que as horas passam no mesmo ritmo para todas as pessoas, e que viajamos juntos para o futuro. Como isso pode ser uma ilusão?
Vamos complicar sua mente um pouquinho? Segundo Einstein, o tempo é um lugar, uma dimensão onde andamos até morrer. Enquanto você lê essa matéria, o tempo passa, não? Na verdade, você está cruzando o tempo num meio de transporte invisível nesse instante.
Se isso ainda não foi suficiente, saiba que esse meio de transporte é bem rápido, anda numa velocidade de 1,08 bilhão de km/h, a exata velocidade da luz. Einstein também afirmou que o tempo e o espaço são a mesma coisa, que na verdade é chamado de espaço-tempo.
Se você prestou atenção, temos um probleminha. Como você deve saber, nada pode viajar mais rápido que a luz. Mas você já está andando na velocidade da luz, então e se você se levantar agora e ir até a cozinha pegar um copo de água e andar a 5 km/h? Você está ultrapassando a velocidade da luz?
Não, essa velocidade sai de algum lugar, mais precisamente dos motores que empurram o tempo. Imagine que a velocidade do tempo é um banco. Ela empresta um pouco de sua velocidade para todas as coisas que se movem. Mas claro que isso tem um preço: faz seu relógio perder velocidade, ou seja, o tempo anda mais lentamente para você. Aí as coisas ficam mais interessantes?
Exemplo: imagine que esteja sentado em frente à seu computador, você está atravessando o tempo a 1,08 bilhão de km/h. Ou seja, 1 minuto irá passar em 1 minuto mesmo, nada demais. Mas aí em algum universo paralelo você ganhou na loteria e comprou um Bugatti Veryon e decidiu dar uma voltinha com ele à 180 km/h, por exemplo. Aí então você pega emprestado 180 km/h do banco do tempo, e o que acontece? Seu relógio anda mais devagar, seu tempo passa mais lentamente em relação à todos os que estão parados no momento. Um momento que durava exatos 60 segundos passa a durar 59,99999999999952 segundos. O carro está te acelerando, mas está freando seu relógio, entenda bem, o SEU relógio. Nada muda do lado de fora do carro. Após uma hora à 180 km/h, você viajou 0,0000000576 milésimo de segundo para o futuro. Insignificante, não?
Tanta complicação para chegar nisso? Infelizmente (ou não), as velocidades que vivenciamos no nosso cotidiano são extremamente pequenas, sendo insuficiente para realizar algum efeito notável sobre a passagem do tempo. Parece que o crédito de 1,08 bilhão é mais que suficiente?
Mas será que o banco do tempo pode entrar em falência?
Sim, quando a velocidade de um corpo é muito alta. Se uma nave andar a 1 bilhão de km/h, por exemplo, o banco estará quase falindo?
Exemplo: imagine que seu Bugatti pudesse viajar na mesma velocidade da nave. Há um bar na rodovia, e há alguém no bar. De repente, surge um ladrão, que está com uma arma na cara do sujeito. Aí você passa com seu Bugatti na rodovia à 1 bilhão de km/h. Em seu relógio, são 12h15, e quando você passar em frente ao bar não verá o sujeito sendo ameaçado pelo ladrão. Lembre-se que o tempo passou mais devagar para você que estava viajando à 1 bilhão de km/h. Enquanto seu relógio marca 12h15, o relógio do bar marca 12h30! Somente o seu tempo freou. Você viajou para o futuro.
Mas o que você vê em frente ao bar? Você verá algo que, para o homem que está com uma arma na fuça, não foi ainda decidido. O que temos? Um paradoxo. Você e o sujeito vivem o mesmo instante, um momento em que ambos chamam de agora. Mas para ele é futuro algo que já está fixado em sua memória, do seu passado.
A confusão toda ainda não acabou. De acordo com Einstein, enormes distâncias também distorcem a ideia de que haja um agora igual para todos. Ou seja, para alguém numa outra galáxia, o momento em que você lê esse artigo pode ser interpretada como um distante passado.
"A concepção dele sobre o que existe neste momento no Universo pode incluir coisas que parecem completamente abertas para nós, como o vencedor das eleições presidenciais dos EUA de 2100. Os candidatos ainda nem nasceram, mas na ideia dele sobre o que acontece exatamente agora já vai estar o primeiro presidente americano do século 22", escreveu o físico Brian Greene, da Universidade Columbia, nos EUA, em seu livro The Fabric of the Cosmos (O Tecido do Cosmos).
Então o futuro já aconteceu?
Se essa afirmação é verdadeira, então obviamente não podemos escolher como será nosso dia de amanhã. No universo de Einstein e sua Teoria da Relatividade, não há liberdade de escolha. Tudo está escrito. Nossas escolhas já estão escritas no tecido da realidade.
Bom, já que nada podemos fazer para mudar o futuro, podemos pelo menos prevê-lo? Não. Nada pode computar mais rápido que o universo.
Sir Roger Penrose, da Universidade de Oxford e considerado o maior especialista em Relatividade do planeta, concorda: "Mesmo que o mundo seja completamente determinado, como diz a teoria, ele certamente não é computável".