segunda-feira, 12 de maio de 2025

A Mentira Que Inventamos para Suportar a Vida

 

A Negação da Morte - Ernest Becker

Ninguém acorda pensando: "Hoje é o dia que eu vou morrer." Mas desde o instante em que você nasceu, seu tempo começou a ser descontado. Cada aniversário é uma celebração inconsciente de sobrevivência. Cada risada, cada conquista, cada briga sem sentido, cada plano pro futuro. Tudo acontece sob um teto que você finge não ver, o teto do fim. Vivemos cercados por essa farsa. Pessoas morrem ao nosso redor o tempo todo. Vizinhos, amigos, conhecidos. Gente que almoçou ontem e hoje já não respira mais. E mesmo assim, no dia seguinte, você volta ao trabalho, reclama do trânsito, se estressa por uma fatura, publica uma selfie, faz planos para as próximas férias, como se a morte não existisse para você, como se de alguma forma fosse diferente com você. 

Essa é a mentira. A mentira mais eficiente que a humanidade já contou, a mais necessária também. Ernest Becker, em seu livro A negação da morte não suavizou as palavras. O ser humano é o único animal que sabe que vai morrer e isso o apavora tanto que precisou inventar um mundo simbólico para suportar a vida. Precisou acreditar que tem um propósito maior, uma história especial, uma missão. Precisou se distrair com trabalho, com status, com relacionamentos. Precisou criar religiões, países, culturas. Precisou se agarrar a qualquer coisa que fizesse parecer que a morte não é o ponto final. Você já percebeu como ninguém fala sobre isso em voz alta? Como é desconfortável admitir que o tempo está passando e que tudo o que você é, sente e ama vai deixar de existir. Como é desesperador lembrar que todas as pessoas que você conhece, inclusive você, estão numa fila invisível esperando pela própria morte. A negação da morte é o que sustenta a nossa sanidade. E Becker foi além. Ele mostrou que todo o comportamento humano, desde a busca por poder até os pequenos rituais cotidianos, nasce dessa tentativa de se tornar imortal, nem que seja na memória dos outros, nem que seja em forma de legado, nem que seja em álbuns de família ou em uma pedra com seu nome no cemitério. 

O terror da morte não paralisa, ele move. E é exatamente por isso que o mundo parece girar sem parar. Não por amor à vida, mas por medo do fim. Hoje a gente vai rasgar esse véu e olhar com a brutalidade que merece para a mentira que inventamos para suportar a vida. A vida comum é um espetáculo de distração. Todos os dias, bilhões de pessoas acordam, vestem roupas, comem, saem de casa, trabalham, fazem planos, acumulam objetos, sentem orgulho, vergonha, inveja e amor. E fazem tudo isso como se a morte fosse apenas um detalhe estatístico, uma exceção, um evento que sempre acontece com o outro. Essa é a primeira grande ironia da existência. Saber que o fim é certo e mesmo assim agir como se fosse impossível. Não é só otimismo ou ingenuidade. É um mecanismo psicológico brutal e sofisticado. 

Ernest Becker chamou isso de negação vital, um pacto silencioso entre o cérebro e a consciência. Para que você funcione, é preciso que esqueça, recalque, bloqueie a verdade do fim. Becker escreveu: "A ideia da morte, o medo dela, assombra o ser humano como nada mais. É uma fonte de angústia que o acompanha do berço até o túmulo. Mas essa angústia não é tão visível quanto parece. Ela se camufla nos detalhes mais banais. Quando alguém adia uma consulta médica por meses, mesmo com sintomas óbvios, o que está acontecendo não é apenas preguiça ou descuido, é negação. Quando uma pessoa adquire uma dívida absurda para comprar um carro que diz muito sobre ela, isso não é só vaidade, é uma forma disfarçada de buscar significância, de construir uma identidade forte o bastante para enganar o medo da insignificância e da morte. A cada objeto que acumulamos, a cada meta que estipulamos, a cada estilo de vida que tentamos encenar, o que estamos fazendo na essência é afastar o pensamento sobre a nossa finitude. Não se trata de luxo, gosto ou status. Trata-se de um antídoto simbólico contra a noção de que somos apenas carne e tempo. 

Becker foi claro: "O homem não pode se livrar do terror da morte, apenas pode reprimi-lo. E essa repressão é o preço que paga pela sanidade. Essa repressão está por trás de nossas rotinas. Ela se esconde na conversa trivial de elevador, na risada forçada durante um almoço em família, nas brigas infantis entre casais, nas preocupações exageradas com status profissional. Toda vez que você se ocupa com problemas que parecem grandiosos, mas que no fundo são ridículos diante da morte, você está sem saber, exercendo a negação. É este o motor oculto da vida social. Distração organizada. Viver dentro da ilusão de que você é mais que um animal mortal. Viver dentro da ideia de que seu dia não é apenas mais um dia a menos, mas um passo em direção a algum lugar que ninguém sabe onde fica. 

E aqui mora o ponto mais cruel do raciocínio de Becker. O ser humano inventou o conceito de vida com sentido, porque a verdade, nua e crua, seria insuportável. Olhe ao redor. Ninguém vive como quem vai morrer. Todos vivem como quem está imune, como quem tem tempo de sobra, como quem foi enganado, e pior, como quem aceitou de bom grado ser enganado. Esse é o poder da negação. Ela não é um erro, é uma necessidade. Sem ela, a civilização não duraria uma semana. Sem ela, ninguém sairia da cama. 

Becker entendeu que na raiz de cada comportamento humano existe essa negação silenciosa, esse pacto com o esquecimento. Porque aceitar de verdade que a qualquer segundo tudo pode acabar é algo que a mente não suporta. E é por isso que seguimos comprando, brigando, sonhando, sofrendo, como se o tempo não estivesse impiedosamente nos engolindo. Há algo estranho no comportamento humano, algo que não se encaixa na lógica da nossa finitude. Sabemos que somos passageiros, sabemos que tudo acaba, mas vivemos como se fôssemos eternos. Construímos, acumulamos, competimos, matamos e morremos por pedaços de papel, por bens que não cabem no caixão. Se a consciência da morte estivesse realmente ativa no seu dia, você não sofreria por perder dinheiro. Não se consumiria de inveja, não odiaria quem tem mais do que você. Não passaria os dias trancado numa sala, matando sua juventude em troca de status. A verdade é que a morte está silenciada em sua mente, esquecida de propósito. 

Becker enxergou isso com precisão cirúrgica. Segundo ele, o ser humano criou um antídoto psicológico para esse medo insuportável do fim, o projeto de imortalidade. Ele escreveu: "O homem precisa sentir que sua vida importa de alguma maneira, que ele é herói, que seus atos e pensamentos contam para algo duradouro. E é por isso que você vê a humanidade obsecada pela ideia de deixar um legado. As pessoas se matam de trabalhar não pelo salário, mas pelo que o salário representa. Uma prova de valor, uma assinatura simbólica no mundo. A busca por glória, fama, reconhecimento, sucesso financeiro, filhos, seguidores, livros, empresas, é sempre a mesma tentativa. Inscrever o próprio nome na eternidade, fingir que de algum jeito não será esquecido. 

É por isso que a pergunta que mais deveria incomodar qualquer ser humano é também a mais evitada. O que levaremos conosco na morte? E a resposta é clara, óbvia e incômoda. Nada, nem a casa, nem o carro, nem as roupas, nem mesmo as suas lembranças. Você não leva sequer o próprio nome. Tudo desaparece. Tudo volta ao nada. E no entanto, aqui estamos matando, traindo, destruindo, acumulando, como se o jogo da vida tivesse prêmio no final, como se existisse um placar, como se o último suspiro fosse uma vitória. 

Essa é a ilusão. O mundo é construído sobre ela. E os estoicos sabiam disso muito antes da psicologia moderna. Memento mori. Lembre-se que você vai morrer não como uma ameaça, mas como um lembrete de que a vida é curta demais para ser desperdiçada em guerras interiores, em desejos vazios, em pequenas vaidades. 

Becker escreveu que toda a cultura é uma construção simbólica contra o terror da morte. A religião promete a eternidade, a política promete a história. O trabalho promete o legado. O amor promete a lembrança. Tudo isso é tentativa de negar a mesma coisa, o fim. E talvez o maior gesto de coragem não seja conquistar o mundo, mas aceitar que no final o mundo não será suficiente. O que levaremos conosco? Nada além da forma como tratamos quem estava ao nosso lado. Nada além do amor que entregamos e talvez o amor que conseguimos aceitar. Todo o resto é ilusão, o resto é poeira. E se há algo que pode de fato salvar um ser humano do desespero existencial, não é dinheiro, poder ou status. 

É exatamente o que os estoicos apontaram e o que Becker concluiu em suas páginas. Só o amor nos pode salvar. Não porque ele dure para sempre, mas porque ele faz o agora valer a pena. Mesmo sabendo que o fim é inevitável. A morte é certa. O que fazemos com esse breve intervalo é o que importa. Há uma verdade que ninguém gosta de ouvir, mas que governa cada sociedade desde os tempos antigos. O paraíso foi inventado para que a vida fosse suportável. A ideia de um depois não é apenas um conforto espiritual, é um escudo contra o colapso psicológico. Becker afirmava que as religiões não surgiram porque o ser humano é naturalmente espiritual, mas porque ele é inevitavelmente mortal. O medo da morte é o solo em que toda a religião nasce. O céu, o inferno, a reencarnação, a alma eterna, os espíritos protetores. Tudo isso foi moldado para oferecer uma resposta sedativa à pergunta que atormenta em silêncio. O que acontece quando eu deixo de existir? 

Becker escreveu: "A religião é o esquema cultural mais elaborado e sofisticado que o homem já criou para negar a realidade da morte. E não há como discordar. Porque nenhuma promessa espiritual é casual. Todas oferecem a mesma anestesia. Você não vai acabar aqui. Você continuará de algum jeito, seja num corpo novo, num mundo invisível, num paraíso de recompensas ou num inferno de punições. A morte se transforma, então, em transição e não em término. Esse é o segredo mais bem guardado do inconsciente humano. Sem essa crença, as pessoas colapsariam, o medo travaria a vida. E é por isso que o conceito de eternidade está embutido em todas as religiões. A eternidade não é só uma ideia bonita, ela é um antídoto. Ela é o que impede que o terror da morte destrua a ordem social. E observe como isso molda a vida cotidiana, o modo como você lida com dor, com perda, com injustiça. Quando alguém morre jovem, o raciocínio é sempre o mesmo. Deus sabe o que faz. Quando um acidente rouba uma vida, a resposta é: foi a vontade divina. Quando o mundo parece cruel, a promessa de um mundo melhor pós morte é a válvula de escape. Becker não era ingênuo ao atacar essa estrutura. Ele entendia que a mentira era necessária e que, por mais brutal que seja admitir isso, sem ela, o ser humano talvez não suportasse viver. Não se trata apenas de fé, trata-se de sobrevivência mental. 

E aqui mora o ponto que ninguém gosta de encarar. A maioria das pessoas não acredita em Deus porque o compreende. Acredita porque tem medo de morrer, porque precisa acreditar que existe algo além do vazio. Mas o problema não está em acreditar. O problema está em viver uma vida de egoísmo, arrogância e crueldade, enquanto se repete mentalmente: "No final, Deus vai me perdoar". Essa é a farsa que autoriza a maldade, a certeza inconsciente de que de alguma forma tudo se acerta depois da morte. 

Becker cravou essa dinâmica em poucas palavras. A crença em um além não é uma simples esperança, mas um mecanismo psicológico necessário para lidar com a mortalidade. E é por isso que os estoicos, ao contrário das religiões, não venderam consolo, venderam lucidez. 

Memento Mori, não para paralisar, mas para agir, para lembrar que o tempo é limitado e que a chance de fazer o que importa é agora. Não depois, não em outra vida. A morte é o centro de tudo. É a presença invisível em cada escolha. Mas a religião e boa parte das crenças humanas foram construídas exatamente para manter essa presença à distância. Um jogo de ilusão necessário, um teatro que impede a insanidade. O que a humanidade fez desde as cavernas até as catedrais foi contar uma história bonita o bastante para não entrar em pânico. Mas no fundo, todos sabem, não há escapatória. O final é sempre o mesmo. A diferença é o que se faz com o tempo que resta. 

Você já reparou que em tempos de crise as pessoas se tornam mais cruéis? Quando o mundo parece desabar, guerras, pandemias, tragédias, algo emerge do fundo da alma humana. O instinto de negação se transforma em fúria. Não é coincidência, é medo disfarçado. A verdade é que por trás de cada guerra, cada fanatismo, cada violência gratuita, existe um pavor silencioso da própria mortalidade. Ernest Becker deixou isso claro. O medo da morte é o motor oculto por trás do ódio, da discriminação e da violência. Quando o homem não consegue negar sua finitude de forma simbólica, ele busca negar nos outros, destruindo-os. Esse é o ponto mais sombrio da tese de Becker. A morte não apenas nos assombra, ela nos torna perigosos, porque a sensação de vulnerabilidade é insuportável. Quando a mente é forçada a encarar a sua fragilidade, ela busca compensação. E a forma mais primitiva de compensar é reduzir o outro à condição de descartável. 

É por isso que sociedades em colapso econômico ou social sempre escorregam para o tribalismo. Estrangeiros viram inimigos, minorias viram ameaça. Quem pensa diferente vira inimigo mortal. Não é só sobre ideologia, é sobre identidade, sobre medo. Quando o ser humano sente que a vida é frágil demais, busca refúgio em grupos, bandeiras, muros e armas. Precisa se sentir parte de algo maior. Precisa acreditar que sua cultura, sua religião, sua nação ou sua ideia é superior, imortal. Becker escreveu: "O ser humano constrói sua identidade como uma armadura contra a morte, e todo ataque ao seu sistema de crença é sentido como um ataque à sua sobrevivência. Esse é o segredo de tantas tragédias históricas. Genocídios, cruzadas, perseguições políticas não são apenas sobre poder, são sobre negação. O outro representa tudo aquilo que ameaça o nosso delírio de imortalidade. Por isso, eliminá-lo parece inconscientemente um ato de defesa existencial. A mente humana não suporta a ideia de sua própria extinção. 

Por isso se apega a símbolos: a bandeira, o Deus, o partido, a raça, o time, o nome de família, o país. Porque esses símbolos são, no fundo, fantasias de eternidade. Quando alguém destrói o seu símbolo, não é só uma ofensa, é como se destruísse sua única defesa contra a morte. A história da humanidade não é uma sequência de lutas pelo bem, é uma sequência de tentativas de fingir que o fim não existe. E quando isso falha, a violência toma o lugar da negação. Talvez seja esse o lado mais perverso da nossa relação com a morte. Ela não nos transforma apenas em seres sensíveis e filosóficos. Ela nos transforma muitas vezes em monstros. E quanto mais forte o medo, mais brutal é a reação. A morte é o grande fantasma que governa tudo de forma invisível. E quanto mais longe tentamos empurrá-la, mais cegos nos tornamos diante das nossas próprias atrocidades. 

Becker não escreveu um manual de conforto, escreveu um espelho. Um espelho que mostra que os piores comportamentos humanos não nascem da maldade pura, nascem do pavor de sermos nada. No fundo, matamos para esquecer que vamos morrer e odiamos para manter viva a ilusão de que somos especiais. Nenhuma teoria sobrevive por tanto tempo se não toca em algo profundamente real. E o que Becker revelou ao mundo em a negação da morte era mais do que filosofia. Era uma autópsia da psiquê humana. Décadas depois da sua morte, cientistas começaram a testar com experimentos frios, metódicos e inegáveis, o que antes parecia apenas reflexão existencial. O nome disso hoje é Terror Management Theory, ou, em tradução direta, a teoria do gerenciamento do terror. A essência é brutal e simples. Quanto mais consciente do seu fim você se torna, mais radicalmente seu comportamento muda. Experimentos mostraram que quando uma pessoa é lembrada, mesmo que de forma sutil da própria morte, ela imediatamente se torna mais defensiva, mais agressiva na proteção de suas crenças, mais intolerante com o diferente, mais propensa ao consumismo e mais suscetível a buscar status. 

Becker já havia cravado isso no papel. O homem busca transcendência em cada escolha. O terror da morte é o pano de fundo de sua personalidade. A ciência confirmou: "Basta colocar alguém para responder a perguntas sobre o que sente em relação à própria morte antes de um teste social e o resultado é previsível. A pessoa age de maneira mais rígida, mais tribal, mais polarizada. Você vê isso todos os dias, mesmo sem notar. Noticiário sobre tragédias aumentam o medo da morte. E o medo da morte aumenta o desejo por líderes autoritários, crenças dogmáticas, consumo impulsivo, fuga para ideologias radicais e até comportamentos religiosos reativos. Em resumo, quando o cérebro sente o cheiro da finitude, ele procura freneticamente por algo que o faça parecer eterno, seja poder, fé, dinheiro, fama ou pertencimento a um grupo. A ciência não só entendeu isso, como mediu. E aqui o círculo se fecha. Becker escreveu sobre um drama humano que a modernidade transformou em número, gráfico, estatística. Mas no fundo, o que ele mostrou sempre foi óbvio, apenas difícil de aceitar. Todo o comportamento humano é uma tentativa de negar o fato de que vamos desaparecer. E talvez seja por isso que a filosofia estoica, depois de séculos, continua sendo uma resposta mais lúcida do que qualquer sedativo moderno. Não se trata de eliminar o medo da morte, se trata de lembrar dele, de usá-lo como guia, não como inimigo. Memento Mori, o lembrete mais honesto que você pode carregar, porque é só quando se aceita a morte que se começa, de fato, a viver. O resto é só adiar o pânico, vestir a fantasia, seguir o script que todos repetem. A ciência provou. 

Becker explicou. Os estoicos ensinaram. Só o amor nos pode salvar. Não porque ele dure além da morte, mas porque ele justifica cada segundo antes dela. 

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O sentido da vida que a própria razão não alcança

Qual o verdadeiro significado do sentido de vida?

Existem muitos filósofos, desde os primórdios de nossa sociedade, e psicólogos de diferentes teorias que se dedicaram a escrever e discutir sobre o sentido da vida. Eles sempre contribuíram com seus próprios pensamentos a partir de suas perspectivas, mas todos concordaram que o sentido da vida está em ter um propósito, em saber o porquê está vivendo. O sentido da vida também pode ter como significado uma direção, um caminho, ir para um lugar. Além da Filosofia e Psicologia, as diferentes religiões têm se preocupado com o sentido da vida, sendo as respostas dependentes de suas crenças e valores.

A psicóloga Tatjana Schnell (2009, citado por RETZBACH, 2018), da Universidade de Innsbruck na Áustria, descreve que o sentido da vida pode ser reconhecido por meio de quatro características:

1) Significado, ou seja, a sensação de que o que está sendo feito importa, que faz a diferença.

2) Pertencer é a sensação de que você tem um lugar no mundo.

3) Coerência, se o que acontece na vida é harmônico e congruente, e

4) A orientação, conhecendo os valores e objetivos que a definem (RETZBACH, 2018).

A pessoa que tem sentido de vida, reconhece essas características em sua vida e vive de forma congruente com suas percepções e valores pessoais. De qualquer forma, aqui  vamos nos concentrar mais em uma compreensão psicológica do sentido da vida.

É necessário encontrar um sentido de vida?

Os seres humanos têm necessidades básicas de natureza e características diversas. O psiquiatra austríaco Viktor Frankl, autor do livro “Em busca de sentido”, defende que nem só de necessidades básicas vive o ser humano, ele chama de “vontade de sentido”, pela qual os humanos buscam, antes de qualquer coisa, estabelecer o real sentido da vida. Essa pergunta visa responder o motivo da existência, que por muitas vezes é desafiadora, portanto, se há um propósito de vida, as mazelas da vida ficam mais fáceis de serem superadas.

O sentido da vida nos proporciona uma vida mais plena: ela ativa nossas emoções, fortalece nossa autoestima, nos dá segurança, assim valorizamos mais o que fazemos, nos ajudando em nossa percepção de si. Sabendo quem nós somos, conseguimos olhar para outros e nos facilita o construir relacionamentos mais profundos. Complexo, não é mesmo?

Quando conseguimos visualizar o sentido da nossa vida, sentimos que valemos e que ocupamos um lugar importante no mundo. Não somos mais um no meio de uma multidão, mas somos alguém que veio cumprir essa missão ou propósito.

O sentido da vida nos dá uma direção, marca o caminho que se deseja percorrer, nos dá importância e nos fortalece. Permite-nos contactar com as nossas emoções mais profundas e relacionarmo-nos com os outros de uma forma autêntica.

Consequências de um viver sem sentido

O sentido da vida nos liberta de sentimentos de angústia e incerteza que podem nos adoecer. Não é que não se pode viver sem sentido, sempre há momentos em que você pode se sentir um pouco perdido, não há problema em se perder algumas vezes para se reencontrar, isso até faz parte do processo de amadurecimento. Nesse encontro novamente é onde entramos em contato com nossa autenticidade e nossa vitalidade retorna. O problema está em viver sem sentido, pois muitas vezes o vazio existencial impera a vida.

A ansiedade torna os caminhos mais estreitos, enquanto o significado nos abre, nos dá possibilidades de viver. É por todos esses aspectos que o sentido da vida é tão importante, pois se queremos uma vida completamente plena e saudável, não poderia deixar de ter sentido. Quando o sentido de vida não pode ser percebido, é a paralisação que nos guia, vivemos “empurrando com a barriga”. A vida perde o encanto de ser vivida, vira um peso e um pesar.

Estas são algumas consequências de viver uma vida sem sentido, que pode ser algo constante ao longo do tempo ou apenas um momento de crise no tempo:

Presença constante de sentimentos de vazio ou tristeza;

A pessoa não se reconhece, não sabe o que lhe caracteriza;

Presença da apatia: experiências antes prazerosas já não trazem bem-estar;

Distanciamento de outros: a falta de sentido faz com que a pessoa queira se recolher e evitar interações sociais.

Pesquisas demonstram que pessoas com um sentido de vida têm melhor saúde física, psicológica e emocional e são mais felizes. São seres mais sociáveis, otimistas e gerenciam melhor o estresse. O ter um sentido de vida abranda as consequências negativas do estresse. As pessoas que dão uma razão à sua existência sofrem menos doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e demências. Aprender que a própria vida tem um significado especial ajuda a superar situações estressantes e cultivar hábitos benéficos para o desempenho cognitivo do cérebro. As pessoas que veem sua vida como significativa são mais orientadas para objetivos e resilientes (THIVISSEN, 2018).

As intervenções terapêuticas de saúde se tornam mais fácil para as pessoas encontrarem sentido na vida e contribuem para o tratamento de determinadas doenças. Os processos inflamatórios são menores para aqueles que conseguem realizar o sentido em suas vidas (RETZBACH, 2018; THIVISSEN, 2018). Percebam que refletir sobre isso se torna fundamental! Isso me fez pensar, e você? Como anda sua jornada existencial em busca de sentido?

Como encontrar o sentido da vida?

Muitas pessoas querem encontrar sentido em suas vidas obtendo algo material ou externo, quando na realidade a experiência e as teorias mostram o oposto. O sentido da vida é algo individual em cada ser humano. Dito isto, não há uma única maneira de encontrá-lo. Embora possamos dizer que nasce de dentro de nós e depois se expressa fora. Encontrá-lo não significa apegar-se a ele. Encontrá-lo significa que estamos vivendo em harmonia com nós mesmos, em busca da congruência entre sensações, sentimentos, percepções e ações congruentes.

O sentido da vida, além de singular, é subjetivo. Essas características deixam muitas pessoas ansiosas e angustiadas, mas há beleza na liberdade da construção de um sentido. Não se trata de encontrar o sentido da vida, mas de viver COM sentido a nossa própria vida. A palavra sentido traz pistas dele: o que lhe toca, o que lhe faz SENTIR? O que faz com que seu corpo se sinta bem? O que lhe traz um senso de conexão? Essas perguntas podem que ajudar a explorar novas escolhas com mais atenção.

Agora retomamos a questão de como buscar em nós mesmos o sentido da vida. Para que isso não fique em um lugar abstrato na mente, se faz necessário momento de introspecção para-se alcançar sentido.

Seguem algumas dicas de perguntas a serem exercitadas em seu cotidiano:

Faça perguntas a si, buscando se reconhecer em suas ações e insista, mesmo que não tenha uma resposta imediata.

Observe suas emoções e sentimentos, eles podem dar pistas preciosas na busca de sentido.

Faça exercícios de consciência corporal, como a meditação, se acessar é chave para encontrar o que lhe representa na vida.

Pesquise e estude sobre temas que genuinamente lhe interessam.

Pratique o uso de sua imaginação e criatividade.

Meditar pode ajudar a se conhecer e construir uma vida com mais propósito.

O significado de viver é dinâmico, ou seja, pode mudar ao longo de nossas vidas. Não temos que nos encaixar. O significado também não precisa ser único, talvez encontremos vários significados que nos fazem sentir bem em um momento específico. Não é simplesmente algo concreto, mas é o poder de fazer coisas. Como disse Erich Fromm: “o sentido da vida nada mais é do que o ato de viver em si mesmo” e Viktor Frankl, afirma que o poder de decidir, mesmo em circunstâncias de extremo sofrimento, dá liberdade ao ser humano, dá-lhe sentido. Isso significa que cada ser humano tem a oportunidade de percorrer, em qualquer circunstância, seu próprio caminho.

A vida é diferente se a vivermos com significado, dando valor a tudo o que nos vivemos, permitindo assim o crescimento pessoal e individual. É muito importante entender que o sentido da vida está em nós e não em algo que vem de fora. É por isso que cada pessoa deve encontrar seu caminho pessoal, pois o sentido da vida é individual em cada ser humano. Aí reside a sua complexidade. Procure conhecer mais e entender o que faz sentido para você.

Referências consultadas:

RETZBACH J. La felicidad se construyecon sentido, Revista de Psicología y Neurociencias, Mente y Cerebro, Mayo – Junio, Barcelona, 2018.

THIVISSEN P. La importanciadel sentido de la vida, Revista de Psicología y Neurociencias, Mente y Cerebro, Mayo – Junio, Barcelona, 2018.


sábado, 6 de julho de 2024

Aniversário - Carta de um pai para sua única filha...


Parabéns filha, você é minha alegria

Que você sempre olhe para o futuro com otimismo e para o passado com gratidão, felicidades, hoje e sempre!

Quando você nasceu, filha, uma alegria imensa tomou conta de mim. Pegar você nos meus braços pela primeira vez sabendo que você chegou ao mundo perfeita e cheia de saúde, presenteou a minha vida com o meu melhor momento.

Esperada com muito amor desde o início, o passar dos dias só fez aumentar mais ainda este sentimento, me transformando em um pai muito orgulhoso por tudo que envolve a filha linda que tenho.

Hoje é um dia muito especial e cheio de felicidade! Desejo que a cada manhã as forças do universo ilumine seus passos e coloque um colorido especial no seu sorriso tão lindo.
Receba esta mensagem com todo o amor do mundo! 

Aprendi a te amar, desde quando você ainda nem existia, ou existias apenas no instinto materno de tua mãe. Foi aí, neste momento exato, que aprendi a te amar, quando ainda nem eras nascida, ainda no ventre de tua mãe, saracoteando dentro dela, e fazendo a maior pressão.

Tinhas pressa de nascer... não querias esperar a hora chegar, então tive a certeza de que te amava muito.

Ao vê-la pela primeira vez tão pequenina e tão indefesa, quando te aconcheguei, calorosamente, em meus braços, pude perceber que tu serias a maior razão para que eu vivesse. Venho te amando desde então, a cada dia que nasce, a cada lua que se esconde.

Eu não consigo expressar-me pessoalmente, por tabu, quem sabe? ou talvez assim o faça, para resguardar-te de comigo te acostumares demais, depois sentirás muito mais minha falta, quando da minha partida final, e meus olhos se cerrarem de vez, e minha voz, para sempre, se calar.

Desejo-te, em toda a tua vida, milhões de motivos para que possas sorrir, e que nela tenhas sempre tudo de bom e de melhor.

Confio-te a ti e a grandeza de tua sabedoria e autoestima, a força necessária para viver. Cuide bem de ti, com jeitinho, carinho e determinação, sempre, e que tua mente e coração encontrem juntos a melhor maneira para que vivas feliz, em paz e prosperidade.

Seja, sempre que puderes, alegre, otimista e sorridente.

Feliz Aniversário, querida filha minha.
  • Vida bela. Dançando conforme a música
Aprendamos a dançar com qualquer música que a vida nos ofereça.

Não tentemos mudar o passo e acabar tropeçando no meio do ritmo.
Saber deixar a mente escutar a toada, se adequar e guiar os pés é a melhor forma de conviver com todos os nossos sonoros dias, barulhentos ou não.

Assim, a gente não se estressa, não perde a essência dela e seguimos mais na leveza, tirando melhor proveito do real sentido do nosso ser, da nossa única vida, bela, se assim eu o quiser.

Que na dança da vida a gente possa sorrir e seguir com fé em nós, crendo em nossos sonhos e dançando no compasso que a própria vida quiser.

Sigamos assim, até que cesse o derradeiro e fraco acorde do "diapasão" que ditou todo o nosso ritmo vital, e possamos, sossegados e para sempre, eternamente dormir.

Parabéns, minha filha! Feliz aniversário!

domingo, 13 de agosto de 2023

Bom Dia Domingo !

  • É preciso amar o Domingo como se não houvesse amanhã!

 
  • Bom dia com amor! 
A sua manhã é importante… 
Não comece o dia com ideias negativas.  
Nem se exalte ou discuta. Valorize-se.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Grand Finale: Vida e morte em quatro quartos. (25 - 50 - 75)

 
No final do primeiro quarto, aos 25 anos, aproveitando ou não,  deixamos para trás na vida, a verdadeira e real melhor idade. Após termos curtido uma feliz  infância, sobrevivendo as turbulências da adolescência, galgamos a maioridade. Lançado nosso barco em alto mar, só nos restou navegar, pois já desperdiçamos nossas melhores oportunidades do nosso tempo, ou não, no primeiro quarto. O gato tem sete vidas, nós só temos quatro quartos. E no primeiro deixamos nossos brinquedos, nossa melhor bicicleta, nossa linda namorada,  todas nossas maiores aventuras, nossas bolas de gude, todas aquelas alegres tardes no parque, nossas cafifas, nossas bolas, nossos skates e patins, nossos melhores tablets, quiçá, nossos melhores amigos.  

No final do segundo quarto, aos 50 anos, já com filhos da idade do nosso primeiro quarto, ou mais, ofegantes de tanto trabalhar e saudosos do que perdemos de vitalidade, somos aconselhados a tomar suplementos energéticos, pois tudo já vai começar a despencar, daqui até a metade do quarto seguinte, ninguém mais nos segura.  

No final do terceiro quarto, aos 75 já estamos bem desgastados, mas bem experientes e velhos, o suficiente, para sermos considerados sábios e bem pacientes, em todos os sentidos, pois é neste momento que descortinamos todo o universo, como se o mundo estivesse na palma de nossas mãos, já bem delicadas, mas compreendendo como tudo funciona, de verdade, sem crer mais em todas aquelas mentiras que, desde a tenra infância, fomos obrigados a acreditar e engolir, goela a baixo, sem sequer poder pestanejar.

Quarto quarto, bem, duvido que a maioria esteja viva neste último quarto, este foi reservado aos possuidores de juizo perfeito, que cuidaram da saúde desde a primeira infância, ou tiveram pais inteligentes ou geneticamente saudáveis e não jogaram esta parte da vida fora, quando iludidos foram por falsas curtições com bebidas, cigarros e alucinógenos mil, inclusive os que, suposta e prejudicialmente, lhes forneceriam asas, sobrevivendo talvez a algum naufrágio do passado. A esta altura do campeonato estaremos todos mortos e caminhando para o devido esquecimento do que, para a maioria, foi uma inútil e miserável vidinha, só nos restando dormir, para sempre, sem ir para lugar nenhum, muito menos lá em cima, uma vez que estaremos todos sem nossas lembranças, sem cérebro e coração, a energia pifou, restou nada para sonhar, melhor esquecer, inclusive dos impostos para pagar, ou não, quem sabe não vão nos cobrar no enterro pela rasa cova, já que nem um crematório público, decente, existe neste país, mas isto já fica para outros cuidarem, fechem a tampa que vamos todos dormir. Ave Caesar morituri te salutant.

 Autor: Elierre47 - https://www.pensador.com/colecao/elierre47/