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terça-feira, 4 de agosto de 2015

OSHO - Desapego - Apegos a coisas triviais - Estamos sofrendo por isso.

  • O desapego é certamente a essência do caminho
  • OSHO - O Desapego
O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada.
Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que tem hoje.
 Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que você ama… qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar. Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.
 Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer.
 Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego.
“Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada mais do que apego. Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas no momento da morte, ou mesmo, talvez, antes. Você pode estar muito apegado a dinheiro, mas você pode ir à bancarrota amanhã. Você pode estar muito apegado a seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui; amanhã eles não deixarão nem um traço.
Todas as nossas posições, todos os nossos poderes, nosso dinheiro, nosso prestígio, respeitabilidade são todos bolhas de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, você estará em contínua miséria e agonia. Essas bolhas de sabão não se importam por você estar apegado a elas. Elas continuam estourando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego. Elas o deixam triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam sua vida num inferno.
Compreender que a vida é feita da mesma matéria que os sonhos é a essência do caminho. Desapegue-se: viva no mundo, mas não seja do mundo. Viva no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de você. Lembre-se que ele é um belo sonho, porque tudo está mudando e desaparecendo.
Não se agarre a nada. Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes.
Se você começar a se desprender, uma tremenda liberação de energia acontecerá dentro de você. A energia que estava envolvida no apego às coisas trará um novo amanhecer ao seu ser, uma nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade para a miséria, a agonia, a angustia.
Ao contrário, quando todas essas coisas desaparecem, você se encontra sereno, calmo e tranquilo, numa alegria sutil. Haverá um riso no seu ser.
Se você se tornar desapegado, você será capaz de ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão sofrendo por isso. E você rirá de si mesmo, porque você também estava no mesmo barco antes. 

O desapego é certamente a essência do caminho.”


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Tempo para sair de férias e meditar

A única coisa errada que você pode estar fazendo é não ter consciência das consequências daquilo que está fazendo.
 
Passar todo o seu tempo livre na frente da televisão não é errado, desde que você tenha consciência de quais conteúdos está assistindo e quais resultados você terá no futuro após anos de dedicação a essa prática.  

Você deve ser capaz de avaliar a relação de custo-benefício das decisões que você toma diariamente sobre o que fazer com o seu bem mais precioso.
 
No caso do Youtube, você tem o poder de ignorar o conteúdo que não interessa e focar sua atenção no conteúdo realmente importante. É uma escolha sua passar várias horas assistindo vídeos engraçados ou assistindo palestras e apresentações de grandes autores e pensadores.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Vida - Ponte sobre o rio da vida - Destino - Solidão

  • Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio.
As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência e pouco romântica por sinal.


A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.


Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficarem sozinhas e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.


O ser humano é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.


A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. 


Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.


Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.


O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. (Dr. Flávio Gikovate)

  • Ser solitário e estar sozinho - Várias são as diferenças
Não importa com quantas pessoas nos relacionamos, diariamente ou sazonalmente, todos nós nos sentimos sozinhos, em várias circunstâncias da vida, por períodos curtos ou prolongados, com menor ou maior intensidade.

Mudanças de residência, alterações no estilo de vida, novos hábitos, trocas de emprego, rupturas de relacionamento, transferências de escolas ou universidades. Por algum tempo, nós caminhamos com determinadas pessoas no curso da vida. Porém, quando fazemos desvios de rota durante o caminho, muitas delas não nos acompanham, ou delas nos afastamos, por incontáveis motivos: longa distância, desinteresse, perda de afeto, falta de comprometimento, indiferença, ódio, ressentimento, inveja. Que seja.


Parece que, quando passamos por certas transformações, para o bem ou para o mal, para benefício ou prejuízo, somente em seguida conseguimos identificar as pessoas que realmente sentem nossa falta e, dentre essas, aquelas especiais que, naturalmente, permanecem em nossas vidas de forma incondicional.


Cedo ou tarde, bem resolvidos ou não, descobrimos que somos indignos da lembrança da maioria de quem já nos relacionamos, mas honrados pela minoria que nos é preponderante.


O grupo de pessoas que se mantêm próximo a nós – apesar dos acasos da vida – será maior ou menor dependendo da nossa capacidade de diferenciá-lo dos grupos restantes.


No curso da existência, e para seguir em frente, muitos devem ser deixados para trás, quando não prosseguem por própria deliberação. O problema é que alguns acabam acometidos pela solidão, ao invés de compreender que as suas melhores companhias são só reconhecidas, de fato, após diferidas das piores. É como um processo de eliminação, ao final do qual se sente sozinho quem julga que quantidade vale mais do que qualidade.
Não que devamos ser prepotentes ao selecionar apenas aqueles que pensamos ser menos ruins do que nós, mas sim abraçar quem aceita integralmente as nossas diferenças e não nos crucifica apesar de todas as piores considerações possíveis.


É fácil gostar de alguém quando os interesses são iguais, os costumes e valores são parecidos e os objetivos são os mesmos. Difícil é gostar de alguém apesar das escolhas e ações confrontantes. Em geral, as pessoas agem por próprio interesse. Engraçado como uma grande massa da população evita a solidão, mas age como se a superestimasse.


Há pessoas que se sentem solitárias apenas quando estão sozinhas, e aquelas que se sentem solitárias o tempo todo. Algumas personalidades são inclinadas à introversão extrema, enquanto outras vertem à extroversão aguda, mas a grande maioria delas não é propensa a uma coisa nem outra, e sim à ambiguidade da ambiversão, em que ora desejamos estar sozinhos, ora ansiamos por contato com outros, estando isolados ou acompanhados (para mais informações).


Nós compramos a ideia de que estar sozinho é um mal a ser evitado a todo custo. No entanto, não existe uma alma viva que não precise solicitar ao menos alguns instantes de solidão. A socialização também sufoca se não for aliviada.


Uma vez disse o excelentíssimo escritor Charles Bukowski:


“A solidão é algo que nunca me incomodou, eu sempre tive essa coceira terrível por ela […] Solidão real não está necessariamente limitada a quando você está sozinho.”


Há obstáculos demais ao reconhecimento do valor da solidão. Em 1654, o cientista e filósofo francês Blaise Pascal escreveu:


“Todos os problemas da humanidade resultam da incapacidade do homem de sentar-se calmamente em uma sala sozinho.”


Ora, o desejo de estar sozinho acompanha a si mesmo. Mas, como o prazer decorre da falta, a satisfação da própria companhia nunca é duradoura – na verdade, é sempre menor do que se pensava –, e por isso deve ser constantemente renovada.


Estar sozinho é, antes de qualquer coisa, uma escolha, e essa deve ser feita tendo-se a consciência de que a solidão é uma provável consequência.


É ridícula a atribuição popular de que uma pessoa que escolheu estar sozinha deve ser solitária, ou, então, deve ter algo de errado: essa estupidez do senso comum é infestada em uma sociedade que enfatiza casais como símbolos de satisfação final.


Muitos não se sentem sozinhos quando estão sozinhos, pois estão repletos de uma vida suficientemente enérgica, a sua própria, na qual permanecem conectados de várias formas. Para esses, há um forte senso interno de autoestima, vitalidade e esperança. É claro que é necessário e prudente se reforçar na coletividade, mas a verdadeira força motivacional advém de si, uma vez que não pode ser ajudado ou inspirado aquele que não quer ser ajudado ou inspirado.


Passar o tempo sozinho é mais divertido se for por opção. Quando se está realmente ligado a si mesmo, percebe-se uma potência internalizada tão forte que repercute para muito além da interioridade.


Em suma, há pessoas que se sentem solitárias quando estão sozinhas, e há aquelas que optam por estar sozinhas, mas não são necessariamente solitárias.


Atualmente, em um mundo digital globalizado onde, diariamente, há 24 horas de conectividade, é surpreendente saber que muitas pessoas sofrem de solidão? Não. Essa solidão se torna cada vez mais evidente com a influência da tecnologia. Há desculpas suficientes para se evitar contato presencial, e motivos o bastante para se buscar mais conexões líquidas.


O advento tecnológico possibilita inúmeras oportunidades de relacionamento em vários espectros – social, romântico, profissional – mas elas não são mais aproveitadas hoje do que em outrora, salvo exceções. A interação online menos aproxima semelhantes do que os divide.


Hoje em dia, a ânsia por interatividade social esbarra na necessidade de autocentrismo. Para algumas pessoas, experimentar a solidão é como assistir a um filme de terror: procura-se o medo como método de prazer e entretenimento.


Enquanto a solidão pode estimular a criatividade, imaginação e promover maior capacidade de foco e concentração, também pode gerar consequências mortais. Uma pesquisa de 2013, publicada na revista Psychological Science, revelou que pessoas que preferem isolamento social a interatividade presencial têm probabilidade de morte 26% maior do que aqueles que preferem estar cercados de outras pessoas. 


Isolamento social e viver sozinho foram dois fatores considerados como mais devastadores para a saúde do que ser solitário. Isso é óbvio. A mortalidade é solitária. Mas e se a vida também for, qual o problema?

Sozinhos, não temos ajuda em situações de necessidade emergencial, não compartilhamos experiências, não maximizamos oportunidades, não procriamos, não desenvolvemos. Somos passíveis de definhar. Tudo bem que, independente de nosso grau de convívio social, morremos sozinhos. 


Entretanto, essa sina pode ser esquecida, se em vida tivermos a sabedoria para aceitá-la, o que requer desprendimento do ego. Isso faz com que a solidão deva ser justificada socialmente, do contrário é vista como sinal de anormalidade.

A solidão é tão demonizada que a escolha de estar sozinho é percebida como uma apologia à decadência.


A escritora Olivia Laing, em sua obra The Lonely City: Adventures In The Art Of Being Alone, diz o seguinte:


“A solidão é difícil de confessar, difícil demais para categorizar. Assim como a depressão, um estado com o qual muitas vezes se cruza, a solidão pode ser encontrada no fundo do tecido de uma pessoa, constituindo uma grande parte de nosso ser, como rir com facilidade ou ter o cabelo vermelho. Então, novamente, pode ser transitória, cíclica e reacionária às circunstâncias externas, como a solidão que segue na esteira do luto ou na mudança de círculos sociais. Da mesma forma que a depressão, tristeza ou inquietação, a solidão também está sujeita à patologização, de ser considerada como uma doença.”


Na espécie humana, depende-se de outros para sobreviver, desde muito antes do nascimento. Somos criaturas sociais que necessitam de outras para prosperar, inevitavelmente, por mais que existam relacionamentos degradantes.


Além das diferenças entre ser solitário e estar sozinho, muitas pessoas também alegam interesse em saber as distinções entre solidão e solitude, se por um erro de cálculo acharem que são a mesma coisa.


Paul Tillich, um filósofo da religião, afirmou em seu livro The Eternal Now:


“A linguagem criou a palavra ‘solidão’ para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra ‘solitude’ para expressar a glória de estar sozinho.”


Solidão é o afastamento que vem de uma expectativa não atendida. 


Solitude é encontrar um senso particular de autonomia e liberdade a partir de um sentimento não correspondido. Solidão é uma forma de abandono emocional. Solitude é estar física e emocionalmente livre.

Solidão é querer buscar distrações para suportar o vazio das horas. 

Solitude é esquecer as distrações. Solidão causa culpa e arrependimento. 

Solitude cultiva amor próprio e deleitamento. Solidão provoca uma sensação de desconexão. Solitude é um efeito da autoconexão. Solidão é chorar sem ninguém ouvir. Solitude é sorrir em silêncio. Solidão depende de alguém para felicidade. Solitude encontra felicidade em si. Solidão é desejar o inexistente. Solitude é aproveitar o que existe. Solidão gera medo e pavor. Solitude promove paz e tranquilidade. Solidão é desencontro. Solitude é encontro. Solidão é corrosiva. Solitude é reparadora. Solidão é tédio. Solitude é entretenimento. Solidão é angústia. 

Solitude é serenidade. Na solidão, acuamo-nos. Na solitude, exaltamo-nos.

Em seu livro Alegria: A Felicidade Que Vem de Dentro, o orador e escritor indiano Osho afirma que, quando estamos sozinhos, insistentemente costumamos procurar alguém ou alguma atividade para preencher o vazio do tempo. Ansiamos por algo que não existe mais ou, em alguns casos, nem mesmo existiu. Esperamos que uma pessoa, uma empresa, um lugar fará silenciar os gritos de viver apartados. Essa solidão configura um estado de espírito negativo, em que buscamos mais do que precisamos, e queremos nos sentir mais significativos do que achamos ser. Agimos, assim, como eternos insatisfeitos.


A solitude, por outro lado, é um estado de espírito positivo, uma condição muito gratificante de estar. Há uma regularidade de prazer, mesmo que não seja intenso. Basicamente, é não saber explicar por que se está feliz.


Digamos que, para uns solitários, o preço de investir em si mesmo é maior do que suportam. Se os riscos não compensam os benefícios, a solitude passa a ser solidão.


Segundo a editora do site Psychology Today, Hara Estroff Marano:


“Como o mundo gira cada vez mais rápido – ou talvez ele só pareça assim quando um e-mail pode viajar ao redor do mundo em frações de segundos – nós, mortais, precisamos de uma variedade de maneiras para lidar com as pressões resultantes. Precisamos manter uma aparência de equilíbrio e algum sentido de que estamos a governar o navio de nossas vidas. Caso contrário, nos sentimos sobrecarregados, reagimos de forma exagerada a pequenos aborrecimentos e pensamos que nunca podemos alcançar nada. 


Uma das melhores maneiras de lidar com tudo isso é procurar, e aproveitar, a solitude.”

Muitos se sentem envergonhados por sentir-se sozinhos, especialmente quando esse sofrimento é comparativo com o dos outros. Essa vergonha nasce no reconhecimento de que isolamento social é prejudicial à saúde física e psicológica, mas também de uma compreensão errada sobre solidão, a de que é uma ameaça iminente. Também é comum (e precipitado) associar que uma pessoa solitária seja mais distante, estranha, egoísta, frívola ou insensível do que aquela que mantém vínculos afetivos altruísticos.


Sentimentos de solidão costumam emergir principalmente após término de relacionamentos: amizade, trabalho, romance. Não mais existe o contato que se tinha, e queremos que retorne. Queremos tanto que isso nos afeta catastroficamente. É uma falha de desapego. Assim, solitários, esperamos que o próximo passo seja superar essa triste sensação insuportável de isolamento.


Todavia, antes de iniciar um novo relacionamento, seja qual for, devemos estrategicamente reconhecer a felicidade em nós mesmos. Se não a identificamos, é porque faltaram três coisas: autoconhecimento, gratidão e desejo de vontade.


Se, solitários, procuramos alguém só e somente só para suprir um vazio existencial da perda ou da falta, estamos investindo numa relação fadada à derrocada final: solidão.


Não há nada que possa fazer evitar o vazio da existência, a não ser que se conviva com isso sem se enganar. Ninguém deveria começar um relacionamento enquanto está solitário: essa é uma receita para o desastre.


Uma vez que estamos sozinhos e sinceramente felizes em estar sozinhos, sem sentirmo-nos solitários, curtindo a solitude, somos capazes de construir (e manter) relacionamentos com irmãos e amados.


Por estarmos sozinhos, às vezes sentimos carência, e então pensamos que outro alguém poderá suprir a falta. Essa possibilidade é tão atrativa que as pessoas se agarram a ela com unhas e dentes. Mas não deixa de ser um perigo. Ao buscarmos suprir um vazio interno em outra pessoa, através de uma relação amorosa, por exemplo, talvez tornemo-nos dependentes dela a um nível que, passada essa relação de dependência, ampliamos o vazio. 


Dessa maneira, é mais sensato que dois inteiros se aliem do que duas metades se complementem.

A cura para a solidão não está em encontrar alguém, não necessariamente. 


Muitas das coisas que nos afligem, como ser solitários, são, na verdade, resultados de forças maiores do que estigma, carência e exclusão, que podem (e devem) ser resistidos. A solidão é pessoal e filosófica.

Em seu livro Loneliness: Human Nature And The Need For Social Connection, William Patrick e John Cacioppo discutem suas descobertas a partir de pesquisas sobre pessoas que se subvertem à solidão. Um achado é que as pessoas solitárias não discriminam direito enquanto estão fazendo comparações sobre o que é verdade entre elas e o resto do mundo. Suas lentes são subjetivas como a de qualquer um, mas também distorcidas. Não reconhecem beleza, valor e competência em si próprias da mesma forma que percebem tais atributos nos outros.


Outro achado dos autores é que uma pessoa acometida pela solidão por extensões consideráveis de tempo tem sua capacidade de empatia e autocompaixão prejudicada; a dor da solidão as priva disso ao consumirem-nas silenciosamente. A solidão dirigida se transforma em entendimento humano precário. Necessitamos de conexões sociais, do contrário, cedemos à selvageria. Segundo Patrick e Cacioppo:


“Qualquer que seja a sensibilidade individual, o bem-estar sofre quando a nossa necessidade particular de conexão não é cumprida.”


Bom, não é preciso estar sozinho para se sentir assim. Alguém sozinho num deserto há 200 dias obviamente perderá a noção de que é preciso se isolar. A necessidade de solitude aparece em meio à multidão, mas é suprida fora dela.


A dor de ser solitário ressoa no peito de forma consistente. São sensações que perduram por mais tempo do que se espera. Normalmente, esses sentimentos são mais proeminentes quando perdemos alguém ou algo que nos oferecia uma razão de viver. É excepcionalmente importante lembrar o seguinte: o fato de uma pessoa ser solitária não quer dizer que ela vá deixar de o ser quando reencontrar essa razão de viver. A solidão é pessoal e filosófica.


A escolha de estar sozinho acompanha uma responsabilidade deletéria por sustentar essa condição, do que se percebe que independência pode ser ilegítima. Na realidade, o indivíduo que se considera (ou é considerado) independente nunca poderá negar que dependeu da ajuda de outros, poucos ou muitos, para construir seu império. Ele até pode se convencer com a ideia de pertencimento total, contudo, essa ilusão pesará na sua consciência, até que deixe um legado significativo o bastante para se julgar merecedor do que lhe foi legado.


Evidentemente, existem aqueles momentos em que estar sozinho cruza o caminho de ser solitário. Esse caminho se divide em vários trechos, nos quais precisamos decidir para onde seguir. E nos confundimos, muitas vezes, ao fazer essas escolhas.


Há múltiplas pessoas que absolutamente adoram a ideia de permanecer sozinhas, valorizando seu silêncio e admirando suas introspecções criativas. Uma autora britânica chamada Sara Maitland escreveu um livro, How To Be Alone, no qual relatou:


“Eu me tornei fascinada pelo silêncio; pelo que acontece ao espírito humano, a identidade e personalidade quando a conversa para, quando você pressiona o botão de desligar, quando você se aventura nesse enorme vazio. Eu estava interessada no silêncio como um fenômeno cultural perdido, como uma coisa de beleza e como um espaço que havia sido explorado e usado uma vez ou outra por diferentes indivíduos, por razões diferentes e com resultados radicalmente diferentes. Comecei a usar minha própria vida como uma espécie de laboratório para testar algumas ideias e ver o que senti. Quase para minha surpresa, descobri que amava o silêncio. Ele me convinha. Eu estava ávida por mais dele. Na minha busca por mais silêncio, eu encontrei este vale e construí uma casa nele.”


Maitland ressalta que, em geral, a palavra “solitário” implica em infelicidade. É como se o contrário – ser sociável implicar em felicidade – fosse verdadeiro, e sabemos que nem sempre é. De acordo com a autora, “vivemos em uma sociedade que diz que quem está sozinho é, de alguma forma, uma pessoa que falhou como humano”. Mas é preciso falhar para ser humano, não uma, duas, mas infinitas vezes.


A grande maioria talvez discorde, mas estar sozinho pode ser uma das experiências mais poderosas de uma vida inteira. Só que, se deixarmos a solidão nos consumir, perderemos a chance de experimentar desse poder. E, ao perder essa chance, nos tornamos mal acostumados à singularidade.


Apesar de a solidão nos forçar a encontrar um sentido existencial em outras pessoas, sempre seremos capazes de encontrar tal sentido em nós mesmos, se estivermos dispostos a encontrar-nos, o que envolve sofrer e aprender.


Ter tempo para estar sozinho não significa que se estará sozinho para sempre. Quanto mais tempo trabalhamos a confiança na solitude, menos dependente estaremos de fontes externas.


Em seu livro Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração, o médico, psicólogo e psiquiatra austríaco Viktor Frankl relata suas tocantes experiências de trabalho como escravo nos campos de concentração nazistas, compreendidas por três longos anos. No ínterim desse tempo, ele conta que nunca se sentiu tão sozinho na vida. 


Para sobreviver, no entanto, Frankl reuniu uma força motivacional tão extraordinária que foi capaz de encontrar significado a partir de um sofrimento inimaginável (saiba mais).

Nietzsche, por exemplo, acreditava que abraçar a dificuldade é indispensável a uma vida cheia de sentido, e pensava que a solitude, se bem aproveitada, nos permite galgar a existência até o fim. Segundo o filósofo:


“Ninguém pode construir uma ponte sobre a qual você, e somente você, tem que atravessar o rio da vida. Pode haver inúmeras trilhas, pontes e semideuses que de bom grado o ajudam a atravessá-lo, mas apenas ao preço de penhora e renúncia a si mesmo. Não há um caminho no mundo que alguém pode andar além de você. Aonde isso vai levar? Não pergunte, ande!”

- Netsurfing

sábado, 19 de dezembro de 2015

Deus está morto, e o homem está livre. E DAI?

  • Mente perigosa - A mente nunca tenta entender o que é realmente a verdade, MAS Liberdade É Responsabilidade.
Quanto mais responsável você é, mais livre também é. Se você pensa que liberdade é não ter responsabilidades, o que você está realmente pensando é em “libertinagem. O único caminho para se tornar livre é pelo comprometimento consigo mesmo. E esse comprometimento só é possível em pessoas que se responsabilizam pelos seus atos. E é sobre esse assunto, o texto abaixo, de Osho, traduzido por mim. É o meu preferido…
 
“Esta é uma das questões perenes da humanidade: a questão da liberdade e da responsabilidade. Se você é livre, você a interpreta como se agora não houvesse responsabilidade.
 
Há somente cem anos atrás Friedrich Nietzsche declarou: “Deus está morto, e o homem está livre. E na próxima sentença ele escreveu, “Agora você pode fazer o que quiser. Não há mais responsabilidade.”
 
Nesse ponto ele estava absolutamente enganado, quando não há nenhum Deus, há uma tremenda responsabilidade sobre nossos ombros. Se existe um Deus, ele pode compartilhar sua responsabilidade. Você pode jogar sua responsabilidade Nele: você pode dizer, “Foi você quem criou o mundo; foi você quem me criou deste jeito; é você quem é, finalmente, responsável, não eu. Como eu posso, enfim, ser o responsável? Eu sou apenas uma criatura, e você é o criador. Por que você colocou sementes de corrupção em mim e sementes do pecado desde o começo? Você é responsável. Eu sou livre.”
 
Na verdade, se não há nenhum Deus, o homem é absolutamente responsável por seus atos, porque não há nenhuma outra maneira de jogar a responsabilidade em qualquer outra pessoa. Quando eu digo para você que você é livre, eu quero dizer que você é responsável. Você não pode jogar a responsabilidade em mais ninguém, você está sozinho. E tudo o que você fizer, é você que está fazendo. Você não poderá dizer que alguém o forçou a fazer algo – porque você é livre; ninguém pode forçá-lo a nada. Porque você é livre, é sua a decisão de fazer alguma coisa ou não fazer nada.
 
Com a liberdade vem a responsabilidade. Liberdade é responsabilidade. Mas a mente é muito esperta, a mente interpreta isso do seu jeito: ela sempre dá ouvidos somente ao que quer ouvir. Ela vai interpretando as coisas à sua maneira. A mente nunca tenta entender o que é realmente a verdade. Ela já tomou a sua decisão.
  • Ouvi dizer….
“Eu sou um homem respeitável, doutor, mas ultimamente a minha vida tem se tornado intolerável por causa dos meu sentimentos de culpa e autorecriminação.” O paciente engasgou antes de continuar. “Você vê, recentemente eu tenho sido vítima de uma vontade incontrolável de beliscar e acariciar meninas às escondidas.”
 
“Meu caro,” reprovou compreensivo o psiquiatra, “nós realmente devemos ajudá-lo a se livrar desse impulso impróprio. Eu consigo imaginar quão penoso…”
 
O paciente interrompeu em aflição, “Não é tanto do impulso que eu quero que o senhor me livre, doutor, é da culpa.”
 
As pessoas continuam falando sobre liberdade, mas não é liberdade o que elas querem exatamente, elas querem irresponsabilidade. Elas pedem por liberdade, mas no fundo, inconscientemente, elas pedem por irresponsabilidade, abuso de liberdade. Liberdade é maturidade; licenciosidade (abuso da liberdade) é muito imaturo. A liberdade só é possível quando você está tão integrado que você pode ter a responsabilidade de ser livre. O mundo não é livre porque as pessoas não estão amadurecidas.
 
Revolucionários têm feito muitas coisas ao longo dos séculos, mas tudo falha. Utópicos têm continuadamente pensado em como libertar o homem, mas ninguém se importa – porque o homem não pode ser livre a menos que ele seja integrado.
 
Somente um Buddha pode ser livre, um Mahavira pode ser livre, um Cristo, um Maomé pode ser livre, um Zarathustra pode ser livre, pois liberdade significa que o homem agora está consciente. Se você não está consciente então o Estado é necessário, o governo é necessário, a polícia é necessária, o tribunal é necessário. Então a liberdade tem que ser cortada de tudo. Então a liberdade existe somente como um nome; de fato ela não existe. Como pode a liberdade existir quando os governos existem? Isto é impossível.
 
Mas o que fazer? Se os governos desaparecerem, somente haverá anarquia. A liberdade não virá com o desaparecimento dos governos, haverá somente anarquia. Será um Estado pior do que é agora. Seria a mais pura loucura. A polícia é necessária porque você não está alerta. Caso contrário, qual é o objetivo de se ter um policial parado num cruzamento? Se as pessoas fossem alertas, o policial poderia ser removido; teria que ser removido, pois seria desnecessário. Mas as pessoas não são conscientes.
 
Portanto quando eu digo ‘liberdade’, eu quero dizer responsável. Quanto mais responsável você se tornar, mais livre você será; ou, quanto mais livre você é, mais responsabilidade você terá. Então você terá que estar muito alerta quanto ao você faz, ao que você está dizendo. Até mesmo sobre os seus menores gestos inconscientes você terá que estar muito alerta – pois não há ninguém mais no seu controle, é só você. Quando eu digo para você que você é livre, eu quero dizer que você é um Deus. E isto não é licenciosidade, é tremenda disciplina.”

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Autoconhecimento - Revele-se, Conhece-te a ti mesmo.

  • Pare de se esconder de si mesmo!
Você se torna as pessoas com quem passa o seu tempo. Já parou pra pensar nisso? É fato. 
Inconscientemente acabamos por nos tornar as pessoas com que mais convivemos. É uma tendência tão sutil, que quando você se der conta (se isso acontecer, pois também é fato que muitas pessoas passam suas vidas sem nem se aproximar de uma conscientização disso) irá se chocar por não ter notado antes o quanto foi influenciado. 
Por isso, a grande pergunta é: como encontrar a si mesmo, em meio a tanta influência? Pergunte-se: o tipo de influência que estou recebendo é realmente benéfica? Diz respeito e agrega valor ao que realmente penso e sou e ao que desejo para minha vida? Olhe para as pessoas com quem mais convive. Elas refletem aquilo que você gostaria de ser? A presença delas estimula em você o que você tem de melhor?
É de suprema importância escolher bem as pessoas com quem pretendemos conviver mais ou ter intimidade. 


Família a gente não escolhe, tá certo, mas todo o resto sim. Pessoas negativas, “doentinhas”, que dizem coisas como “a vida não é fácil”, que gostam de competir para ver quem tem mais “problemas” ou está vivendo uma “tragédia pessoal” pior, que adoram criticar a maneira como você (ou outros) vive a sua vida, que se comparam constantemente, que acham que só existe um meio de se “viver a vida”, que são cheias de “certezas”, que se apegam a tradições e condicionamentos ultrapassados, deprimidos crônicos, críticos profissionais, fomentadores de desgraças, encorajadores de atitudes medíocres, defensores do “normal”, propagadores de baixarias e promiscuidade, pseudomoralistas, fanáticos religiosos, enfim. Acho que exemplifiquei o suficiente, certo? Eu gostaria de dizer para fugir desses infelizes exemplos como o diabo foge da cruz, mas sei que nem sempre é possível. Portanto, esforce-se para evitá-los como pode e trabalhe com dedicação e disciplina em prol do seu autoconhecimento. A única maneira de se tornar imune a todas essas influências nefastas e limitantes é fortalecendo a si próprio. E a única maneira de se fortalecer nesse sentido é se autoconhecendo. E como se autoconhecer? Ficando sozinho…
Revejo este texto, do nosso super-Osho,  que nos incita a parar de nos escondermos de nós próprios e de ter medo da “solidão”. Não adianta se iludir. Por mais que se rodeie de amigos, de distrações, de pensamentos, você é, inevitavelmente, sozinho. E voltando a sua atenção para esse estado natural de ser é que você tem uma verdadeira chance de descobrir quem você, de fato, é. O que os outros te dizem, onde você vive, estuda, trabalha etc. são apenas “acidentes”. Não se apegue a eles.
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O homem nasce sozinho e morre sozinho, mas, entre  esses  dois pontos, ele  vive  em   sociedade,  ele  vive  com  os outros.
Solidão é sua realidade básica; a sociedade é simplesmente acidental. E a menos que o homem possa viver sozinho, possa conhecer sua solidão em sua total profundidade, ele não pode se familiarizar consigo mesmo. Tudo o que acontece em sociedade é apenas externo: não é você, é apenas suas relações com os outros. Você permanece desconhecido. Pelo lado de fora, você não pode ser revelado.
Mas nós vivemos com os outros. Por causa disso, o autoconhecimento fica completamente esquecido. Você sabe alguma coisa de você, mas indiretamente – é algo dito a você pelos outros. É estranho, absurdo, que os outros devam lhe dizer sobre você. Seja qual for a identidade que você carregue, ela é dada a você pelos outros; ela não é real, é uma rotulação. Um nome é dado a você. Esse nome é dado como um rótulo, porque será difícil para a sociedade se relacionar com uma pessoa sem nome. Não somente o nome é dado, a própria imagem que você pensa ser é dada pela sociedade: que você é bom, que você é ruim, que você é belo, que você é inteligente, que você é moral, um santo, ou seja o que for. A imagem, a forma, também é dada pela sociedade, e você não sabe o que você é. Nem seu nome revela nada, nem a forma que a sociedade lhe deu. Você permanece desconhecido para si mesmo.
Esta é a ansiedade básica. Você existe, mas você é um desconhecido para si mesmo. Esta falta de conhecimento da pessoa sobre ela mesma é a ignorância, e esta ignorância não pode ser destruída por nenhum conhecimento que os outros possam lhe dar. Eles podem lhe dizer que você não é este nome, que você não é esta forma, que você é uma “alma eterna”, mas isso também está sendo dado pelos outros, isso também não é próximo. A menos que você chegue até si mesmo diretamente, você permanecerá na ignorância. E a ignorância cria ansiedade. Você não tem somente medo dos outros, você tem medo de si mesmo – porque você não sabe quem você é e o que está escondido dentro de você. O que será possível, o que irromperá de você no momento seguinte, você não sabe. Você permanece apreensivo e a vida se torna uma ansiedade. Há muitos problemas que criam ansiedade, mas esses problemas são secundários. Se você penetrar profundamente, então, cada problema no final revelará que a ansiedade básica, a angústia básica, é que você é ignorante de si mesmo – da fonte de onde você vem, do fim para o qual você está se movendo, do ser que você é exatamente agora. Daí, toda religião dizer para se entrar em solitude, na solidão, de modo que você possa por um tempo deixar a sociedade e tudo o que a sociedade lhe deu, e se encarar diretamente.
Mahavir viveu, por doze anos, sozinho na floresta. Ele ficou sem falar durante aquele tempo, porque no momento em que você fala, você entra na sociedade. A língua é a sociedade. Ele permaneceu completamente silencioso, ele não falava. A ponte básica foi cortada, de modo que ele ficasse sozinho. Quando você não fala, você está sozinho, profundamente sozinho. Não há como se mover até os outros. Durante doze longos anos ele viveu sozinho, sem falar. O que ele estava fazendo? Ele estava tentando descobrir quem ele era. É melhor tirar fora todos os rótulos, é melhor ir para longe dos outros, de modo que não haja nenhuma necessidade da imagem social. Ele estava jogando fora todo o lixo que a sociedade lhe dera; ele estava tentando ficar totalmente nu, sem nenhum nome, sem nenhuma forma. Eis o que significa a nudez de Mahavir. Não se tratava apenas de jogar as roupas fora. Era algo mais profundo. Era a nudez de ficar totalmente só. Você também usa roupas em função da sociedade: elas são para esconder seu corpo, ou elas são para cobri-los aos olhos dos outros, porque a sociedade não aprova seu corpo todo. Assim, seja o que for que a sociedade não aprove, você tem de esconder. Somente algumas partes do corpo são permitidas ficarem descobertas. A sociedade escolhe você em partes. Sua totalidade não é aprovada, nem aceita.
O mesmo está acontecendo com a mente – não somente com o corpo. Seu rosto é aprovado, suas mãos são aprovadas, mas seu corpo todo não é aprovado, principalmente as partes do corpo que possam insinuar alguma coisa de sexo. Elas são desaprovadas, não aceitas. Desse modo, a importância das roupas. E isto está acontecendo com a mente também: sua mente toda não é aceita, somente algumas partes dela. Assim, você tem de esconder a mente e reprimi-la. Você não pode abrir sua mente. Você não pode abrir sua mente diante do seu mais íntimo amigo, porque ele julgará. Ele dirá: “É isso o que você pensa!? É isso que se passa na sua mente!?”. Então, você tem de lhe dar somente aquilo que pode ser aceito – uma parte muito diminuta – e tudo o mais que existe em você, tem de ser escondido completamente. A parte escondida cria muitas doenças. Toda a psicanálise de Freud consiste em trazer para fora a parte escondida. Levam anos antes de a pessoa ser curada. Mas o psicanalista não está fazendo nada, ele está simplesmente trazendo para fora a parte reprimida. Simplesmente trazê-la para fora se torna uma força curativa.
O que isso significa? Significa que a supressão é a enfermidade. É uma carga, uma carga pesada. Você gostaria de confessar a alguém; você gostaria de dizer, expressar; você queria que alguém aceitasse você totalmente. É isso o que significa amor – você não será rejeitado. O que quer que você seja – bom, mau, santo, pecador – alguém aceitará sua totalidade, não rejeitará nenhuma parte sua. Eis por que o amor é a maior força curativa, ele é a mais antiga psicanálise. Sempre que você ama uma pessoa, você está aberto a ela, e só por estar aberto, suas partes cortadas, divididas são religadas – você se torna um.
Mas, até o amor se tornou impossível. Nem à sua esposa você pode dizer a verdade. Nem com seu amante você pode ser totalmente autêntico, porque mesmo os olhos dele ou dela estão julgando. Ele ou ela também quer uma imagem a ser seguida, um ideal – sua realidade não é importante, o ideal é importante. Você sabe que se você expressar sua totalidade, você será rejeitado, você não será amado. Você tem medo, e por causa desse medo o amor se torna impossível. A psicanálise traz a parte escondida para fora, mas o psicanalista não está fazendo nada, ele está ali sentado simplesmente ouvindo-o. Ninguém nunca o ouviu, parece. Eis por que você agora precisa da ajuda de um profissional. Ninguém está pronto para ouvi-lo. Ninguém tem tempo. Ninguém tem muito interesse em você. Assim surgiu a ajuda profissional. Você está pagando alguém para ouvi-lo. E então entra ano, sai ano, ele o ouvirá todos os dias, ou duas vezes por semana, ou três vezes por semana, e você será curado. Isto é milagroso! Por que você deveria ser curado só por ser ouvido? É porque alguém lhe presta atenção sem nenhum julgamento e você pode dizer qualquer coisa que esteja dentro de você. E só por falar, aquilo vêm à superfície e se torna uma parte do consciente. Quando você corta algo, proíbe algo, reprime algo, você está criando uma divisão entre o consciente e o inconsciente, o aceito e o rejeitado. Essa divisão tem de ser jogada fora.
Mahavir buscou a solidão, de modo que ele pudesse ser como ele era, sem medo de ninguém. Como ele não tinha que mostrar uma face para alguém, ele pôde jogar fora todas as máscaras, todas as faces. Então, ele pôde ficar sozinho, totalmente nu, como se fica sob as estrelas, ao lado do rio e na floresta. Não havia ninguém para julgá-lo e ninguém diria: “Você não tem permissão de fazer isto. Você tem que se comportar. Você tem que ser deste modo assim e assim.”. Deixar a sociedade significa deixar a situação onde a repressão se tornou inevitável. Assim, nudismo significa ficar como a pessoa é, sem barreiras, sem qualquer retenção. Mahavir entrou no silêncio, na solitude, e disse: “A menos que eu me descubra – não o eu que outros me deram, pois esse é falso, mas o Eu com o qual nasci -, eu não voltarei para a sociedade. A menos que eu saiba quem eu sou, eu não voltarei para a sociedade. A menos que eu encare diretamente a minha realidade, a menos que eu tenha encontrado o essencial no homem, não o acidental, eu não falarei, porque é inútil falar.”.
Vocês são acidentais. Seja o que for que você pense que você é, é a parte acidental. Por exemplo: você nasce na Índia. Você poderia ter nascido na Inglaterra ou na França ou no Japão. Isso é a parte acidental. Mas só por ter nascido na Índia, você tem uma identidade diferente. Você é um hindu. Você se pensa um hindu – mas você poderia ter se pensado um budista no Japão, ou um cristão na Inglaterra, ou um comunista na Rússia. Você não fez nada para ser um hindu, é apenas um acidente. Onde quer que você esteja, você teria se juntado à situação. Você se pensa religioso, mas sua religião é puramente acidental. Se você tivesse nascido num país comunista, você não teria sido religioso, você teria sido tão irreligioso lá, quanto você é religioso aqui. Você nasceu numa família jainista; então, você não acredita em Deus, sem você ter descoberto que não há nenhum Deus. Mas bem ao lado de sua casa, uma outra criança nasceu no mesmo dia, e ela é hindu. Ele acredita em Deus e você não. Isso é acidental, não é essencial. Depende das circunstâncias. Você fala híndi, um outro fala Gujaráti, outro fala Francês – estes são acidentes. A língua é acidental. O silencio é essencial. Sua alma é essencial; seu Eu é acidental. E descobrir o essencial é a busca, a única busca.
Como descobrir o essencial? Buda saiu em silêncio durante seis anos. Jesus também foi para o ermo. Seus seguidores, os apóstolos, queriam ir com ele. Eles o seguiram e a certo momento, num certo ponto, ele disse: “Parem. Vocês não devem vir comigo. Agora, eu devo ficar sozinho com meu Deus.”. Ele entrou no deserto. Quando ele saiu de volta, ele era um homem totalmente diferente: ele tinha se defrontado consigo mesmo.
A solidão torna-se o espelho. A sociedade é o engano. Eis por que você tem medo de ficar sozinho – porque você terá de se conhecer na sua nudez, na sua ausência de ornados. Você tem medo. Ficar sozinho é difícil. Sempre que você está sozinho, você imediatamente começa a fazer alguma coisa, de modo a não ficar sozinho. Você pode começar a ler o jornal, ou talvez você ligue a TV, ou você pode ir a um clube para se encontrar com alguns amigos, ou talvez visitar alguém da família – mas você tem de fazer algo. Por quê? Porque no momento em que você está sozinho sua identidade se derrete, e tudo que você sabe sobre si mesmo fica falso e tudo o que é real começa a vir à tona.
Todas as religiões dizem que o homem tem de entrar em retiro para conhecer a si mesmo. A pessoa não precisa ficar lá para sempre, isso é inútil; mas a pessoa tem de ficar em solitude por um tempo, por um período. E a extensão do período dependerá de cada indivíduo. Maomé ficou em solitude durante alguns meses; Jesus por somente alguns dias; Mahavir durante doze anos e Buda durante seis anos. Depende. Mas a menos que você chegue ao ponto onde você possa dizer “agora conheci o essencial”, é imperativo ficar sozinho.
  •  Osho Sukul, The Book of The Secrets, V.2, # 69