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domingo, 1 de setembro de 2019

ESQUISOFRENIA - Sintomas, Diagnósticos, Tratamentos e Causas


Saiba tudo sobre esse transtorno psiquiátrico mais comum do que se imagina. 

Quais os sinais que ele apresenta? Há remédio e como tratar?

Sintomas da esquizofrenia e o que é:

Manias de perseguição e teorias da conspiração são sinais típicos da esquizofrenia.  

Os cientistas do final do século 19 foram buscar inspiração na língua grega arcaica para caracterizar um transtorno psiquiátrico que, até então, ficava jogado no limbo da loucura. Por meio da junção dos termos esquizo, “dividir” no idioma dos filósofos clássicos, e frenia, algo próximo de “mente”, eles deram um nome perfeito para a doença. A esquizofrenia, ou distúrbio da mente dividida, é marcada por surtos em que o mundo real acaba substituído por delírios e alucinações. O transtorno afeta 2 milhões de brasileiros, mas a falta de conhecimento sobre ele só reforça estigmas. Hora de saber tudo sobre a condição que afeta 1% da população no planeta, dos sintomas ao tratamento.

Os sintomas

Geralmente a esquizofrenia se inicia com uma simples apatia no final da adolescência e no começo da vida adulta, na faixa dos 18 aos 30 anos.

Aos poucos, o indivíduo abandona as atividades rotineiras e se isola. Suas reações ficam estranhas e desajustadas – ele não esboça os sentimentos esperados diante de fatos tristes ou felizes.

Do nada, surge uma sensação de que algo está errado e alguém prejudica a sua vida. O passo seguinte é a transformação dessa inquietação nas fantasias sensoriais e nas teorias da conspiração. São as alucinações e os delírios que mencionamos antes.

Fique atento a estes sinais:

Dificuldades no aprendizado desde a infância

Apatia

Pouca vontade de trabalhar, estudar ou interagir com os outros

Não reagir diante de situações felizes ou tristes

Vozes que surgem na cabeça e outras alterações nos órgãos dos sentidos

Mania de perseguição inexplicável

O que causa esquizofrenia e como diagnosticar?

Ela é investigada há décadas, mas segue cheia de mistérios. Ainda não se sabe, por exemplo, o que acontece no cérebro desses sujeitos. 

“Estudos apontam que ocorre algum defeito na produção ou na ação de um neurotransmissor chamado dopamina”, conta o psiquiatra Ary Gadelha de Alencar, da Universidade Federal de São Paulo. O especialista participou de uma conferência sobre o tema no último Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções (Brain 2018), realizado em junho na cidade gaúcha de Gramado.

Na busca por explicações mais certeiras para a doença, algumas pesquisas foram vasculhar o DNA dos pacientes à procura de mutações genéticas. Não acharam nada que fosse significativo. Levantamentos até mostraram uma relação entre infecções ao longo da gestação ou traumas no parto a um maior risco de desenvolver a esquizofrenia. Mas nenhum desses achados é considerado decisivo na gênese do problema.

Tamanha falta de informação é um dos fatores que contribuem para um terrível atraso no diagnóstico. “Há uma demora de sete anos entre os primeiros sinais e a detecção do transtorno”, calcula o psiquiatra Wagner Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-HC).

Um flagra precoce leva a um tratamento mais efetivo e com um prognóstico favorável no longo prazo. Mas, infelizmente, essa não é a realidade na grande maioria dos casos. Ficar atento a algumas características, como uma repentina perda de vontade ou uma exagerada mania de perseguição, especialmente em jovens, é a melhor atitude para ir atrás da ajuda profissional, se necessário.

O tratamento

Os remédios que silenciam a paranoia existem desde os anos 1970 e evoluíram enormemente de lá para cá. Os antipsicóticos do passado causavam muitos efeitos colaterais. “Como mexem com a dopamina, esses fármacos estão relacionados a manifestações típicas do Parkinson, como tremor involuntário e rigidez muscular”, esclarece a geriatra Maira Tonidandel Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais.

As medicações mais recentes, conhecidas genericamente como segunda geração, provocam menos eventos adversos graves – isso porque interferem em outras substâncias da química cerebral, como a serotonina, o que traria uma proteção neuronal extra. Por essa razão, o ideal é dar preferência a essas opções mais novas durante as primeiras incursões terapêuticas.

Caso a tentativa inicial não dê conta do recado, aí, sim, o médico parte para as drogas antigas (primeira geração). Se nem mesmo essas funcionarem, o plano C é a clozapina, a medicação pioneira no campo da esquizofrenia. Como ela pode afetar os glóbulos brancos, o protocolo de uso exige fazer um exame de sangue todas as semanas para ver se está tudo ok.

Uma boa-nova na luta contra a esquizofrenia foi a chegada das injeções de longa ação. Elas utilizam os mesmos princípios ativos dos comprimidos, que foram por muito tempo a única alternativa disponível na farmácia. Uma simples picada fornece uma dose que dura duas semanas ou até um mês, dependendo do tipo e do fabricante.

No exterior, já existe uma versão aprovada desses produtos que atua por 90 dias. Além delas, uma opção, que está na última fase de testes antes da liberação, fica no organismo ao longo de um semestre inteiro. 

Por mais que a ideia de tomar agulhadas periódicas não seja lá muito agradável para alguns, a certeza de que o paciente recebeu o remédio e está devidamente medicado por um período mais prolongado é uma garantia contra a desistência do tratamento e futuras recaídas.

Inclusive, uma pesquisa assinada por especialistas do Instituto Karolinska, na Suécia, com apoio do laboratório Janssen, reuniu dados de 29 mil esquizofrênicos e concluiu que os fármacos injetáveis reduzem a mortalidade em 33% na comparação aos comprimidos tomados diariamente. “Seguir a terapia à risca ajuda a estabilizar o quadro e permite cuidar melhor de outros parâmetros de saúde, prevenindo a obesidade e as doenças cardiovasculares“, afirma Gattaz.

Quando pílulas ou injeções não foram capazes de equilibrar o cérebro, resta ainda a eletroconvulsoterapia, que envolve a aplicação de correntes elétricas em determinadas regiões da cabeça. O método mudou demais e não é mais aquele festival de choques do passado, que novelas e filmes teimam em repetir. Hoje em dia ela é segura, fica restrita a algumas áreas do crânio e produz muito menos traumas.

Outra ideia estudada em algumas universidades é o emprego da estimulação transcraniana, um aparelho emissor de ondas magnéticas que traria um efeito parecido. Mas ainda faltam evidências para comprovar que a proposta é realmente boa. Deve demorar mais alguns anos para que ela vire uma realidade.

A psicologia e os ajustes no estilo de vida

O contato com o psicólogo é outro pilar fundamental no controle e na recuperação da esquizofrenia. As sessões de terapia cognitivo-comportamental são indicadas para entender as emoções, ponderar os pensamentos e, principalmente, identificar os gatilhos que podem desencadear os surtos.

“O estresse e o uso de drogas como o álcool e a maconha são os dois dos principais disparadores dos novos episódios de paranoia”, aponta o psiquiatra Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do IPq-HC.

Nesse contexto, não dá pra se esquecer do raciocínio desses indivíduos. Eles apresentam perda de memória e baixa concentração, o que dificulta a realização de tarefas ou o aprendizado de novas informações.

A psicóloga inglesa Til Wykes, do King”s College de Londres, criou um programa de computador que mira justamente essas funções prejudicadas. Ela veio ao Brain 2018 para compartilhar os resultados inéditos de seu experimento. “Vimos melhoras não só nas habilidades cognitivas mas nos próprios sintomas”, relata. Além dos treinamentos mentais regulares, a atividade física também é indicada por estimular a liberação de neurotransmissores benéficos.

Porém, de nada vai adiantar esse monte de estratégias se a sociedade, da qual eu e você fazemos parte, não se despir de preconceitos e passar a acolher e respeitar quem tem esquizofrenia. Imagine que eles descobrem a doença numa fase de formação universitária e entrada no mercado de trabalho. Sem essa base, fica difícil para qualquer um arranjar emprego e viver com as próprias pernas.

Por outro lado, se o distúrbio está bem controlado, é possível ter uma vida praticamente normal. O suporte da comunidade é a cereja no bolo do tratamento. É assim que a mente, antes dividida, volta a ser uma coisa só.

Visão Geral Sobre O que é Esquizofrenia:

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico em que uma alteração cerebral dificulta o correto julgamento sobre a realidade, a produção de pensamentos simbólicos e abstratos e a elaboração de respostas emocionais complexas.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades. É uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.

A esquizofrenia é uma doença mental que acomete aproximadamente 1% da população mundial. Normalmente, o transtorno aparece entre o final da adolescência e começo da vida adulta.

O transtorno foi um termo cunhado pelo psiquiatra suíço E. Bleuler, no início do século XX e tem origem nas raízes gregas schizo (cindir, dividir) e phren (mente), no sentido de que as funções mentais se encontrariam divididas nesses pacientes.

Tipos

Existem alguns tipos de esquizofrenia:

Esquizofrenia paranoide: com predomínio de alucinações e delírios

Esquizofrenia desorganizada ou heberfrênica: com predominante pensamento e discurso desconexo

Esquizofrenia catatônica: em que o paciente apresente mais alterações posturais, com posições bizarras mantidas por longos períodos e resistência passiva e ativa a tentativas de mudar a posição do indivíduo
Esquizofrenia simples: em que a pessoa, sem ter delírios, alucinações ou outras alterações mais floridas, progressivamente ia perdendo sua afetividade, capacidade de interagir com pessoas, ocorrendo um progressivo prejuízo de seu desempenho social e ocupacional, por vezes levando os indivíduos afetados a uma vida de sem-teto e vagando pelas ruas.

Causas

Ainda não se conhecem todos os mecanismos cerebrais que promovem os sintomas relacionados à esquizofrenia, mas hoje sabe-se que se trata de uma doença química cerebral decorrente de alterações em vários sistemas bioquímicos (neurotransmissores) e vias neuronais cerebrais.

Esquizofrenia: entenda a doença que provoca delírios e alucinações

Vários genes em combinação são responsáveis por estas alterações cerebrais. O ambiente, ou seja, as relações vitais que a pessoa estabelece funcionam como fatores estressores que contribuem para que estes genes ligados se ativarem e a doença apareça. Não existem fatores psicológicos ou ambientais que causam a esquizofrenia, mas sim fatores de vida que são gatilhos para o início das alterações cerebrais da doença.

Várias substâncias químicas, denominadas de neurotransmissores, estão alteradas no cérebro do esquizofrênico, principalmente dopamina e glutamato. Estudos recentes mostram diferenças na estrutura do cérebro e do sistema nervoso central das pessoas com esquizofrenia em comparação aos de pessoas saudáveis.

Fatores de risco

Sabe-se que alguns fatores são gatilhos importantes para o início das alterações neuroquímicas cerebrais e para o posterior aparecimento dos sintomas da doença no comportamento do indivíduo:

História familiar de esquizofrenia: as chances são de 10% se tiver um irmão com esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não-idêntico com esquizofrenia, 50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois pais forem afetados por esquizofrenia.

Ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe, especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação.

Problemas no parto como falta de oxigênio (hipóxia neonatal)

Ter um pai com idade mais avançada

Uso de maconha

Tabagismo.

Sintomas de Esquizofrenia

Os sintomas de esquizofrenia no sexo masculino costumam aparecer entre os 15 e 20 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais comuns beirando os 30 anos de idade. Embora seja raro, também é possível o aparecimento da esquizofrenia em crianças e adultos com mais de 50 anos.

A esquizofrenia é a principal doença de um grupo de transtornos psiquiátricos denominados de transtornos psicóticos. Psicose é quando uma pessoa tem alterações na apreensão e no juízo sobre a realidade (delírios) e na sensopercepção (alucinações). Além da psicose, que geralmente ocorre no momento de crise da doença, é comum o paciente apresentar alterações comportamentais decorrentes das lesões cerebrais que este quadro agudo provocou como por exemplo distúrbios cognitivos (pensamento, atenção, tomada de decisão, raciocínio abstrato, linguagem, etc) e emocionais (apatia, falta de motivação, falta de prazer, depressão, etc).

Delírios

São alterações decorrentes da forma como o cérebro está captando a realidade e produzindo a crítica sobre a mesma. As alterações nestas áreas do cérebro produzem crenças convictas em fatos e percepções que não são compartilhadas pelas outras pessoas. Uma pessoa delirante tem certeza que está sendo prejudicada de alguma forma ou capta sinais em coisas que estão acontecendo à sua volta e chega a conclusões que não são racionais (por exemplo, achar que os sinais de trânsito estão vermelhos porque são um sinal de uma emboscada que está sendo armada para ele ou mesmo acreditar que mensagens subliminares estão sendo enviadas a ela através de apresentadores de TV a partir da forma como eles estão se comportando no programa).

A pessoa com esquizofrenia pode acreditar também que seu pensamento está sendo controlado por algo ou alguém que está distante ou que ela própria consiga controlar o pensamento das outras pessoas. Os delírios mais comuns são os de estarem sendo vigiados ou perseguidos por alguém, mas existem delírios de vários outros tipos como por exemplo: de estarem controlando os outros, de estarem sendo controlados, de terem criado fui inventado algo, de estarem sendo traídos, de serem culpados por alguma catástrofe ou de estarem sendo infestados por parasitas dentro do corpo.

Alucinações

São alterações na forma como o cérebro percebe os estímulos do meio e se caracterizam pela percepção de estímulos que não existem ou que não estão sendo percebidos pelas outras pessoas como por exemplo ver coisas que só ela vê ou ouvir coisas que apenas ela escuta. No entanto, para a pessoa com esquizofrenia, essas coisas têm toda a força e o impacto de uma experiência normal. As alucinações podem estar em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a alucinação mais comum de todas. A pessoa pode também falar sozinha interagindo com vozes que esteja ouvindo ou com imagens ou pessoas que esteja vendo.

Pensamento desorganizado

Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai desorganizada e com pouco ou nenhum nexo. A ideia de que pensamento desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a partir do discurso desorganizado de alguns pacientes. Para os médicos, os problemas na fala só podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de pensamento coerente. Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada por causa deste problema, e as respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente alheias e desconexas.

Habilidade motora desorganizada ou anormal

O comportamento de uma pessoa com esse tipo de disfunção não é focado em um objetivo, o que torna difícil para ela executar tarefas. 

Comportamento motor anormal pode incluir resistência a instruções, postura inadequada e bizarra ou uma série de movimentos inúteis e excessivos.

Sintomas em adolescentes

Os sintomas de esquizofrenia nos adolescentes são semelhantes aos dos adultos, mas a condição pode ser mais difícil de reconhecer. Isso pode ser em parte porque alguns dos primeiros sintomas da esquizofrenia nos adolescentes são comuns para o desenvolvimento típico durante a adolescência, como:

Pouca socialização com amigos e familiares

Queda no desempenho na escola

Problemas para dormir

Irritabilidade ou humor deprimido

Falta de motivação.

Em comparação com sintomas de esquizofrenia em adultos, os adolescentes podem ser:

Menos propensos a ter delírios

Mais propensos a ter alucinações visuais.

Outros sintomas

Além dos sinais citados, outros parecem estar relacionados com a esquizofrenia. Uma pessoa com a doença pode:

Não aparentar emoções ou apresentar apatia emocional (indiferença afetiva)

Não alterar as expressões faciais

Ter fala monótona e sem adição de quaisquer movimentos que normalmente dão ênfase emocional ao discurso

Diminuição da fala e prejuízo da linguagem

Negligência na higiene pessoal

Perda de interesse em atividades cotidianas

Isolamento social

Incapacidade de conseguir sentir prazer.

Buscando ajuda médica

A pessoa com esquizofrenia em virtude dos sintomas da própria doença não apresentará crítica acerca do seu quadro, já que a principal característica da psicose é a apreensão incorreta da realidade. Neste caso, um familiar que identifique o problema deve saber que muitas vezes será difícil convencer a pessoa sobre os sintomas já que a própria natureza do quadro leva a pessoa a estar convicta de que o que está dizendo é a verdade sobre a realidade. Por isso, muitas vezes algum parente ou amigo próximo deve ser responsável por levar a pessoa doente a um especialista ou para a internação se for o caso.

Diagnóstico e Exames

Na consulta médica

Especialistas que podem diagnosticar a esquizofrenia são:

Clínico geral

Psiquiatra

Psicólogo.

Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:

Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram

Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade

Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.

O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:

Quais são seus sintomas e quando você os notou pela primeira vez?

Alguém mais na sua família foi diagnosticado com esquizofrenia?

Os sintomas foram contínuos ou ocasionais?

Você já pensou em suicídio?

Você está comendo regularmente, indo ao trabalho ou à escola, tomando banho regularmente?

Você já foi diagnosticado com alguma outra condição médica?

Quais medicamentos você está tomando atualmente?

Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. 

Para gordura no fígado, algumas perguntas básicas incluem:

O que provavelmente está causando os sintomas?

Quais são outras possíveis causas para os sintomas?

Que tipos de testes são necessários?

Esta condição é provavelmente temporária ou vitalícia?

Qual o melhor tratamento?

Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.

Diagnóstico de Esquizofrenia

Não há exames médicos disponíveis capazes de diagnosticar a esquizofrenia. Para que o paciente seja diagnosticado com esquizofrenia, um psiquiatra deve examinar o paciente para confirmar se é um caso da doença ou não. O diagnóstico é feito com base em uma entrevista minuciosa com a pessoa e seus familiares e após descartar outras doenças que também podem cursar com os mesmos sintomas psicóticos da esquizofrenia, mas que decorrem de outras doenças que atingem o cérebro.

A esquizofrenia é diagnosticada quando a psicose ocorre por uma alteração no próprio cérebro e não por psicose decorrente de outras causas. Exames que avaliam a imagem do cérebro como tomografia ou ressonância magnética e exames de sangue podem ajudar a descartar outras doenças que podem também se apresentar com psicose como por exemplo:

1) Doença de Wilson: doença genética relacionada ao metabolismo do cobre (presença de sintomas psicóticos em 10-20% dos casos); 2) Consumo de álcool, maconha, cocaína, alucinógenos e outras; 3) Tumores cerebrais que atingem o lobo temporal (todo primeiro surto psicótico necessita de um exame como uma tomografia para afastar este tipo de causa de psicose); 4) Doença de Alzheimer (até 60% dos casos apresentam psicose); 5) Demência fronto-temporal; 6) Doença de Parkinson; 7) Doença de Huntington; 8) Esclerose múltipla; 9) Encefalite límbica (inflamação imunológica do cérebro); 10) Lúpus Eritematoso Sistêmico; 11) Síndrome do X-frágil; 12) Encefalite do HIV (inflamação do cérebro pelo vírus HIV); 13) Medicamentos como esteróides anabolizantes, corticóides e anfetaminas; 14) Epilepsia; 15) Acidente vascular cerebral (AVC) principalmente no lado direito do cérebro; 16) Traumatismo cranioencefálico (TCE).

Tratamento e Cuidados

Esquizofrenia requer tratamento durante toda a vida, mesmo após o desaparecimento de sintomas. O tratamento com medicamentos e terapia psicossocial podem ajudar a controlar a doença. Durante os períodos de crise ou tempos de agravamento dos sintomas, a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança, alimentação adequada, sono adequado e higiene básica do paciente.

O psiquiatra é o médico responsável pelo diagnóstico e pelo tratamento que é principalmente medicamentoso. A equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social e enfermeiro auxilia no manejo e nas abordagens psicossociais e psicoterápicas da doença.

O tratamento deve ser sempre medicamentoso (remédios antipsicóticos e outros medicamentos adjuvantes) e não medicamentoso (terapia comportamental e abordagens psicossociais de reintegração do indivíduo).

Medicamentos antipsicóticos

Medicamentos antipsicóticos são os medicamentos mais comumente prescritos para o tratamento da esquizofrenia. Eles são usados para controlar os sintomas, agindo diretamente sobre a desregulação dos neurotransmissores.

A escolha do medicamento ministrado ao paciente dependerá, também, da vontade do paciente em cooperar com o tratamento. Alguém que seja resistente a tomar a medicação, por exemplo, pode precisar de injeções, em vez de tomar um comprimido.

Psicoterapia

A terapia com um psicólogo pode ajudar o paciente a entender os fatores do dia a dia que desencadeiam a esquizofrenia, reduzir seus sintomas e trabalhar os eventos que o levaram a desenvolver este problema.

Hospitalização

Durante períodos de crise ou períodos de sintomas graves, a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança, alimentação adequada, sono adequado e higiene básica.

Terapia eletroconvulsiva

Para adultos com esquizofrenia que não respondem à terapia medicamentosa, a terapia eletroconvulsiva (ECT) pode ser considerada. 

A ECT pode ser útil para alguém que também tenha depressão. Saiba mais sobre a técnica e por que ela não é do mal.

Como posso ajudar alguém que conheço com esquizofrenia?

Cuidar e apoiar um familiar com esquizofrenia pode ser difícil, especialmente por ter que responder a alguém que faz declarações estranhas ou claramente falsas. É importante entender que a esquizofrenia é uma doença biológica.

Aqui estão algumas coisas que você pode fazer para ajudar seu ente querido:

Incentive-os a permanecer em tratamento

Lembre-se de que suas crenças ou alucinações parecem muito reais para eles

Diga-lhes que você reconhece que todos têm o direito de ver as coisas de sua maneira

Seja respeitoso, solidário e gentil sem tolerar comportamento perigoso ou inadequado

Verifique se há algum grupo de suporte na sua área.

Medicamentos para Esquizofrenia

Os medicamentos mais usados para o tratamento de alguns sintomas da esquizofrenia são:

Anafranil
Aripiprazol
Bromazepam
Clomipramina
Clozapina
Equilid 50mg
Haldol
Haloperidol
Lexotan
Olanzapina
Risperidona

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. 

Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Convivendo (prognóstico) - Esquizofrenia tem cura?

Os resultados para uma pessoa com esquizofrenia são muito difíceis de prever. Na maior parte do tempo, os sintomas melhoram com medicamento. Entretanto, outras pessoas podem apresentar dificuldade funcional e correm o risco de apresentar episódios repetidos, principalmente durante os estágios iniciais da doença.

As pessoas com esquizofrenia podem precisar de moradia assistida, treinamento profissional e outros programas de apoio social. Pessoas com as formas mais graves da doença podem ser incapazes de viver sozinhas. Podem ser necessárias casas coletivas ou outras moradias de longo prazo com a estrutura adequada.

Os sintomas retornarão se a pessoa com esquizofrenia não tomar sua medicação.

Complicações possíveis

Se não for tratada, a esquizofrenia pode resultar em problemas emocionais, comportamentais e de saúde graves, assim como problemas jurídicos e financeiros que afetam quase que totalmente a vida da pessoa. Complicações que a esquizofrenia pode causar incluem:

Suicídio

Qualquer tipo de autolesão

Ansiedade e fobias

Depressão

Consumo excessivo de álcool e abuso de drogas ou medicamentos de prescrição

Perda de dinheiro

Conflitos familiares

Improdutividade no trabalho e nos estudos

Isolamento social

Outros problemas de saúde, incluindo aqueles associados com medicamentos antipsicóticos e tabagismo

Ser vítima de comportamento agressivo

Agressividade. - Convivendo/ Prognóstico

A terapia de apoio pode ser útil para muitas pessoas com esquizofrenia. 

Técnicas comportamentais, como o treinamento de habilidades sociais, podem ser usadas para melhorar as atividades sociais e profissionais. 

Aulas de treinamento profissional e construção de relacionamentos são importantes.
Os familiares de uma pessoa com esquizofrenia devem ser informados sobre a doença e receber apoio. Os programas que destacam os serviços de apoio social para pessoas necessitadas podem ajudar aqueles que não recebem apoio da família ou de conhecidos.

Os familiares e cuidadores são frequentemente incentivados a ajudar as pessoas com esquizofrenia a continuar seguindo o tratamento.

É importante que a pessoa com esquizofrenia aprenda a:

Tomar os medicamentos corretamente e lidar com os efeitos colaterais

Reconhecer os sinais iniciais de uma recaída e saber como reagir se os sintomas retornarem.

Lidar com os sintomas que se manifestam mesmo com o uso de medicamentos. Um terapeuta pode ajudar a:

Administrar dinheiro

Usar o transporte público.

Prevenção

Não existe uma forma conhecida de prevenir a esquizofrenia.

Após o diagnóstico, os sintomas podem ser prevenidos por meio do uso correto da medicação. O paciente deve tomar os medicamentos prescritos exatamente como o médico recomendou. Os sintomas retornarão caso a medicação seja interrompido.

É importante que o paciente sempre converse com o médico, principalmente se estiver pensando em mudar ou interromper o uso dos medicamentos. Fazer visitas regulares ao médico e ao terapeuta são medidas essenciais para se prevenir a recorrência dos sintomas.

Aprofundando mais o conhecimento, sabe-se que a esquizofrenia é uma doença mental grave e incapacitante que afeta cerca de 1% da população.

Essa frase se tornou um início padrão para os artigos científicos sobre esquizofrenia e traduz a imagem negativa que predomina entre profissionais da saúde e na população em geral sobre a doença. No entanto, dados recentes têm demonstrado uma realidade diferente, em que parcelas crescentes de pessoas com esquizofrenia conseguem atingir melhoras significativas em termos de funcionamento e conquistas pessoais. Esse choque entre as expectativas dos profissionais da saúde mental e o real potencial de recuperação da doença, assim como a evidência de que as abordagens terapêuticas em uso são limitadas na promoção de uma vida plena para as pessoas com o transtorno, tem direcionado a busca de novos paradigmas tanto na pesquisa como na prática clínica.

No campo da prática clínica, novas metas de tratamento foram estabelecidas, incorporando outras dimensões de sintomas/prejuízos (p. ex., negativos ou cognitivos) como parâmetros de resposta ao tratamento e definindo conceitos de melhora que integrassem melhor a avaliação clínica à perspectiva funcional e de enfrentamento da doença. 

Nesse sentido, tem sido proposto um conceito paralelo à recuperação clínica, no qual ganha centralidade o desenvolvimento pessoal e a esperança, tendo origem nas publicações de diversas narrativas em primeira pessoa por portadores de transtornos mentais graves, mostrando a possibilidade de desenvolver um papel além da doença mental.

Este conceito, chamado de superação (tradução proposta para o termo em inglês recovery), tem sido definido como um modo de viver uma vida satisfatória e esperançosa, com uma contribuição efetiva para a sociedade, mesmo convivendo com limitações causadas pela doença.

Uma atenção crescente vem sendo dada a esse conceito, o qual tem orientado a prática em saúde mental nas últimas décadas e recebido destaque nas políticas de saúde mental, principalmente em países de língua inglesa.

Um extensa revisão e síntese narrativa da literatura internacional sobre recovery revelou que esse fenômeno ocorre por meio do estabelecimento de cinco processos principais, reunidos no acrônimo em inglês CHIME: conexão com os outros (connectedness); esperança (hope); identidade positiva (identity); significado na vida (meaning in life); e empoderamento (empowerment). Nesse contexto, o clínico também ganha um novo papel, o de facilitador.

Dos processos que movem a pessoa para além da doença, deixando de focar apenas na redução dos sintomas e dos prejuízos funcionais. Para o desempenho desse papel, quatro tarefas principais têm sido propostas como facilitadoras do recovery pelos clínicos: o fomento da relação com o paciente, o oferecimento de tratamentos que potencializem os processos de recovery, a promoção da inclusão social e do bem-estar.

 Desse modo, várias ferramentas que tenham como foco promover o bem-estar podem ser utilizadas na promoção do recovery, que traduz mais um processo do que uma metodologia específica.

Entre as possíveis ferramentas, têm sido destacados a terapia cognitivo-comportamental, a psicologia narrativa, a psicoterapia positiva e o mindfulness.

Entretanto, um dos principais obstáculos para a implantação do recovery na prática clínica é o estigma associado à doença. Levantamento recente demonstrou que os psiquiatras no Brasil tinham uma visão mais pessimista e estigmatizada da esquizofrenia quando comparados à população em geral.

 Como a perspectiva do tratamento por parte do profissional tem impacto no desfecho clínico, esse dado é preocupante.

Essa visão negativa é derivada da evolução histórica do conceito clínico e do fenômeno da ilusão do clínico. Kraepelin, ao dar contornos mais próximos dos atuais às psicoses endógenas, propôs que uma das principais diferenças entre a dementia praecox e a insanidade maníaco-depressiva seria a evolução desfavorável inexorável da primeira.

Apesar de críticas de outros autores, como Eugen Bleuler, esse conceito passou a fazer parte da visão do clínico sobre esquizofrenia. No DSM-III, por exemplo, havia uma observação de que se esperava uma evolução pior para a maior parte dos pacientes.

Assim, o psiquiatra considera o paciente prototípico com esquizofrenia como um paciente grave e com poucas perspectivas de recuperação, pois a tendência será a de evolução com deterioração adicional.

Essa visão direciona o olhar do clínico, que busca essas características nos pacientes. 

E as encontra, pois o treinamento psiquiátrico é feito em unidades de internação e instituições para casos graves que precisem de suporte intensivo. De modo geral, os pacientes em tratamento são os mais graves. Isso facilita a ocorrência do fenômeno chamado de ilusão do clínico, que formula sua visão da doença como um todo a partir de sua experiência com esses pacientes de maior gravidade.

Dados epidemiológicos e de neurociência recentes também têm sugerido interpretação diferente das perspectivas de superação em esquizofrenia. A revisão das estimativas de emprego tem demonstrado que uma parcela significativamente maior dos pacientes com esquizofrenia tem conseguido trabalho ou voltar a estudar. Estudos de imagem têm demonstrado que nem todos os pacientes apresentam perdas volumétricas e que a perda está associada ao número de crises e ao tempo total de psicose. Assim, aumenta-se a relevância do tratamento como um modificador da trajetória de doença. Explica-se também a visão kraepeliniana, uma vez que, na falta de tratamento efetivo, a tendência para a maioria dos pacientes seria a deterioração.

Chega-se então a um paradoxo. O tratamento modifica a evolução da doença, mas, para ser efetivo, depende, em grande parte, de um profissional que foi treinado a ter baixas expectativas em relação a pessoas com esquizofrenia. Como mudar esse cenário?

Estratégias de combate ao estigma enfatizam que conhecer pessoas com esquizofrenia é mais eficaz que basear-se somente em informações sobre o transtorno. Lançamos, então, um pedido a vários colegas: será que eles teriam histórias de boa evolução de pacientes com esquizofrenia? Fomos prontamente surpreendidos com os inúmeros relatos reunidos em alguns livros. Esperamos que isto ajude a formar uma nova visão da esquizofrenia, que reconhece a possibilidade de superação e sua busca ativa. Também esperamos, ao trazer diferentes experiências, identificar estratégias e práticas associadas a uma melhor evolução no tratamento do transtorno. É importante ressaltar que o foco na superação não se propõe a negar a dificuldade que representa ter o diagnóstico de esquizofrenia, mas a reforçar a importância de enfrentá-lo com uma atitude de esperança realista. Essa parece ser a atitude mais adequada para o desafio que nos é colocado como clínicos, bem como às pessoas com esquizofrenia e suas famílias.

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