- Quando tudo no mundo é mocidade, verde a árvore, moça a natureza; e cada ganso te parece um cisne, e cada rapariga uma princesa; venham minhas esporas, meu cavalo! Vou correr mundo em busca de alegria! O sangue moço quer correr, ardente, E cada criatura quer seu dia... Nas frias tardes da velhice, quando É parda toda a árvore que vive; Em que todo desporto é já cansaço, E toda a roda corre no declive; oh! Volta à casa, busca o teu caminho, vai, mesmo assim, cansado e sem beleza: lá acharás o rosto que adoravas quando era jovem toda a natureza! Charles Kingsley
- Há pessoas que sentem muita pena de não terem conhecimento dos segredos do futuro. Eu não. Este mundo atual já é tão rico de promessas, mas também de ameaças, que chego a dar graças por estes noventa anos já cumpridos. Pela falta de tempo a decorrer depois destes noventa anos, as surpresas serão poucas, quer as boas, quer as más. Rachel de Queiroz
- Rachel de Queiroz - Biografia
Quinta ocupante da Cadeira 5, eleita em 4 de agosto de 1977, na
sucessão de Cândido Motta Filho e recebida pelo Acadêmico Adonias Filho
em 4 de novembro de 1977.
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembro de
1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha
de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descende, pelo
lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autor ilustre
de O Guarani, e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes
profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe.
Em 1917, veio para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais que
procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de 1915,
que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O quinze, seu
livro de estreia. No Rio, a família Queiroz pouco se demorou, viajando
logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos.
Em 1919, regressou a Fortaleza e, em 1921, matriculou-se no Colégio
da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925,
aos 15 anos de idade.
Estreou em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queiroz, publicando
trabalho no jornal O Ceará, de que se tornou afinal redatora efetiva. Em
fins de 1930, publicou o romance O quinze, que teve inesperada e funda
repercussão no Rio de em São Paulo. Com vinte anos apenas, projetava-se
na vida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundo
social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta
secular de um povo contra a miséria e a seca.
O livro, editado às expensas da autora, apareceu em modesta edição de
mil exemplares, impresso no Estabelecimento Gráfico Urânia, de
Fortaleza. Recebeu crítica de Augusto Frederico Schmidt, Graça Aranha,
Agripino Grieco e Gastão Gruls. A consagração veio com o Prêmio da
Fundação Graça Aranha.
Em 1932, publicou um novo romance, intitulado João Miguel, e em 1937,
retornou com Caminho de pedras. Dois anos depois, conquistou o prêmio
da Sociedade Felipe de Oliveira, com o romance As três Marias. Em 1950,
publicou em folhetins, na revista O Cruzeiro, o romance O galo de
ouro.
Cronista emérita, publicou mais de duas mil crônicas, cuja seleta
propiciou a edição dos seguintes livros: A donzela e a moura torta; 100
Crônicas escolhidas; O brasileiro perplexo e O caçador de tatu. No Rio,
onde reside desde 1939, colaborou no Diário de Notícias, em O Cruzeiro e
em O Jornal. Tem duas peças de teatro, Lampião, escrita em 1953, e A
Beata Maria do Egito, de 1958, laureada com o prêmio de teatro do
Instituto Nacional do Livro, além de O padrezinho santo, peça que
escreveu para a televisão, ainda inédita em livro. No campo da
literatura infantil, escreveu o livro O menino mágico, a pedido de Lúcia
Benedetti. O livro surgiu, entretanto, das histórias que inventava para
os netos. Dentre as suas atividades, destaca-se também a de tradutora,
com cerca de quarenta volumes já vertidos para o português.
Foi membro do Conselho Federal de Cultura, desde a sua fundação, em
1967, até sua extinção, em 1989. Participou da 21ª Sessão da Assembléia
Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando
especialmente na Comissão dos Direitos do Homem. Em 1988, iniciou sua
colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo e no Diário de
Pernambuco.
Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de
obra em 1980; o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade
Federal do Ceará, em 1981; a Medalha Mascarenhas de Morais, em
solenidade realizada no Clube Militar (1983); a Medalha Rio Branco, do
Itamarati (1985); a Medalha do Mérito Militar no grau de Grande
Comendador (1986); a Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais
(1989); O Prêmio Luís de Camões (1993); o Prêmio Moinho Santista, na
categoria de romance (1996); o Diploma de Honra ao Mérito do Rotary
Clube do Rio de Janeiro (1996); o título de Doutor Honoris Causa, pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2000). Em 2000, foi eleita para
o elenco dos “20 Brasileiros empreendedores do Século XX”, em pesquisa
realizada pela PPE (Personalidades Patrióticas Empreendedoras).
- As Melhores Crônicas de Rachel de Queiroz - Resumo e análise da obra de Rachel de Queiroz
- Rachel de Queiroz - Memorial de Maria Moura